Crédito das Fotos: Reprodução TV Globo
Ontem (02/09/2018) foi um dia muito triste para a história e memória do nosso país. Ao receber a notícia que o Museu Nacional do Rio Janeiro* estava em chamas, fui tomada por uma sensação de pesar misturada ao fracasso.
O pesar é muito claro, um dos maiores e mais antigos acervos do Brasil estava sendo literalmente queimado, mas o fracasso se explica porque eu como Gestora Cultural e fundadora de um Museu não pude fazer nada para que essa tragédia não acontecesse.
Trabalhar com cultura e memória neste país é ser resiliente. Quando eu e Natalia Gresenberg fundamos o MUD – Museu da Dança em 2014, não tínhamos a dimensão do caminho árduo e hostil que iríamos encontrar. No decorrer destes 4 anos sentimos na pele o descaso com que o trabalho de resgate histórico é tratado neste país.
O poder público não está atento às necessidades e especificidades desta área, o que torna os agentes que trabalham neste universo guerreiros.
Manter viva a memória é de fato um trabalho solitário. Uma metáfora seria “nadar contra a maré”.
O que aconteceu ontem era uma tragédia anunciada. É preciso de fato acontecer mais tragédias como essa para que a mudança aconteça?
Não foi suficiente o Incêndio do Museu da Língua Portuguesa? Não será suficiente o Museu Nacional em chamas?
Nós profissionais da cultura e a população brasileira estão em luto. Só não queima a esperança de que melhores dias estão por vir e enquanto isso continuamos acreditando que este trabalho de preservação não é em vão.
Nossa solidariedade aos funcionários e pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
*O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é a mais antiga instituição científica do Brasil e, até meados de 2018, figurou como um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas. Localiza-se no interior do parque da Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro, estando instalado no Palácio de São Cristóvão. O palácio serviu de residência à família real portuguesa de 1808 a 1821, abrigou a família imperial brasileira de 1822 a 1889 e sediou a primeira Assembléia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso do museu, em 1892. O edifício foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1938.