Foto de Sônia Parma – Acervo CCSP.
A dança brasileira se despede de Yolanda Amadei, bailarina, coreógrafa e professora de expressão corporal, que faleceu ontem, 20 de setembro de 2025, aos 96 anos. Nascida em 12 de agosto de 1929, no Rio de Janeiro, construiu sua formação e carreira artística em São Paulo, cidade que acolheu sua vida e sua arte desde a juventude.
Infância e formação
A infância de Yolanda foi marcada por dificuldades. Aos 10 anos, viu sua família desestruturada pela doença do pai, que permaneceu internado por oito anos. Pouco tempo depois, mudou-se para São Paulo para viver com tios. Foi ali que iniciaria sua relação profissional com a dança.
“Somente a partir daí é que fiz toda a minha carreira. Sou muito grata a São Paulo por ter me dado essa chance. Sou agradecida também à Prefeitura, uma grande parceira da minha carreira porque fui funcionária municipal durante dezessete anos”, declarou em depoimento registrado pelo IDART – Centro Cultural São Paulo.
Uma geração marcada pela cultura
Desde criança, Yolanda se interessou por dança, teatro e artes em geral. Cresceu em um período fértil da cultura brasileira, quando Heitor Villa-Lobos esteve à frente do Ministério da Educação e Cultura. Ele tornou obrigatórias as aulas de canto, folclore e visitas a museus nas escolas primárias.
“Íamos a concertos matinais com o maestro Eleazar de Carvalho, a exposições; cheguei a assistir a um espetáculo de dança”, recordava. Essas vivências ampliaram sua sensibilidade e direcionaram sua escolha artística.
Formação e carreira
Yolanda iniciou seus estudos de dança em 1952, quando integrou o primeiro curso oficial de dança moderna no MASP – Museu de Arte de São Paulo. Estudou com Yanka Rudzka e Maria Duschenes, no balé clássico com Vaslav Veltchec, e também se formou em danças medievais, renascentistas e na dança moderna americana.
Foi professora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e da Escola de Teatro da Universidade do Pará, além de ter atuado em outras instituições de ensino, como em Salvador na fundação da primeira escola de dança universitária do Brasil.
Durante sua carreira como bailarina, coreografou seus próprios solos. Mas sua principal atividade como coreógrafa foi no teatro, tendo assinado aproximadamente 40 montagens junto a grupos universitários nos anos 1960 e às entidades onde lecionou.
Entrevista para o Portal MUD
Em 2016, Yolanda concedeu entrevista para o Portal MUD para a exposição virtual “Maria Duschenes: Expressão da Liberdade”, gravada na Livraria Cultura, em São Paulo. A entrevista está disponível aqui.
Um legado para a dança brasileira
Com uma trajetória que atravessou palcos, universidades e a formação de gerações de artistas, Yolanda Amadei deixa um legado de resistência, pesquisa e criação. Sua contribuição é parte fundamental da memória da dança em São Paulo e no Brasil.
O velório acontecerá na segunda-feira, 22 de setembro de 2025, das 12h às 16h, no Cemitério do Araçá, em São Paulo.
O Portal MUD presta sua homenagem a esta grande mestra, cuja vida e obra permanecem essenciais para a história da dança no país.
Referência:
Memória da Dança em São Paulo [recurso eletrônico] / organizadoras Maria Cristina Barbosa Lopes Coelho, Renata Ferreira Xavier – São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 2007. 92 p. em PDF – (Cadernos de pesquisa; v. 4). Disponível clicando aqui.
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