Do Hip-Hop ao Ballet: A Jornada Inspiradora de João Lima

Em uma conversa emocionante, o bailarino João Lima compartilha sua trajetória, desafios e sonhos, revelando como a arte transformou sua vida.

João Lima é um exemplo de dedicação, superação e paixão pela arte da dança. Sua trajetória, que começou com o hip-hop, passou pela descoberta do ballet e levou-o aos maiores palcos do mundo, é uma verdadeira inspiração para todos aqueles que buscam seguir seus sonhos com disciplina e coragem. Desde os primeiros passos, quando ainda criança dançava por influência de sua mãe, até a conquista de seu espaço em renomadas escolas internacionais, como o Bolshoi e a Joffrey Ballet School, João mostra que o caminho para o sucesso no ballet exige muito mais do que talento: é preciso foco, persistência e, acima de tudo, amor pela arte. Em uma conversa emocionante, ele compartilha conosco os desafios, as vitórias e seus sonhos para o futuro, nos lembrando que, para quem tem paixão e determinação, não há limites.

PM – João, sua história é muito inspiradora. Começar com o hip-hop e depois descobrir a paixão pelo ballet é uma trajetória única. Como foi essa primeira experiência com o hip-hop?

JL – Minha primeira experiência com o hip-hop foi inesquecível. Desde criança, sempre gostei de dançar, mas também me envolvia com tudo o que a arte representa. Minha mãe, que sempre foi fã de danças urbanas, me matriculou nas aulas de hip-hop. Era uma instituição bem em frente à nossa casa, e o professor viu que eu aprendia as coreografias com facilidade. Ele incentivou minha mãe a continuar investindo no meu talento. Mas, para ser sincero, o hip-hop nunca foi minha verdadeira paixão. Eu estava fazendo mais por minha mãe do que por mim. Foi só quando conheci o ballet que a paixão de verdade surgiu.

PM – E o que aconteceu para que o ballet se tornasse sua verdadeira paixão?

JL – Foi uma conversa com os meus amigos, na aula de hip-hop, que me motivou a tentar o espacate. Eles duvidaram que eu conseguiria, e, no impulso, eu tentei. Para a surpresa de todos, eu consegui! Coincidentemente, o professor de música passou por ali e viu o que tinha acontecido. Ele contou à professora de ballet, a Elina Maria, que, mesmo com todo o rigor, tinha uma dedicação apaixonada pela arte. Ela me chamou para uma aula experimental, e foi aí que minha vida mudou. No começo, eu não tinha foco, mas Elina me ensinou que a dança era muito mais do que movimento. Era sobre persistência e dedicação. Naquela aula, eu decidi que o ballet seria meu propósito.

PM – Elina teve um grande impacto em sua decisão de seguir no ballet. O que ela representou para você?

JL – Elina foi fundamental. Ela me mostrou que o ballet não é só sobre técnica, mas sobre a disciplina que molda a pessoa. Lembro que, em uma conversa séria, ela me contou a história de um antigo aluno que perdeu oportunidades por falta de foco. Isso me fez refletir profundamente. Eu escolhi o ballet como meu propósito de vida, e a partir dali, tudo se transformou.

PM – E depois, você deu um grande passo ao ir para o Bolshoi. Como foi essa experiência?

JL – O Bolshoi foi uma experiência transformadora. A disciplina russa e o método Vaganova me ajudaram a moldar minha técnica e foco. Estudar no Bolshoi me deu uma nova perspectiva sobre o ballet. Estar longe da minha família foi difícil, mas também me fez crescer como bailarino e como pessoa. Eu sabia que estava ali por um motivo: a dança. Foi um momento que me marcou profundamente.

PM – Depois do Bolshoi, você teve a oportunidade de estudar na Joffrey Ballet School, em Nova York. Como foi essa transição?

JL – A transição para a Joffrey foi tranquila. A metodologia lá é muito parecida com a do Bolshoi, então, apesar de estar em outro país, me senti bem acolhido. A Joffrey tem uma história e um legado enormes, e é um lugar onde a arte é realmente celebrada. Para mim, ser reconhecido como artista, nesse contexto, foi algo extraordinário. Lá, eu aprendi ainda mais sobre o ballet e a dedicação que a arte exige.

PM – Sabemos que sua rotina na Joffrey é muito intensa. Como você lida com isso?

JL – A rotina é puxada, sem dúvida. As aulas são das 9h às 16h, e os ensaios muitas vezes se estendem até às 21h. Mas cada esforço vale a pena. A cada treino, a cada aula, sinto que estou me aproximando mais do meu objetivo. A disciplina que aprendi no Bolshoi e a energia da Joffrey me fazem continuar. É um caminho de esforço constante, mas também de muito amor pela dança.

PM – Qual é o seu maior sonho agora?

JL – Meu maior sonho é abrir minha própria escola de ballet. Quero ensinar futuras gerações a amarem o ballet tanto quanto eu amo. Sei que o caminho é longo, mas a cada dia estou mais determinado a seguir esse sonho. Enquanto isso, continuarei dançando até o momento em que meu corpo não me permitir mais.

PM – Você tem algum conselho para os jovens bailarinos que estão começando agora?

JL – Sim, o conselho que eu sempre dou é: nunca desistam. O caminho do ballet é árduo, cheio de desafios, mas a dedicação de hoje será o alicerce das conquistas de amanhã. Quando a dor, o cansaço ou a dúvida surgirem, lembrem-se de porque vocês começaram. O ballet é uma paixão que exige persistência, mas também é uma arte que recompensa muito quem se dedica de coração.

Carol Contri

Carol Contri

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Fundadora e Diretora Artística do Espaço Co.Art e da Cia Co.Art de Dança Contemporânea, formada em ballet clássico pelas metodologias Vaganova e Cubana e em Dança Contemporânea. Cursou Metodologia Vaganova pela Escola do Teatro Bolshoi Brasil e docência em dança contemporânea pela EDASP – Escola do Theatro Municipal de São Paulo. Jornalista, licenciada em Letras, Especialista em Psicopedagogia pela Universidade Anhembi Morumbi e Especialista Letras – Processos de Ensino e Aprendizagem pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.  Professora de ballet clássico e dança contemporânea.