Ballet Stagium apresenta Figuras e Vozes no RJ

Crédito das Fotos: Ballet Stagium - Figuras e Vozes. Foto: Arnaldo J. G. Torres

Ballet Stagium apresenta de 5 a 14 de outubro, no teatro Caixa Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro, o espetáculo Figuras e Vozes (2015). Dirigido por Marika Gidali e Décio Otero, a montagem se lança no desafio de investigar o estado de espírito livre dos artistas dadaístas, como ele emergiu e suas implicações em nossa contemporaneidade.

Figuras e Vozes se propõe a conduzir uma nova perspectiva do olhar, com o intuito de recriar valores e rever o universo simbólico, instigando assim a busca das muitas respostas para perguntas recorrentes. Na montagem, o aleatório e o acaso surgem como contraponto ao mundo institucionalizado e movido pela rapidez das informações, colocando em questão a finalidade das nossas ações.

Durante a primeira grande guerra, o Dadaísmo surge com a clara intenção de destruir todos os sistemas e códigos estabelecidos no mundo. Como ideologia, o Dadaísmo agregava forte conteúdo anárquico opondo-se a qualquer tipo de equilíbrio e racionalidade.

Para Décio Otero, idealizador da companhia, “o fato de criar uma companhia independente em 1971 foi um ato de heroísmo no Brasil. Hoje, nesse trabalho, tratando da filosofia do Dadaísmo, nos transportamos para início do grupo, quando do nada criamos uma companhia atuante, consistente e referencial. E assim continuamos, mais de quarenta anos depois, transformando o nada em algo que sempre acaba nos surpreendendo”.

Márika Gidali, também fundadora do Stagium, complementa: “É divertido ter liberdade total de criação e ao mesmo tempo nos darmos o direito de brincar com esta utopia. O respaldo veio, logicamente, da bagagem consistente desses anos todos, que foi um aprendizado diário”.

SOBRE O BALLET STAGIUM

Em atuação desde a sua criação em 1971, durante a ditadura militar no Brasil (leia mais sobre as produções de dança nesse período aqui), o Ballet Stagium figura no hall das mais bem conceituadas companhias de balé brasileiras, reconhecida nacionalmente por seu projeto de engajamento político. Traz à tona temas como racismo, violência, opressões e genocídios, a companhia cria coreografias adaptáveis a qualquer cenário e dialoga diretamente com o público ao se apresentar em pátios de escolas públicas das periferias dos grandes centros, comunidades, igrejas, praias, hospitais, estações de metrô, presídios, palcos flutuantes, desfiles de escolas de samba e em chão de terra batido de comunidades indígenas.

O Stagium começou sem grandes pretensões, com muita, persistência, dedicação e pé no chão, características europeias de sua fundadora, que vivenciou os percalços da Segunda Guerra Mundial. Para viabilizar o trabalho da cia, optaram por fazer espetáculos pelo interior do Brasil, o que enraizou a característica itinerante da cia. de não se prender ao eixo Rio-São Paulo. Vivenciaram a realidade em que viviam os brasileiros e entenderam que a dança seria o meio pelo qual o Ballet Stagium cooperaria com a sociedade da qual faziam parte. As expressões dos habitantes das cidades pelas quais passava foram incorporadas às coreografias, que abordavam problemas brasileiros através de uma linguagem universal: a dança.

Mantém até hoje diversos projetos utilizando a dança como forma de integração social, destacando-se: Dança da Serviço da Educação, Projeto Escola Aberta, Projeto Professor Criativo, Projeto Capoeira, Projeto Joaninha, Projeto Dança de Rua e Projeto Capoeira (estes dois últimos nas unidades da antiga FEBEM), e já levou mais de 80 mil crianças e adolescentes da periferia da cidade de São Paulo, para assistirem espetáculos de dança.

A Companhia e a Academia funcionam, desde 1974, num grande estúdio na Rua Augusta, na cidade de São Paulo, onde desenvolvem não apenas a prática e o ensino da dança, mas um verdadeiro programa de pesquisa em várias linguagens da dança, ideias e produções inovadoras.

Após passar por grave crise financeira, que acometeu boa parte das cias brasileiras nos últimos anos, o Stagium quase fechou e manteve suas atividades graças ao apoio de parceiros institucionais como o SESC, Sesi, Sabesp, o edital do Fomento à Dança para a cidade de São Paulo, que os contemplou pela primeira vez, além de um crowdfunding. Este ano a companhia circula com o apoio do Caixa Cultural.

OS DIRETORES: MÁRIKA GIDALI E DÉCIO OTERO

Até hoje a companhia é coordenada por Marika Gidali e Décio Otero. Parceiros na vida e na profissão, Márika e Décio continuam à frente da direção da Cia. produzindo obras de qualidade técnica e impacto social. Em declaração à revista Veja, em 1974, transcrita por Linneu Dias, Márika disse que “Decidimos que, se juntássemos nossas cabeças e nossa tremenda capacidade de trabalho, chegaríamos a algo novo”. De fato, esta união foi crucial para a história da dança brasileira.

Márika Gidali é bailarina, coreógrafa, professora, diretora artística e fundadora do Ballet Stagium. Nasceu em Budapeste, na Hungria, em uma família judia, em meio a um cenário de guerra. Em uma das poucas declarações já dadas sobre o assunto, confessou que teve uma infância conturbada. Isso porque seus pais foram levados a campos de concentração e a deixaram em um orfanato por um tempo. Márika iniciou sua carreira no Brasil como bailarina do Ballet do IV Centenário e, desde então, participou de momentos importantes para a construção da história da dança brasileira.

Décio Otero é bailarino e coreógrafo. Nascido em Ubá (MG), dançou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e fez carreira como bailarino na Europa. Ainda que não tivesse experiência como coreógrafo no início do Stagium, a convivência com grandes diretores e a participação em importantes movimentos artístico-culturais na década de 70, construiu sua linguagem artística autoral e revolucionária à época da criação da cia.

 

FICHA TÉCNICA:

Direção: Marika Gidali e Décio Otero

Ideia e coreografia: Décio Otero

Direção teatral: Marika Gidali

Roteiro musical: Décio Otero                                      

Bailarinos: Ádria Sobral, Gustavo Lopes John Santos, Eugenio Gidali,

Marcos Palmeira, Luiza Vilaça, Fabio Villardi, Pedro Vinicius Bueno, Nathália

Cristina, Eduarda Julio, Tatyane Tieri, Leila Barros, Nayara Rodrigues, Pablo Neves e Jonathan Santos.

Músicas: Rene Aubry, Meredith Monk, Marlui Miranda, Tetê Spindola, Yann

Tiersen, Wim Mertens, Arthur Honegger, Hugo Ball e Germaine Albert-Birot

Desenho de luz: Edgard Duprat

Edição trilha sonora: Aharon Gidali e Décio Otero

Direção de arte e figurino: Marcio Tadeu

Assistência de figurinos: Sebastiana Maria dos Santos 

Grafitearte: Augusto (Ueny)

Produção: Marika Gidali 

Grupo de pesquisa: Marika Gidali, Décio Otero, Ademar Dornelles, Marcos

Veniciu, Fabio Villardi

Poemas: “Karawane” de Hugo Ball; e “A Batalha” de Ludwig Kassar

Voz: Marcio Tadeu

Fotógrafos: Arnaldo J.G. Torres

Professores: Décio Otero, Yoko Okada

Secretário: Jose Luis Santos Oliveira

Produção (Rio de Janeiro) LUPA PRODUTORA PARIS

Coordenação de produção Luciana Valéo

Gerente de produção Cleusa Lopez

 

SERVIÇO:

Figuras e vozes, da Companhia Ballet Stagium

Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Teatro da CAIXA Nelson Rodrigues (Av. República do Chile, 230 – Centro/ Entrada pela Av. República do Paraguai – próximo ao Metrô e VLT Estação Carioca)

Datas: 5 a 14 de outubro de 2018 (sexta a domingo) 
Horário: 19h

Informações:(21) 3509-9600 / 3980-3815

Ingressos: Plateia – R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)/ Balcão: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia). Além dos casos previstos em lei, clientes CAIXA pagam meia.

Bilheteria: de terça-feira a domingo, das 13h às 20h. (As vendas de ingressos iniciam na terça-feira, dia 2, na bilheteria do Teatro).

Duração: 60 min

Classificação Indicativa: Livre para todos os públicos.
Capacidade: 400 lugares (Mais 8 para cadeirantes).
Acesso para pessoas com deficiência

Patrocínio: CAIXA e Governo Federal

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NAVES, Cássia – DANÇA MODERNA, Cassia Navas, Linneu Dias – São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, 1992. 

Fundadora do Ballet Stagium, Marika Gidali relembra sua trajetória no Persona em Foco desta quarta-feira (http://tvcultura.com.br/acontece/345_fundadora-do-ballet-stagium-marika-gidali-relembra-sua-trajetoria-no-persona-em-foco-desta-quarta-feira-267.html)

Wikipedia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ballet_Stagium (consulta em 04/10/2018)

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Natália Gresenberg

Natália Gresenberg

Ver Perfil

É gestora cultural, idealizadora e diretora do Portal MUD. Advogada formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pós-graduada em Gestão Cultural pelo Centro Universitário SENAC. Especialista em leis de incentivo à cultura e direito do entretenimento. É consultora em elaboração de projetos e fomentadora de ações de mediação e formação de público.