Foto: Marcello Ferreira
Por Júlia Paschoalino Robert
O coletivo SalaMUDA integrou a programação para crianças da 14ª Bienal SESC de Dança. A apresentação da Jam Infantil aconteceu ao ar livre, no Jardim do Galpão, e colocou em cena uma abordagem lúdica e interativa.
Acompanhados de música ao vivo, os intérpretes, identificados por camisetas coloridas, começaram a tarde perguntando para o público quem já havia brincado com arte – e feito muita bagunça. A pergunta conduzia a uma frase, que serviu como guia para toda a apresentação: “quando a gente brinca com arte, a gente fica mais…”.
Em um primeiro momento, para completar a frase, os intérpretes sugeriram para as crianças uma série de movimentos. A sequência de gestos chegava na resposta de que “quando a gente brinca com arte, a gente fica mais forte, inteligente, ágil e com muito mais criatividade”.
Concentradas, as crianças repetiam os movimentos dançados e escutavam com atenção os pensamentos propostos pelos intérpretes. Pouco a pouco, cada uma começou a incorporar aos gestos sua personalidade, suas ideias e expressões e, então, todas pareciam se sentir à vontade para poder criar também.
As crianças passaram a se guiar pelos próprios movimentos. O jogo de improviso mútuo entre ossons e as danças encontrou caminhos diversos e inesperados, em um espaço pensado para envolver o público e encorajar a criatividade.
Em algumas vezes, a dança buscava imitar os instrumentos. O som que vinha da guitarra se transformava em braços estendidos e dedinhos se mexendo. Em outras, as crianças eram surpreendidas pelos músicos, que transformavam em som o que elas mesmas estavam criando. Aquelas que batiam os pés no chão de levinho soavam como os pratos na bateria. Já as que davam tudo de si para pular bem alto – até tiravam o chinelo, aterrissavam de volta ao som do bumbo.
Ao longo da cena, a arte se transformou em um material para brincadeira. As crianças improvisaram danças malucas, fizeram caretas, jogaram a música de um pro outro e interagiram com os ritmos, as notas e os instrumentos. Ao final, foram levadas de volta para a proposição do início do espetáculo, percebendo que nesse tempo em que brincaram com a arte realmente ficaram mais “fortes, inteligentes, ágeis e com muito mais criatividade”.
Esta resenha foi feita dentro da disciplina “Tópicos Especiais em Arte e Contexto: Produção Crítica em Dança”, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Claudia Alves Guimarães e da Profa. Dra. Cássia Navas, no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena da Unicamp. A disciplina teve como foco a 14ª Bienal Sesc de Dança, contando com a parceria do Sesc Campinas.

Júlia Paschoalino Robert
É formada em Jornalismo pela Unesp/Bauru (2021) e certificada em Gestão em Produção Cultural pela São Paulo Escola de Dança (2024). É mestranda no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena, do Instituto de Artes – Unicamp. Integrante do Grupo de Pesquisa Historiografia da Dança no Brasil: Conexões e Reverberações, conduzido pela Profa. Dra. Maria Claudia Alves Guimarães. Em 2024, participou do Focas – 2º Curso Estadão de Jornalismo de Saúde. Tem publicações para o Estadão, Terra e Mídia Ninja.
PPG Artes da Cena/UNICAMP