De 20 de junho ao 04 de julho desse ano, aconteceu a 43ª edição do consagrado festival de dança, “Montpellier Danse” na cidade de Montpellier / França.
Célebre por fomentar e difundir, nas últimas décadas, a dança contemporânea francesa e internacional, o festival teve como eixo central a questão da memória da dança contemporânea e suas novas criações.
Para cercar essa reflexão, a estratégia de curadoria do diretor do festival, Jean-Paul Montanari, consistiu em programar a apresentação de espetáculos de coreógrafos que marcaram a história da dança contemporânea, como: Pina Bausch,Dominique Bagouet, Jean-Claude Gallota e Angelin Preljocaj alternando com criações atuais de coreógrafos não só franceses e europeus, mas também africanos e israelenses por exemplo.
Além da apresentação de espetáculos, outras atividades compuseram a programação do festival: aulas de dança (Grands Leçons de Danse), ocupações no espaço público da cidade e mesas redondas.
Nesse prisma, o festival buscou impulsionar a reflexão sobre questões essenciais como:
O que seria a fidelidade à criação original de uma obra coreográfica? Quais estratégias adotadas pelos coreógrafos para o processo de re-apresentação de uma obra datada? Qual o papel dos novos intérpretes na apresentação da obra para um público atual? Há necessidade de recriar alguns aspectos da obra para lhe assegurar uma melhor recepção nas novas gerações? Qual a essência da autoria dessas peças de coreógrafos notórios na história da dança contemporânea?
Lugares diferentes da cidade acolheram as atividades do festival. Na minha trajetória para além da dança, à partir da formação como arquiteta e urbanista, partilho um olhar especial sobre o investimento da cidade na cultura através de diferentes espaços.
Montpellier é uma das cidades candidatas ao titulo de Capital Européia da Cultura 2028, vemos um território efeverscente na fomentação e difusão de diferentes linguagens artísticas para além da dança.
Vale ressaltar a quantidade de grandes teatros e espaços cênicos que a cidade possui e que acolheram o festival, entre os quais: Opéra Comédie, Ópera Berlioz-Le Corum, Hangar Théatre, Théatre de la Vignete e o Théatre de l’Agora. Em especial, esse último, o l’Agora – cité internationale de la danse, além de um palco à céu aberto e de uma beleza ímpar (edifício de monumento histórico da cidade e antigo convento), abriga duas associações diferentes mas ambas destinadas à dança: Le Centre Chorégraphique National (CCN) de concebido por Bagouet, dirigido por Mathilde Monnier e atualmente por Christian Rizzo, e Montpellier Danse, festival dirigido por Jean-Paul Montanari.
Nessa constelação criada pelo festival, reunindo artistas franceses e internacionais para um público vindo de horizontes diversos e espalhados pela cidade, o festival marcou seu papel fundamental de nutrir e enriquecer a paisagem da dança contemporânea.
Na sequência à esse artigo, partilharei novos textos emergentes das reflexões sobre outras atividades e dispositivos coreográficos que tive a oportunidade de participar durante o festival desse ano de 2023. Acompanhem!!!
Site festival: www.montpellierdanse.com