Quando a televisão surgiu no Brasil, em 1950, muitos artistas da dança começaram a aparecer em programas que tinham bailarinos em cena. O programa “TV na Taba”, da TV Tupi, foi o primeiro da história da televisão brasileira e já no show de abertura contou com a participação do balé de Lia Aguiar.
O fim do Ballet IV Centenário, companhia pública criada em 1953 para as festividades dos 400 anos da cidade de São Paulo, numa época de intensa renovação do ballet, foi emblemático nesse processo: muitos dos jovens desempregados, como Ismael Guiser, Marika Gidali e Ruth Rachou, foram absorvidos pelas emissoras de TV, numa saída provisória.
Aos poucos, as coreografias cuidadosamente elaboradas em salas de ensaio foram sendo trocadas pela dança que faz fundo para cantores e outros temas, mas algumas propostas diferenciadas de dança para a televisão também despontaram. Em 1962, o programa “Móbile”, da TV Paulistana, inovou no formato: sem início, meio e fim, misturando fragmentos de várias linguagens artísticas, não deixou de incluir a dança de Marika Gidali. Em 1971, a TV Cultura apresentou o programa “Convite à Dança”, que combinava explicações didáticas com apresentações de coreografias inéditas segundo os temas propostos (ballet clássico, neoclássico, moderno e dança-teatro). Pelo programa passaram nomes como Addy Ador, Marilena Ansaldi, Ismael Guiser, Jerry Maretsky, Clarisse Abujamra, Ruth Rachou (criação coreográfica) e Geralda Araújo, Marina Helou, Milton Carneiro, Ivaldo Bertazzo, Donato Chiarella, Marika Gidali e Décio Otero (elenco).
Fonte:
Texto “As companhias estáveis”, de Linneu Dias (in: NAVAS, Cássia; DIAS, Linneu. Dança Moderna. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, 1992)
Dissertação de mestrado “Comunicação, Cultura, o Balé Moderno e a Ditadura nos anos 70”. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27154/tde-13072009-182937/publico/Dunder.pdf
Programa “Móbile” (versão 2008): http://tvcultura.cmais.com.br/mobile/videos/mobile-5-22-09-2008