Cidade de Campinas recebe a 11ª edição do evento, que contempla cerca de 50 ações cênicas, entre espetáculos, instalações e performances vindas de oito estados brasileiros e de países como Alemanha, Argentina, Áustria, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Portugal, Suíça e Uruguai. Alignigung Nº 2, vídeo instalação inédito no Brasil, de William Forsythe, integra a programação. |
De 12 a 22 de setembro, a unidade do Sesc e mais de dez outros endereços, entre instituições parceiras e espaços públicos de Campinas, irão receber um panorama de criações e debates que movimentam a dança contemporânea nos dias de hoje. A Bienal Sesc de Dança, uma realização do Sesc São Paulo com apoio da Prefeitura Municipal de Campinas e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), chega a sua 11ª edição reafirmando seu compromisso com a difusão da produção artística nacional e estrangeira contemplando cerca de 50 ações cênicas, entre espetáculos, instalações e performances.
A maratona de dança tem início com o espetáculo Dancing Grandmothers (Avós Dançantes), da Coreia do Sul – dia 12 de setembro, às 20h, no Sesc Campinas. Com coreografia e direção de Eun-Me Ahn, conhecida como “a Pina Bausch de Seul”, a montagem traz os jovens bailarinos da companhia com 10 senhoras, a maioria estreante, que dançam juntos transformando o palco em uma enorme pista de dança numa mescla de folclore e contemporâneo, flores e bolas de espelhos.
Para Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, “na mesma semana em que a instituição completa 73 anos de atuação, a Bienal Sesc de Dança principia mais uma edição e convida seus públicos a fruir produções artísticas, nacionais e internacionais, bem como atividades formativas, voltadas a faixas etárias variadas”. Miranda complementa que “através de um panorama diversificado da cena atual da dança contemporânea, a Bienal oferece uma imersão na linguagem, instigando, desse modo, a reflexão acerca da presença da dança como expressão, movimento e também meio para composição de redes de sociabilidade para a vida em sociedade”.
Berço da mais tradicional graduação em Dança do Estado de São Paulo, na Unicamp, Campinas se estabeleceu como sede da Bienal em 2015, após oito edições na cidade de Santos (de 1998 a 2013), recebendo mais de 60 mil visitas de pessoas interessadas pela programação nas duas últimas edições (2015 e 2017). Nesse ano, a cidade receberá mais de 70 atrações, distribuídas entre espaços do Sesc Campinas e da Universidade, aparelhos culturais como Teatro Castro Mendes, Estação Cultura, Museu da Cidade, Armazém CIS Guanabara, além de áreas públicas como ruas, praças e até mesmo o terminal rodoviário municipal.
12 países e oito estados brasileiros
A curadoria do festival, formada por Cristian Duarte, Fabricio Floro, Silvana Santos, Rita Aquino e Luciane Ramos, selecionou os artistas/obras, em mais de mil inscritos, sempre com a proposta de apresentar a multiplicidade do universo da dança e seus hibridismos com outras expressões artísticas, fomentando a produção e ajudando no desenvolvimento de novas criações, enquanto estreita o relacionamento com o público e amplia seu acesso.
Com obras de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Piauí, Rio Grande do Norte e Distrito Federal, a Bienal Sesc de Dança também apresenta espetáculos de países como Alemanha, Argentina, Áustria, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Portugal, Suíça e Uruguai.
A Bienal Sesc de Dança é um convite geral ao diálogo de corpos e de ideias, já que as manifestações artísticas, que têm o corpo como principal instrumento de trabalho, expõem e articulam de forma contundente questões contemporâneas políticas e sociais que ecoam no âmbito público e privado.
Instalação inédita de William Forsythe
Além do espetáculo de abertura da Coreia do Sul, estreiam também no Brasil obras como Happy Island, uma coprodução entre a companhia portuguesa Dançando com a Diferença e a coreógrafa espanhola La Ribot; Every Body Electric, da coreógrafa austríaca Doris Uhlich; Daimón, do artista colombiano Luis Garay e com performance da atleta argentina Maia Chigioni e Acto3 / Avasallar / Trilogía Antropofágica, da uruguaia Tamara Cubas.
Concebido e dirigido pela artista espanhola Paz Rojo, Eclipse: Mundo também integra a lista de estreias internacionais, ao lado de Normal, da companhia suíça Alias, dirigida pelo brasileiro Guilherme Botelho; e Monumentos em Ação, da argentina Lucía Nacht, que fará uma residência selecionando intérpretes locais para integrarem as apresentações.
Após a exposição William Forsythe: Objetos Coreográficos, realizada no Sesc Pompeia, em São Paulo, na qual onze obras ocuparam diferentes espaços da unidade, duas obras do artista desembarcam em Campinas. São elas Debut, São Paulo (2019), instalação recriada para a exposição na forma de um tapete de entrada com uma instrução, e Alignigung Nº 2 (2017), vídeo instalação inédito no Brasil que apresenta uma coreografia na qual os dançarinos Riley Watts e Rauf “RubberLegz” Yasit combinam seus corpos em uma constelação atada.
Entre os espetáculos nacionais, há a estreia de Eu Sou uma Fruta Gogoia, em Tendência Não Binária, uma remontagem da obra Eu Sou uma Fruta Gogoia em Três Tendências, da artista Thelma Bonavita, que se divide entre São Paulo e Berlim. Pela primeira vez em solo paulistano estão trabalhos como A Invenção da Maldade, do coreógrafo piauiense Marcelo Evelin, e Strip Tempo, dirigido pelo artista baiano Jorge Alencar.
Memória e liberdade
Com temas como a invisibilização de corpos marginalizados, a violência urbana, o diálogo com outras linguagens artísticas, como as artes visuais, entre outros, a Bienal Sesc de Dança apresenta espetáculos com temas urgentes e atuais. As criações também se arriscam a propor novas possibilidades de ocupar os espaços públicos e de enxergar o mundo e o outro por meio de experiências que rompem com a lógica embrutecedora vigente em grandes centros urbanos e convidam para outras formas de sentir, pensar e agir. A passagem do tempo, a memória, o futuro e a liberdade também têm espaço nas obras.
Prova disso é o espetáculo Bando: Dança que Ninguém quer Ver, da Cia. Giradança, que expõe situações que o grupo vive ou vivenciou em seus mais de dez anos de existência. Entre elas está a invisibilidade dos corpos de seus bailarinos tidos como diferentes daqueles geralmente vistos em obras de arte. Outro exemplo é A Boba, de Wagner Schwartz, que parte do quadro A Boba, de Anita Malfatti (1889-1964), para criar sua performance homônima. Em cena, Schwartz retira o quadro da parede. O peso da tela passa a influenciar no peso do corpo do artista e vice-versa.
Já a performance Trabalho Normal, de Claudia Müller e a instalação O Banho, de Marta Soares, lidam com a memória. Marta traz à cena a obra premiada pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) em 2004 que ela revisita após 15 anos de criação e Claudia partiu de projetos de artistas (Francis Alÿs, Marta Soares, Los Torreznos, Brígida Baltar e Tehching Hsieh), que discutem em algumas obras o paradoxo da inutilidade da arte, para criar sua performance.
Nomes atuantes na dança também marcam presença na programação com solos. É o caso, de Alejandro Ahmed com Z; Thiago Granato, que apresenta Trrr (com três indicações ao Prêmio APCA 2019 na categoria dança – espetáculo, coreografia e intérprete) e Vera Sala com Procedimento 2 para Lugar Nenhum.
Além dos espetáculos, há atividades reflexivas como ações formativas e pontos de encontros. A ideia é que público e artistas de diversas nacionalidades compartilhem experiências, pensamentos e vivências que possibilitem a expansão de questões estéticas e políticas pertinentes ao atual cenário da dança contemporânea. A programação contempla atrações para todas as idades, incluindo o público infantil.
Veja a programação completa nos links abaixo:
DANCING GRANDMOTHERS | Eun-Me Ahn (Coreia do Sul)
CANTO DOS MALDITOS | Marcos Abranches (São Paulo)
FIM | Grupo Vão (São Paulo)
HAPPY ISLAND | La Ribot e Dançando com a Diferença (Suíça e Portugal)
STRIP TEMPO – STRIPTEASES CONTEMPORÂNEOS – VOLUMES 1 E 2 | Jorge Alencar
TRRR | Thiago Granato (Alemanha e Brasil)
SÓ | Denise Stutz (Rio de Janeiro)
DAIMÓN | Luís Garay (Colômbia e Argentina)
DE CARNE E CONCRETO – UMA INSTALAÇÃO COREOGRÁFICA | Anti Status Quo Companhia de Dança (Distrito Federal)
Z | Alejandro Ahmed (Santa Catarina)
ACTO3 / AVASALLAR / TRILOGÍA ANTROPOFÁGICA | Tamara Cubas (Uruguai)
EVERY BODY ELETRIC | Doris Uhlich (Áustria)
SISMOS E VOLTS | Leandro de Souza (São Paulo)
A INVENÇÃO DA MALDADE | Marcelo Evelin / Demolition Incorporada (Piauí)
DEIXA ARDER | Marcela Levi e Lucía Russo (Argentina e Brasil)
BANDO: DANÇA QUE NINGUÉM QUER VER | Giradança (Rio Grande do Norte)
EU SOU UMA FRUTA GOGOIA, EM TENDÊNCIA NÃO BINÁRIA | Thelma Bonavita (Brasil e Alemanha)
PESO BRUTO | Jussara Belchior (Santa Catarina)
A BOBA | Wagner Schwartz (Brasil e França)
ÉGUA | Josefa Pereira e Patrícia Bergantin (São Paulo)
NORMAL | Guilherme Botelho / Cia. Alias (Suíça)
ECLIPSE: MUNDO | Paz Rojo (Espanha)
SUPERNADA EP01 | Clarice Lima (Ceará)
RIR – INTERVENÇÃO SEGUNDO MOVIMENTO | Key Zetta e Cia. (São Paulo)
PROCEDIMENTO 2 PARA LUGAR NENHUM | Vera Sala (São Paulo)
TUDO QUE PASSA E FICA | OEFEHÁ (São Paulo)
BOAS GAROTAS | Clarissa Sacchelli (São Paulo)
TRABALHO NORMAL | Claudia Müller (Rio de Janeiro)
DENTRO | Coletivo Qualquer (Brasil e Espanha)
ARRASTÃO | Cia. Etra de Dança (São Paulo)
SUMO | Júlia Rocha (São Paulo)
ESCUTA! | Companhia Híbrida (Rio de Janeiro)
MONUMENTOS EM AÇÃO | Lucía Nacht (Argentina)
BOLA DE FOGO | Fábio Osório Monteiro (Bahia)
CANCIONEIRO TERMINAL | Grupo MEXA (São Paulo)
VIOLENTO | Preto Amparo, Alexandre de Sena, Grazi Medrado e Pablo Bernardo (Minas Gerais)
QUEM SEGUE AS SETAS | Núcleo Tríade (São Paulo)
ACORDO | Alice Ripoll / Cia. REC (Rio de Janeiro)
ALIGNIGUNG Nº 2 E DEBUT, SÃO PAULO | William Forsythe (Estados Unidos e Alemanha)
AUTOPOIESE | Ricardo Alvarenga (Minas Gerais)
O BANHO | Marta Soares (São Paulo)
O PEIXE | Érica Tessarolo (São Paulo)