MUSEU DA DANÇA

Bate-Papo com Ingrid Silva: Uma Jornada de Dança, Ativismo e Inspiração

Quarta, 24 de Abril de 2024 | por Carol Contri |

Nos palcos do mundo todo, a dança transcende fronteiras e idiomas, contando histórias de paixão, determinação e superação. E no centro desse cenário está Ingrid Silva, uma verdadeira estrela da dança, que também tem uma voz poderosa, advogando pela diversidade e inclusão nesse universo.

Nascida e criada no Brasil, no Rio de Janeiro, Ingrid descobriu sua paixão pela dança desde cedo. A oportunidade para seguir sua paixão e buscar seus sonhos surgiu quando Ingrid ingressou no projeto social "Dançando pra não Dançar", onde teve a chance de aprimorar suas habilidades e desenvolver seu talento sob a orientação de professores dedicados. Foi lá que sua jornada na dança começou a florescer, e onde ela encontrou o apoio e a inspiração para alçar voos ainda mais altos.

Mas foi o convite para participar da audição do Dance Theatre of Harlem, em Nova York, que mudaria para sempre o curso de sua vida. Lá ela conquistou uma vaga na prestigiada companhia e embarcando em uma jornada que a levaria aos palcos de todo o mundo.

Desde então, Ingrid tem sido uma figura emblemática no mundo da dança, quebrando barreiras e desafiando estereótipos com cada passo que dá. Sua presença nos palcos internacionais não apenas encanta plateias, mas também inspira uma nova geração de bailarinos, especialmente meninas negras, que encontram em Ingrid uma representação poderosa de sua própria beleza e potencial.

Além de seu trabalho como bailarina de classe mundial, Ingrid também é uma ativista apaixonada, usando sua voz e sua plataforma para defender a diversidade e a inclusão no mundo da dança e além. Como co-fundadora do projeto "Blacks in Ballet", ela está na vanguarda da luta por oportunidades iguais para bailarinos negros em todo o mundo, promovendo mudanças significativas na indústria e inspirando outros a seguirem seus passos.

Com sua história de resiliência, determinação e compromisso com a mudança, Ingrid Silva continua a deixar uma marca indelével no mundo da dança e na vida daqueles que têm o privilégio de testemunhar sua arte e ouvir sua mensagem. Ela personifica a ideia de que a dança é muito mais do que movimento físico - é uma expressão de esperança, uma celebração da diversidade e uma ferramenta poderosa para transformação pessoal e social. Confira agora um bate-papo com Ingrid Silva.


E a oportunidade para ir para Nova York, aconteceu como?

Eu já dançava no projeto social “Dançando para não dançar” há mais de 10 anos, uma professora que me dava aula e que também é a professora do projeto chamou uma amiga pra assistir a aula. A amiga dela assistiu aula gostou muito do meu trabalho e ela já tinha dançado na escola de dança do dance Theatre of Harlem. Com esta oportunidade ela recomendou que mandássemos um vídeo audição para companhia em 2007 eu tive oportunidade de ser escolhida entre várias pessoas fazendo audição para primeiro dançar na escola e depois no grupo jovem e na companhia.


Você tem sido uma grande referência para meninas negras dentro da dança, como enxerga a importância de falar sobre isso e representar tanta gente?

Eu acho que eu tenho dever, de usar a minha plataforma da melhor maneira possível, para falar sobre diversidade no mundo da dança que ainda é algo tão escasso em grandes companhias pelo mundo. Ter essa responsabilidade e ser representatividade significa muito para mim, é de uma gratidão muito grande e é de um carinho muito grande poder ser essa pessoa na vida de crianças que sonham em ter o balé como profissão.


Você é uma bailarina engajada, como percebeu a importância do seu ativismo e posicionamento?

Eu acho que tudo veio naturalmente a partir do momento em que eu me encontrei, no mundo da dança e para além dele com visibilidade impotência em poder falar sobre esses assuntos que são tão importantes nos nossos tempos atuais.


Conte um pouco sobre o projeto Blacks in Ballet, ele surgiu com o objetivo de dar visibilidade a outros bailarinos negros?

Essa organização surgiu em 2019/2020 em meio aos movimentos do Black Lives Matter que tem uma grande importância e naquele momento me enviei como co-fundadora junto com dois outros bailarinos Fabio Mariano e Juan Galdino e através dali eu criei essa plataforma pra dar visibilidade e trazer mais oportunidade para bailarinos negros no mundo todo.


Você escreveu o livro "A sapatilha que mudou o mundo". Como foi esse desafio e qual foi o seu maior objetivo com o livro?

Eu sempre amei muito escrever e sempre tive diários em casa e uma paixão muito grande pela escrita. A escrita mudou a minha vida em diversos momentos, quando eu não conseguia me expressar eu escrevia. Quando escrevi esse livro senti uma grande emoção, me senti voltando no tempo e fazendo uma reflexão da minha história. O propósito de ter escrito esse livro foi em prol que as pessoas pudessem conhecer mais ainda o meu trabalho, mais ainda minha história e se conectar com a minha jornada. 


E, também, lançou um livro infantil "A bailarina que pintava as sapatilhas". Como percebe a importância de se comunicar com o público infantil?

Eu sempre dei aula e as crianças sempre foram um dos meus focos eu acredito que as crianças são o futuro do mundo e através delas e da educação a gente pode mudar muita coisa. O livro infantil é um dos meus favoritos, eu amo essa história, amo a ilustração, amo como as crianças se sentem representadas e elas se veem nesse livro, ele é muito especial. Se você ainda não tem, corra e garanta já o seu.




Publicado por :



Carol Contri

Jornalista, bailarina e professora



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