Crédito das Fotos: Balé da Cidade de São Paulo ensaia Cantata (2014), de Mario Bigonzetti. Foto:Sylvia Masini
O Balé da Cidade de São Paulo é uma companhia estável vinculada à Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo com grande representação nacional e internacional.
Foi criado em 7 de Fevereiro de 1968, com o nome de Corpo de Baile Municipal e era formada por muitos bailarinos da antiga Escola Municipal de Bailado (leia mais sobre a Escola aqui). Inicialmente com a proposta de acompanhar as óperas do Theatro Municipal e se apresentar com obras do repertório clássico, teve Johnny Franklin como seu primeiro diretor artístico. Em 1974, sob a direção Antonio Carlos Cardoso, a companhia assumiu o perfil de dança contemporânea, que mantém até hoje, e começou a investir na criação de obras próprias. Diversos jovens coreógrafos e bailarinos, que hoje são grandes mestres, marcaram esta época de transição do Balé: Luís Arrieta, Victor Navarro, Sonia Mota, Iracity Cardoso, Ivonice Satie, dentre tantos outros.
Em 1982, Klauss Vianna assumiu a direção da cia e ofereceu um caráter mais experimental com a criação do Grupo Experimental dentro do Balé da Cidade, muito imbuído do espírito inovador que tomava a dança na época (leia mais sobre a efervescência cultural da dança durante a ditadura aqui) e contou com a participação de profissionais como Susana Yamauchi e Lia Robatto.
A história do Balé da Cidade conta com um emblemático episódio, sempre mencionado pelos artistas que vivenciaram aquela época e que culminou com o pedido de demissão de muitos colaboradores. Durante a gestão do prefeito de São Paulo Jânio Quadros, na década de 80, todos os corpos artísticos do Theatro Municipal foram proibidos de contratar homossexuais. O prefeito também extinguiu o curso noturno de balé para homens da antiga Escola Municipal de Bailado. Klauss Vianna, que criticou ferrenhamente a medida, foi agredido em frente à sua casa.
No ano 2000 foi criada a Cia. 2 do Balé da Cidade, dedicada aos profissionais mais maduros do Balé, como um planejamento profissional para que continuassem atuantes, a despeito da curta carreira de um bailarino profissional. Em que pese tenha sido descontinuada, a Cia. 2 deixou um legado de mais de 30 obras.
Mais recentemente o Balé da Cidade passou por difíceis episódios, como o encurtamento da programação de dança no Theatro Municipal sob a gestão do maestro John Neschling, de modo que a Cia perdeu o palco principal para apresentações. No entanto, Iracity Cardoso, diretora à época, conseguiu manter a agenda nacional e internacional da Cia com sucesso, muito trabalho e uma rede de parcerias.
Em 2017, a Fundação Theatro Municipal de São Paulo, que administra o Balé da Cidade, protagonizou um escândalo de desvio de mais de R$15 milhões ocorridos durante a gestão da OSCIP Instituto Brasileiro de Gestão Cultural. Após longas auditorias, a Prefeitura de São Paulo fez nova licitação e, assim, deu início à gestão da Fundação pelo Instituto Odeon.
Atualmente, a companhia tem como diretor artístico o bailarino e coreógrafo Ismael Ivo que também é fundador, diretor e conselheiro do Festival ImPulsTanz, de Viena. Ivo iniciou sua carreira no Brasil e foi bailarino no Teatro de Dança Galpão (leia mais sobre este movimento artístico aqui), mas trilhou uma sólida carreira no exterior.
Finalmente, em setembro deste ano, o Balé da Cidade se mudará definitivamente para a sua nova sede na Praça das Artes. Depois de ficar por cinco décadas em prédios improvisados e inadequados para a dança, a nova instalação conta com pé direito de 8m e piscina para fisioterapia e recuperação dos bailarinos.
Definitivamente, resistência e coragem definem a história do Balé da Cidade de São Paulo! A inovação esteve sempre presente em todas as gestões da Cia que contou com a colaboração de renomados profissionais. Suas criações se destacam como inéditas e foram apresentadas com grande sucesso na plataforma nacional e internacional. A bem-sucedida carreira internacional da companhia teve início com a participação na Bienal de Dança de Lyon, França, em 1996. Desde então suas turnês europeias têm sido aclamadas tanto pela crítica especializada quanto pelo público de todos os grandes teatros onde se apresenta.
Em seus 50 anos de existência, o Balé da Cidade de São Paulo coleciona 58 premiações, 17 países visitados em turnês internacionais, 168 criações originais e 207 obras coreográficas em seu repertório.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NAVAS, Cassia. DIAS, Linneu. Dança Moderna, 1992. Secretaria Municipal de Cultura, São Paulo.
http://theatromunicipal.org.br/fundacao-theatro-municipal/ (consulta realizada em 12/09/2018)
O Balé da Cidade de São Paulo, Wikipedia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Bal%C3%A9_da_Cidade_de_S%C3%A3o_Paulo#cite_note-4 (consulta realizada em 12/09/2018)
Rafael ventura, Balé da Cidade de São Paulo: 50 anos de arte e resistência – https://www.huffpostbrasil.com/rafael-ventuna/bale-da-cidade-de-sao-paulo-50-anos-de-arte-e-resistencia_a_23355651/ (consulta realizada em 12/09/2018)
Fabio Leite, O Estado de São Paulo. https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,justica-de-sp-suspende-contrato-de-gestao-do-teatro-municipal,70001693986 (consulta realizada em 12/09/2018)