Crédito das Fotos: Corpo Crustaceo. Foto Inês Bonduki
A investigação, pesquisa e criação transdisciplinar entre as linguagens da dança contemporânea, do teatro, do audiovisual expandido, da fotografia, da música, do figurino e da iluminação, são o ponto de partida do Coletivo Ruínas, que realiza uma ocupação no Edifício Oswald de Andrade com suas duas obras mais recentes. A instalação performativa CORPO CRUSTÁCEO faz apresentações de 26 a 28 de setembro, quinta e sexta-feira, às 20h e sábado, às 16h e a peça multimídia TERRA acontece de 30 de setembro a 2 de outubro, de segunda a quarta-feira, às 20h.
CORPO CRUSTÁCEO foi indicado ao Prêmio APCA 2021 de Dança nas categorias Interpretação para a dançarina Michele Carolina e Prêmio Técnico para o músico Jovem Palerosi e TERRA foi premiado na 10ª edição do Prêmio Denilto Gomes de Dança 2022 na categoria Instalação Performativa e Mediação Tecnológica, além da indicação ao Prêmio APCA 2022 de Dança na categoria Espetáculo/Estreia.
Oportunidade de assistir as duas obras em sequência, as sessões gratuitas no Edifício Oswald de Andrade, integram o projeto Corpo Bioma: danças para desespecular imaginários, do Coletivo Ruínas, contemplado pela 34ª edição do Programa Municipal de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo.
Michele Carolina, integrante do Coletivo Ruínas e intérprete das duas obras, conta que há uma simbiose entre os dois trabalhos de dança contemporânea. “CORPO CRUSTÁCEO surgiu a partir das pesquisas e experimentos cênicos do TERRA, mas acabou ganhando a cena primeiro. As obras unem diferentes práticas artísticas e transdisciplinares e abrem um diálogo entre urbano e natureza”.
Instalação performativa
Em CORPO CRUSTÁCEO, o movimento perene de transformação da matéria-corpo brota do repouso e do acolhimento. Da inação, provêm micromovimentos na escuta de um corpo sensível vivente, a partir da relação com 500 quilos de pedras, tensionando e esculpindo uma dilatação temporal. Sons hiper-realistas, texturas e ruídos se misturam, criando camadas e atmosferas específicas para este ambiente de novas descobertas.
Na instalação performativa, dançarina, figurino, objetos, luz, música feita ao vivo conduzem uma sucessão de paisagens sensoriais. Advindo de uma pesquisa de corporalidade e estados de presença realizada pelo Coletivo Ruínas em sítios urbanos de demolição residencial e ressignificada por experiências de dança em lugares de natureza, como rios e áreas verdes preservadas, CORPO CRUSTÁCEO busca refletir sobre a relação intrínseca entre o corpo e o ambiente em que habita.
A obra se apoia em práticas corporais de Do-ho, que é uma técnica de movimento que busca, a partir do movimento sensível do corpo, compreender os princípios de kata (postura) contido na cultura tradicional japonesa.
Peça multimídia
Num fluxo sucessivo de paisagens expressivas, em que é proposto um diálogo entre forças motoras, forças plásticas, elementos audiovisuais e sonoros criados ao vivo, TERRA permite ao público apreciar tanto uma experimentação cênica quanto uma instalação de arte.
Peça multimídia de dança contemporânea em cinco atos, onde a dançarina interage com uma grande volumetria, transformando, a cada ato, sua topologia, TERRA apresenta uma dança de embate, de tremores, repouso, quedas, desmoronamentos, perfurações, rasgos e irrupções – relações simbolicamente atreladas a forças geofísicas [inorgânica e orgânica] –, numa teia compositiva de criação simultânea com a música e o audiovisual.
Terra. Foto Thiago Capella
Instalação em movimento, a obra atua na zona de contágio entre dança, sonoridade e audiovisual generativo, experimento que se constrói a partir de um sistema personalizado. “A protagonista aqui é a criação de uma metáfora sobre a Terra em movimento, que, numa dança de embate contra as forças de dominação do solo e do planeta pelo ser humano e o poder do capital, revela-se frágil e impotente numa disputa bastante desigual, mas que segue mesmo assim”, revela Michele Carolina.
Sobre o Coletivo Ruínas
Criado em 2014 como um coletivo artístico temporário de investigação, pesquisa e criação transdisciplinar entre as linguagens da dança contemporânea, do teatro, do audiovisual expandido, da fotografia, da música, do figurino e da iluminação. A reunião dos artistas deu-se pelo assombro e pela atração que geram os sítios de demolição de casas para construção de altos edifícios e condomínios, fundamentalmente em bairros residenciais da cidade de São Paulo, não só pelo fenômeno da voracidade com que máquinas põem casas abaixo, mas por mudar radicalmente a natureza dos lugares. É de interesse do coletivo como os processos de especulação imobiliária e desestatização coreografam o cotidiano e afetam os corpos. Este motivo fez com que os integrantes começassem a criar modos e meios de se relacionarem poeticamente com determinadas topologias urbanas e a refletirem, ética e politicamente, por meio de criações artísticas (como Intervenções Urbanas, Instalações, Performances, Videodanças, Experimentos Cênicos e Peças) o modo como são percebidos os processos de transformação em tempo real e as contribuições que a ação direta do corpo nos lugares agrega às discussões sobre este atual fenômeno. A interlocução com a topologia movente dos sítios de demolição e construção de edifícios residenciais, a metamorfose do ambiente lar e a remodelagem dos corpos e dos modos de vida, coloca o coletivo frente ao modo com que a espécie humana está ocupando a Terra. Quanta floresta tem em um edifício? No entendimento de que os seres humanos são natureza, a pesquisa corporal se apoia nas práticas de matrizes japonesa, Do-ho, e chinesa, Tai Chi Chaun Dao Yin. No campo teórico, os interesses giram em torno de conceitos sobre Ecologia, Antropoceno, Filosofia, Direitos Humanos e a Terra como ser de direitos.
Serviço:
CORPO CRUSTÁCEO
De 26 a 28 de setembro, quinta e sexta-feira, às 20h e sábado, às 16h.
Edifício Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo.
50 minutos | Livre | Gratuito.
Concepção – Coletivo Ruínas. Dança e Coordenação Artística – Michele Carolina. Provocação Cênica – Luah Guimarãez. Suporte Dramatúrgico – Silvia Geraldi. Desenho de Som – Jovem Palerosi. Assistente de Criação Cênica – Vitória Savini. Iluminação – Hernandes de Oliveira e Thiago Capella. Preparação Corporal – Toshi Tanaka. Cenografia – Rogério Marcondes. Figurino – Rogério Romualdo. Registro em Foto – Flavie e Inês Bonduki. Registro em Vídeo – Gideoni Júnior. Edição – Rafael Frazão. Produção – Júnior Cecon e Josie Berezin. Assistentes de Produção – Raissa Bagano. Designer Gráfico – Gustavo Domingues e Hernandes de Oliveira. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Redes Sociais – Portal MUD.
TERRA
De 30 de setembro a 2 de outubro, segunda a quarta-feira, às 20h.
Edifício Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo.
40 minutos | 16 anos | Gratuito.
Concepção – Coletivo Ruínas. Dança e Coordenação Artística – Michele Carolina. Provocação Cênica – Luah Guimarãez e Alejandro Ahmed. Suporte Dramatúrgico – Silvia Geraldi. Desenho de Som – Jovem Palerosi. Conteúdo Audiovisual e Vídeo-mapping – Luciana Ramin, Thiago Capella Zanotta e Rafael Frazão. Assistente de Criação Cênica – Vitória Savini. Iluminação – Hernandes de Oliveira. Preparação Corporal – Eduardo Fukushima. Figurino – Rogério Romualdo. Registro em Foto – Inês Bonduki. Registro em Vídeo – Gideoni Júnior. Produção – Júnior Cecon e Josie Berezin. Assistentes de Produção – Raissa Bagano. Designer Gráfico – Gustavo Domingues e Hernandes de Oliveira. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Redes Sociais – Portal MUD.