Um breve panorama da 430 edição do Festival Montpellier Danse – França/2023

De 20 de junho ao 04 de julho desse ano, aconteceu a 43ª edição do consagrado festival de dança, “Montpellier Danse” na cidade de Montpellier / França.

Célebre por fomentar e difundir, nas últimas décadas, a dança contemporânea francesa e internacional, o festival teve como eixo central a questão da memória da dança contemporânea e suas novas criações.

Para cercar essa reflexão, a estratégia de curadoria do diretor do festival, Jean-Paul Montanari, consistiu em programar a apresentação de espetáculos de coreógrafos que marcaram a história da dança contemporânea, como: Pina Bausch,Dominique Bagouet, Jean-Claude Gallota e Angelin Preljocaj alternando com criações atuais de coreógrafos não só franceses e europeus, mas também africanos e israelenses por exemplo.

Além da apresentação de espetáculos, outras atividades compuseram a programação do festival: aulas de dança (Grands Leçons de Danse), ocupações no espaço público da cidade e mesas redondas.

Nesse prisma, o festival buscou impulsionar a reflexão sobre questões essenciais como:

O que seria a fidelidade à criação original de uma obra coreográfica? Quais estratégias adotadas pelos coreógrafos para o processo de re-apresentação de uma obra datada? Qual o papel  dos novos intérpretes na apresentação da obra para um público atual? Há necessidade de recriar alguns aspectos da obra para lhe assegurar uma melhor recepção nas novas gerações? Qual a essência da autoria dessas peças de coreógrafos notórios na história da dança contemporânea?

Lugares diferentes da cidade acolheram as atividades do festival. Na minha trajetória para além da dança, à partir da formação como arquiteta e urbanista, partilho um olhar especial sobre o investimento da cidade na cultura através de diferentes espaços.

Montpellier é uma das cidades candidatas ao titulo de Capital Européia da Cultura 2028, vemos um território efeverscente na fomentação e difusão de diferentes linguagens artísticas para além da dança.

Vale ressaltar a quantidade de grandes teatros e espaços cênicos que a cidade possui e que acolheram o festival, entre os quais: Opéra Comédie, Ópera Berlioz-Le Corum, Hangar Théatre, Théatre de la Vignete e o Théatre de l’Agora. Em especial, esse último, o l’Agora –  cité internationale de la danse, além de um palco à céu aberto e de uma beleza ímpar (edifício de monumento histórico da cidade e antigo convento),  abriga duas associações diferentes mas ambas destinadas à dança:  Le Centre Chorégraphique National (CCN) de concebido por Bagouet, dirigido por Mathilde Monnier e atualmente por Christian Rizzo, e  Montpellier Danse, festival dirigido por Jean-Paul Montanari.

Nessa constelação criada pelo festival, reunindo artistas franceses e internacionais para um público vindo de horizontes diversos e espalhados pela cidade, o festival marcou seu papel fundamental de nutrir e enriquecer a paisagem da dança contemporânea.

Na sequência à esse artigo, partilharei novos textos emergentes das reflexões sobre outras atividades e dispositivos coreográficos que tive a oportunidade de participar durante o festival desse ano de 2023. Acompanhem!!! 

Site festival: www.montpellierdanse.com

Carmen Morais

Carmen Morais

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É artista da dança, arquiteta e instrutora de yoga. Mestre em Dança pela Universidade Paris 8 com a pesquisa sobre a dança in situ/ site specific no espaço urbano. É idealizadora e diretora do “Núcleo Aqui Mesmo” que apresenta como eixo principal a pesquisa sobre arte e espaço urbano, mais precisamente sobre a questão da espacialidade em dança dentro de propostas in situ/ site specific tem como objetivo viabilizar projetos em dança in situ estabelecendo parcerias com artistas da dança e de outras linguagens artísticas, como arquitetura, fotografia e vídeo. O Núcleo tem viabilizado a criação de suas performances através de diversos prêmios e editais tais como: Funarte, ProAC e Fomento à Dança de São Paulo. Em 2015 publicou o livro  A dança in situ no espaço urbano e organizou, junto com Ana Terra,  a publicação Situ (ações) – caderno de reflexões sobre a dança in situ . Ambas publicações foram realizadas através do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna (2013) pela editora Lince. Nos últimos anos, tem seguido sua pesquisa artística munida de um profundo interesse pela interação entre arte da dança, ambiente/natureza e cura. Mais infos: www.nucleoaquimesmo.com | www.instagram.com/nucleoaquimesmo | www.instagram.com/umacarmen