Já está online o documentário “Maria Meló e o método Cecchetti: a maestria na arte de ensinar balé”.
Este documentário é antes de tudo uma homenagem a grande mestra de balé D. Maria Meló. Busca tornar público informações sobre ela e sua metodologia de ensino, referência para muitos artistas da dança paulistana e brasileira.
A partir de depoimentos de personalidades da dança sobre suas experiências de estudo e aprendizagem com D. Maria, o documentário procura compartilhar de forma efetiva um conhecimento importante para o entendimento da história da dança no Brasil, que ainda se preserva graças à transmissão oral.
Maria Meló nasce na cidade de Milão, Itália, no dia 10 de agosto de 1911. Aos nove anos de idade ingressa na escola de balé do Teatro alla Scala, em Milão. Meló inicia seus estudos com quem considera seu grande maestro, Enrico Cecchetti (1850-1928) que é contratado em 1923, como diretor e professor da escola de balé deste Teatro. Forma-se em 8 de julho de 1929, aos 17 anos, menos de um ano após a morte de seu professor.
Ao completar 18 anos se casa com o maestro Ario Tonini (1896 – 19?) com quem tem duas filhas – Anna e Bianca. Neste período desliga-se do Teatro por quatro anos e retorna como bailarina do Corpo de Baile em meados de 1933, dançando nas diversas montagens de balés e óperas.
No mês de agosto de 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, o Teatro alla Scala sofre um bombardeio e seu interior é praticamente destruído. Após três anos o teatro retoma as suas atividades e Maria Meló regressa à escola em 1947, assumindo o cargo de professora/maestra. É neste período que cria um projeto considerado pioneiro: aulas de balé exclusivas para meninos. Ao mesmo tempo em que ministra aulas no Teatro, mantém a própria escola particular, na cidade natal.
Meló permanece no organograma de professores do Teatro até 01 de outubro de 1950, época em que decide vir ao Brasil visitar sua filha Anna, o genro Piero e a neta, que residem no Rio de Janeiro. Sua chegada data de 1952, resolvendo não mais voltar à Itália recebe, em 1960, o registro definitivo de permanência no país. A passagem pela cidade carioca é breve e, em 1953 ingressa na Escola Municipal de Bailado (EMB), de São Paulo, para preparar duas estudantes da escola – Aracy Evans e Lia Marques – que participariam da audição do Ballet do IV Centenário [1].
Ainda no mesmo ano, inaugura sua primeira escola localizada na Rua Vinte e Quatro de maio, no bairro da República, em São Paulo. Pouco tempo depois, transfere a escola para a Alameda Lorena, no Jardim Paulista, se estabelecendo neste local até 1965. Na ocasião, é convidada por Dalal Achcar para ser professora na Escola Estadual de Dança Maria Olenewa (EEDMO), do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Permanece no Rio de Janeiro até 1966, quando segue para Salvador (BA), também a convite de Dalal para dar aulas na Escola de Ballet do Teatro Castro Alves (Ebateca) [2].
Retorna para São Paulo (1967) passando um breve período na EMB como professora e, posteriormente, reinicia suas aulas em estúdios particulares. Como homenagem à sua dedicação ao desenvolvimento da dança, recebe em 29 de julho de 1988, a Medalha do Mérito Artístico da Dança do Conselho Brasileiro da Dança (CBDD), órgão vinculado ao Conséil International de la danse (CIDD-UNESCO).
A mestra permanece ensinando na sua escola até 1985. Nas salas em que transmite seu conhecimento, muitos bailarinos estiveram presentes, como: Aracy Evans, Bia Whitaker, Cacá Ribeiro, Célia Catunda, Célia Gouvêa, Cláudia Rydlewski, Dulce Pessoa, Eletra Frasson, Elise Ralston (1960-2010), Helena Bastos, Helena Ciampolini, Hulda Bittencourt, Iracity Cardoso, Ismael Guiser (1927-2008), J.C. Violla, João Andreazzi, Leda Catunda, Lenira Rengel, Lia Marques, Luciana Gandolfo, Marilena Ansaldi, Mozart Xavier (1919 – ?), Olivia Frate, Patricia Gaspar, Paulo Contier, Renata Melo, Rosa Hercoles, Rose Akras, Ruth Amarante, Sérgio Bolliger, Sophia Bisilliat, Soraya Sabino, Suzanne Oussov, Toshie Kobayashi (1949-2016) e Zélia Monteiro.
Ao longo do seu percurso profissional, Maria Meló compartilha um importante legado de conhecimento, tanto sobre o entendimento da história da dança europeia, como referente às distintas metodologias de ensino. Ao trazer para o Brasil o ensinamento de Enrico Cecchetti, esse torna-se referência para muitos artistas da dança paulistana e brasileira.
Melô falece na cidade de São Paulo, no dia 21 de janeiro de 1993.
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[1] Companhia fundada no ano de 1953 como parte das comemorações ao aniversário de 400 anos da cidade de São Paulo, finalizando suas atividades em 1955.
[2] Fundada em 1962, é a primeira escola de balé da Bahia e do Norte/Nordeste do país, tendo como método de ensino a Royal Academy of Dance de Londres.
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