Por Linhas

Categoria

Materiais Gráficos

Subcategoria

Vídeodança

Ano

2023

País

Brasil

Estado

CE

Cidade

Fortaleza

Descrição

O vídeodança “Por linhas”, traz um solo de improvisação em dança contemporânea, no qual Natalia experimenta composições com as linhas de bordado e os tecidos de suas coleções. Este trabalho artístico converge várias discussões da pesquisa doutoral em dança, cujo foco é refletir sobre o aleijar-se na dança como uma prática de atenção. Por Linhas nasce de uma relação entre a ação capacitista que ela sofreu na escola em um exercício de borado, e as afetações que conseguiu construir com esse objeto e pessoas íntimas. “Eu tenho uma coleção de novelos de linha, mais ou menos desde os oito anos de idade, que guardam vários entrelaçamentos de memórias, relações afetivas com minha avó, e também experiências do desenvolvimento da deficiência visual”. Das memórias e experiências, algumas coisas entram em evidência: a estética de suas formas, cores e texturas;   o diálogo entre as linhas, a agulha e o meu corpo, e o ato de bordar; o afeto que criou com os objetos pelas lembranças; bem como em construir um obra acessível cujos recursos assistivos são elementos poéticos de sua composição.

Na infância foi colocada para realizar um bordado. E isto provocou várias reverberações que hoje observa como pessoa com deficiência, em construção política, ética, individuante e social. Por causa desse processo de aleijamento, ou de aleijar-me, conseguiu fazer uma análise crítica em movimento sobre corpo, adequação, poética e estética em dança; “Consigo perceber as opressões sofridas por uma criança que foi educada para se “encaixar”, que foi feita a acreditar que o corpo dela não era “capaz”. Meus olhos se apertavam para enxergar a agulha que fazia, o que para mim, era um furo minúsculo e uma linha quase imperceptível. Pergunto: e qual seria o tamanho e espessura da agulha e da linha que seria acessível para a visualização de meu corpo?”

Assim, buscou desenvolver um jogo estético com proporções e desproporções. Se bordar com as linhas não é algo que dialoga com seu corpo, utiliza tecidos coloridos ao invés de linhas, sendo que a agulha e o bordado são o seu próprio corpo dançando com esses tecidos, em diversas qualidades de movimento, velocidade, volume.

O processo de composição nasce do texto que Natalia havia escrito de sua história com as linhas para um edital, que não passou. Desejava criar uma audiodescrição, criar dança, a partir do texto. Então, primeiro foi entender como gostaria de colocar a locução da audiodescrição, mesclando o texto narrativo e a descrição dos movimentos.  Esteticamente desejava criar uma experiência auditiva com a audiodescrição, que todas as pessoas ouvintes pudessem acessar, e por essa razão, também investiu em trabalho vocal como volume, entonação, pausa, velocidade: um um processo criativo como atriz, que foi sua primeira formação.