
Katherine Dunham (1909-2006) foi uma artista, educadora e ativista afro-americana que revolucionou a dança e lutou pelos direitos civis ao redor do mundo.
Em 1950, a bailarina Katherine Dunham veio ao Brasil para se apresentar no Theatro Municipal de São Paulo. Ao tentar se hospedar no Hotel Esplanada (um dos mais luxuosos da época), Dunham foi impedida por ser negra. A direção alegou “regras internas”.
Indignada, Dunham denunciou o caso à imprensa, com apoio de intelectuais e artistas brasileiros. Essa denúncia foi marcante para a luta contra o racismo no Brasil. Isso se deu ao fato de ter partido de uma artista reconhecida internacionalmente, mas também porque o país se promovia como um grande exemplo de democracia racial.
A repercussão foi tão forte que, meses depois, o então deputado Afonso Arinos propôs uma lei criminalizando a discriminação racial. A lei foi aprovada em 1951. Em seu texto estava previsto punição de multa para quem recusasse hospedar, servir, atender e receber cliente, comprador ou aluno por preconceito de raça. Também previa perda do cargo para agente público flagrado cometendo ato racista.

Correio Paulistano, noticia 1950. Fonte Agencia Senado.
A Lei n. 1.390 foi o primeiro código brasileiro contra o racismo. Tudo por causa da coragem de uma artista!
A arte sempre esteve na linha de frente das lutas sociais. E Katherine Dunham provou que um corpo em movimento também pode mudar a história.