MURAL DA DANÇA

A importância do registro para o profissional de dança

Imagem: Photo by Oleg Magni from Pexels | Quinta, 06 de Setembro de 2018 | por Natália Gresenberg |

Tudo bem, eu trabalho com memória então a importância do registro para mim, gestora cultural, é óbvia. Mas e para você, bailarino, coreógrafo, diretor de uma escola de dança, de uma cia, professor...porque registrar as atividades realizadas em sua profissão é importante?

Porque é importante registrar ensaios, espetáculos, aulas, cursos, workshops?

O registro tem o viés não só de documentar e proteger uma memória, mas também é de suma importância para o processo criativo e da construção de uma linguagem artística. Esse arquivo que se adquire com o registro rotineiro das atividades do artista é útil inclusive para captar verba para o desenvolvimento de um projeto. E ainda, manter um arquivo organizado é superimportante para montar e atualizar o seu portfólio profissional. Então, mãos à obra?

E o que pode ser considerado registro? Registros em vídeo são os mais fidedignos para quem trabalha com dança, mas também fotos, anotações em diários, áudio e também arquivar materiais de divulgação de eventos realizados. Hoje em dia com os smartphones ficou muito mais fácil fazer vídeos e até mesmo editá-los, então não há desculpa para não colocar em prática!

Vou trabalhar com um exemplo hipotético para facilitar a visualização. Suponha que eu seja uma professora de dança em uma academia e que preciso criar uma coreografia para o festival de encerramento do ano.

Você demorou meses criando uma coreografia para um espetáculo. Durante a criação você provavelmente se gravou, seja para não esquecer o que criou e também para avaliar o que poderia ser melhorado. Os vídeos e anotações desse processo de criação são muito importantes e não devem ser descartados! Monte uma pasta digital (Espetáculo 2018) e arquive esses vídeos todos, em ordem cronológica. As anotações também!

Figurino. Você pesquisou muitas referências, desenhou croquis, fez protótipos, buscou uma costureira que pudesse transformar o que você idealizou em realidade. É importante não perder nada disso! Digitalize e arquive todas as referências, os desenhos, o tipo dos tecidos que utilizou e o contato da costureira. Arquive naquela mesma pasta junto com os vídeos do processo de criação da coreografia, sempre nomeando os arquivos para não se perder.

Trilha sonora. São muitos experimentos, muitas músicas, muitas mixagens, muitas edições...até finalmente a música encaixar perfeitamente na coreografia (ou o inverso!). Arquive todas as músicas e as versões diferentes que você testou, principalmente a versão final.

Os preparativos estão a todo vapor! Já começou a divulgação nas redes sociais e tem até o programa do festival pronto (seu nome está lá)! Digitalize tudo e arquive. Esse material é essencial para o seu currículo!

Chegou o grande dia! Ensaio no teatro com luz, figurino, música e bailarinos. Registre esse momento! Pode ser o único registro que terá da sua coreografia com todos os elementos. Se for possível, grave o espetáculo na íntegra, com a interação da plateia!

Bom, agora você tem a pasta “Espetáculo 2018” completa, com todo o processo criativo e a obra final. Mas para que vai usar tudo isso? Você pode nem saber, mas fazendo tudo isso você elaborou um projeto inteirinho. O projeto da sua coreografia e espetáculo! E esse projeto faz parte da sua história e do seu currículo e você poderá reanalisá-lo para aperfeiçoar, se inspirar, relembrar...

É reanalisando nosso passado e o que já construímos que vamos nos entendendo e desenhando a nossa linguagem artística, a nossa individualidade e deixando a nossa assinatura única! Dá trabalho manter um registro da sua carreira profissional? Dá! Mas eu prometo que vai valer a pena!

A dança é efêmera, mas os seus registros perpetuam!


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Natália Gresenberg

Gestora cultural e advogada



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