Dual e Theatro Municipal realizam 3ª edição do curso História Prática da Dança no Brasil

Crédito das Fotos: Juan Felipe Moreira

Com inscrições gratuitas até terça (15/ago), atividade vai selecionar 40 pessoas para vivência imersiva em seis danças brasileiras

A Dual e o Theatro Municipal de São Paulo recebem inscrições para a 3ª edição do curso História Prática da Dança no Brasil até a próxima terça (15/ago). Os encontros serão realizados de 7 a 10 de setembro, na Praça das Artes, em São Paulo. A inscrição é grátis e feita pelo formulário disponível no site dual.art.br.

Nos encontros, com música ao vivo coordenada por Lucas Brogiolo, serão vivenciadas na prática seis danças desenvolvidas no Brasil e suas relações com seus contextos históricos, sociais, culturais e filosóficos: BOI-BUMBÁ DE PARINTINS, MACULELÊ, LUNDU MARAJOARA, SAMBA DE GAFIEIRA, dança do MESTRE SALA E DA PORTA BANDEIRA e KOHIXOTI KIPAÉ (DANÇA DA EMA) do povo Terena.

O curso tem coordenação pedagógica de Mônica Augusto e Ivan Bernardelli, fundadores da Dual, e participação de mestres da cultura tradicional e popular que pesquisam e vivenciam especificamente cada uma dessas danças. “Desta forma, abre-se espaço para que os participantes se aproximem de contextos, agentes e paisagens para experimentar, na prática, histórias e desenvolvimentos destas manifestações no tempo”, apontam os coordenadores.

Transitando por danças indígenas, das diásporas centro-africanas e da África do Oeste, pelas danças populares do período colonial, danças dos salões da corte e nos terreiros no Brasil no século XIX e por danças populares urbanas dos séculos XX e XXI, este curso traça uma perspectiva da História do Brasil por meio da dança e reflete sobre como os diferentes contextos políticos, sociais e culturais influenciaram e foram influenciados por tais manifestações artísticas desenvolvidas e praticadas no país.

O curso é direcionado a profissionais e estudantes das áreas de história, sociologia, antropologia, educação, artes cênicas, dança e performance; professoras, professores, pesquisadores, pesquisadoras e estudantes universitários e secundaristas, acolhendo também demais pessoas interessadas na cultura popular brasileira.

Este projeto foi contemplado pela 33ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura. É uma realização da Dual, com apoio da Sustenidos e Fundação Theatro Municipal de São Paulo e produção da Périplo.


MESTRAS E MESTRES CONVIDADOS

Adriana Gomes (São Paulo-SP): Dança do Mestre Sala e Porta Bandeira

Elio Siqueira (Parintins-AM): Boi Bumbá de Parintins

João Carlos Ramos (Rio de Janeiro-RJ): Samba de Gafieira

Maria Nazaré Do Ó (Belém-PA): Lundu/Carimbó

Aldeia Indígena Kopenoti – Etnia Terena (Araribá-SP): Dança da Kipae (Dança da Ema) e Dança Sipúterena

Valmir Martins (Santo Amaro-BA): Maculelê


CURSO HISTÓRIA PRÁTICA DA DANÇA NO BRASIL

CRONOGRAMA

1 a 15 de agosto de 2023: Período de Inscrições

16 a 20 de agosto de 2023: Avaliação das Inscrições

21 de agosto de 2023: Divulgação do Resultado

7 a 10 de setembro de 2023: Encontros Presenciais do Curso


INSCRIÇÕES GRÁTIS

Preencher o formulário no site dual.art.br

40 vagas

Curso História Prática  da Dança no Brasil. Foto Cibele Appes

SOBRE O CURSO

Em 2017, a Dual realizou a primeira edição do curso “História Prática da Dança no Brasil” na Sala Renée Gumiel, na Funarte São Paulo, na qual propôs uma divisão em quatro períodos históricos (Pindorama, Brasil-Colônia, Brasil-Império e Brasil-República), com as danças: xondaro Guarani, capoeira, jongo, catira, bumba-meu-boi, balé, moçambique de bastão, frevo e passinho. A segunda edição foi realizada em 2020 e ocupou a Praça das Artes. Contou com 56 participantes e as danças: coco de trupé, chula gaúcha, congado, moçambique de gunga, danças cênicas, cavalo marinho, quadrilha, dança do bambu, dança do arrocha e caboclinho.


SOBRE AS DANÇAS

DANÇA DO MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA

Este encontro aborda o complexo cultural representado pela dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira, bailado de fundamento com gestos baseados na proteção e apresentação do Estandarte, símbolo maior que unifica comunidade, território e Escola de Samba. Quem conduz os participantes neste bailado é a porta-bandeira Adriana Gomes.

BOI BUMBÁ DE PARINTINS

A dança presente nas coreografias do boi-bumbá apresenta aspectos que se relacionam com a história do festival de Parintins, que ocorre todos os anos na cidade de mesmo nome, no Estado do Amazonas. O festival é fundamentalmente construído a partir da rivalidade entre dois grandes grupos: o Garantido, fundado em 1913 e que leva a cor vermelha, e o Caprichoso, fundado no mesmo ano sob a cor azul. Ambos os bois possuem elementos sofisticadíssimos, chamados “itens”, que configuram uma verdadeira ópera popular a céu aberto. Quem conduz os participantes nesta oficina é Élio Siqueira, um dos coreógrafos do boi Garantido.

SAMBA DE GAFIEIRA

A partir do século XIX, de norte a sul do país há registros da presença de mestres de dança franceses e italianos ensinando passos para damas e cavalheiros que aspiravam se aproximar, cada vez mais, dos círculos da Coroa Portuguesa. Ao mesmo tempo, nas camadas populares, as danças de salão também passavam a ser praticadas, traduzindo-se os passos sob outras influências musicais: não mais os violinos barrocos dos salões imperiais, e sim os cavaquinhos, surdos e pandeiros. Este workshop prático aborda o samba de gafieira do início do século XX a partir da experiência de João Carlos Ramos, professor, dançarino e coreógrafo carioca.

LUNDU/CARIMBÓ

Alvo de diversas proibições e repressões, a prática do lundu enfrentou muitas polêmicas ao longo dos tempos. Dançado nos terreiros pelos povos que foram raptados e trazidos escravizados ao Brasil a partir do século XVII, a dança de movimentos rebolados e sensuais provocou controvérsias tanto na corte portuguesa quanto na Igreja Católica, tendo sido proibida no Brasil e em Portugal durante longo período, fato que acendeu ainda mais a curiosidade para esta dança. Embora tenha se transformado em canção urbana, recomposta no século XX por músicos que preconizaram o samba no Brasil, uma modalidade de lundu é bastante praticada, atualmente, no Estado do Pará, indicando um encontro entre a dança centro-africana e a encantaria indígena, assimilando figuras como o boto e a mãe d’água.

DANÇA DA KIPAE (DANÇA DA EMA) E DANÇA SIPÚTERENA

Kohixoti Kipaé é uma dança tradicional do povo Terena executada ao som de tambores, flautas e da percussão de grandes taquaras. Nela, há diversas relações com a ema, ave que estabelece uma importante conexão com a mitologia Terena, além de emprestar suas penas para a confecção de saias e cocares, de acordo com a tradição. Nesta oficina, coordenada por um grupo da aldeia Kopenoti, os participantes conhecerão os movimentos coreográficos e a relação da dança com aspectos da guerra e dos deslocamentos territoriais dos Terena no território brasileiro, expressos através da dança. A dança masculina é o Kipae (ema) e a feminina, a Sipúterena.

MACULELÊ

Uma dança que simula um combate rememora lendas associadas à luta pela sobrevivência. O tráfico e a escravização de pessoas principalmente da África centro-ocidental e da África do Oeste foi o motor para a operação da empresa colonial portuguesa no Brasil. A resistência ao sistema colonial fez emergir uma poderosa cultura, que encontrou no bailado combativo do maculelê um dos suportes de resistência e de reconstrução das culturas originárias dos povos africanos escravizados.


SOBRE AS MESTRAS E MESTRES

ADRIANA GOMES (São Paulo-SP)

Produtora de Eventos e Porta Bandeira há 24 anos, foi seis vezes campeã do Carnaval. Iniciou sua carreira na Escola de Samba Só Vou se Você For em 1999. No ano 2000 foi Porta-Bandeira da Escola de Samba Tom Maior, de 2001 a 2012 foi Porta-Bandeira da Escola de Samba Mocidade Alegre e, de 2014 em diante, seguiu como Porta-Bandeira da Mancha Verde.

ELIO SIQUEIRA (Parintins-AM)

Coreógrafo de Danças Folclóricas e Dança Contemporânea, Elio é graduado em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Unopar. Coreógrafo há 26 anos no Festival Folclórico de Parintins, 23 anos atuando como coreógrafo na Associação Folclórica Boi Bumbá Garantido, passou 3 anos como coreógrafo na Associação Cultural Boi Bumbá Caprichoso. Atualmente é Coordenador Geral de Coreografias do Boi Bumbá Garantido, Instrutor do Curso de Dança Laboratório Corpora – Dança Contemporânea e Dança para Criança no Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro – Unidade Parintins.

JOÃO CARLOS RAMOS (Rio de Janeiro-RJ)

Coreógrafo, bailarino e professor de dança. Nascido e criado nos subúrbios do Rio de Janeiro, iniciou sua trajetória artística na década de 80, no Grupo Coringa Dança, da coreógrafa Graciela Figueroa. Em 1985, no Circo Voador, fundou a Cia Aérea de Dança, com a qual criou diversos espetáculos, destacando “Mistura e Manda” (1992), apresentado no Brasil, Estados Unidos, França, Alemanha, Holanda, Bélgica e Suíça; “Gira”, criado para o “Ano do Brasil na França” (2005); “Gaffe” (2013-2015), Nexo (2016) e Terreiro de Gafieira (2017), além de criações coreográficas para Globoplay, TV Globo, shows e clipes de Jorge Ben Jor, Lulu Santos, Fernanda Abreu, Zeca Pagodinho e Paulo Moura.

MARIA NAZARÉ DO Ó (Belém-PA)

Conhecida como Mestra Nazaré do Ó, é mestra de carimbó reconhecida pelo Minc em 2007 no Seminário Nacional de Culturas Populares. Licenciada em Artes Práticas – Técnicas Comerciais, Educação Artística e Artes Plásticas. Pós-graduada em Literatura Infantil e Juvenil com especialização em Educação Ambiental. Nascida na cidade do Soure, Pará, neta de indígenas e franceses, mudou para Belém aos treze anos, onde passou a ter contato direto com a cultura popular através de sua mãe e avó indígenas.  Na universidade, aprofundou-se no estudo do folclore. Através de pesquisas e vivências e chegando à conclusão do curso, criou o grupo Musical Águia Negra, no qual seu esposo é intérprete de suas músicas. Também criou o grupo Parafolclórico Vaiangá, que participava de diversos festivais, trazendo para Belém o troféu POMONA.

ALDEIA INDÍGENA KOPENOTI – ETNIA TERENA (Araribá-SP)

De origem Aruak, os Terena são povos agricultores e, sob esta base, organizam-se dentro da comunidade. Dentro dela, é muito comum a prática da agricultura familiar, como as plantações de xúpu (mandioca), soporo (milho), mo’in (abóbora) e koê (batata), que são as bases alimentares do povo Terena. Também já foi muito comum as plantações de algodão e produção com tecelagem e argila pelas mulheres. Sobre a dança, como todos os rituais de representação cultural, seja comida, artesanato e pintura, todos eles são cheios de significados. Na dança, os passos, a pintura e as cores têm muita simbologia, por exemplo, a pintura que utiliza quatro cores: vermelho e preto que representam os Terenas Supriquiano, que são indígenas guerreiros, e azul e branco, que são Terenas Xumunó, que são povos mais resilientes.

VALMIR MARTINS (Santo Amaro-BA)

Mestre de Maculelê, filho de mestre Vavá do Maculelê e da Mestra Nicinha do Samba, iniciou no Maculelê com dois anos de idade. Na Rua da Linha fez seus primeiros passos de maculelê, foi crescendo e desenvolveu esta dança com seus pais e os componentes do grupo de seu avô Popó, fundador do Maculelê em Santo Amaro na Bahia. Além da convivência, com anos de práticas foi se desenvolvendo e hoje, como Mestre de Maculelê, já viaja para destinos como Dacá, na África, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Espanha, França, Itália, Suíça, Portugal, Estados Unidos, fora todos os estados do Brasil por onde já passou levando a tradição do Maculelê. Esta trajetória foi construída como líder de um grupo de Maculelê, Samba de Roda, Afoxé e Mestre de Percussão.


SOBRE A DUAL

Criada em 2011, a Dual é dirigida por Mônica Augusto e Ivan Bernardelli. Realiza pesquisas artísticas a partir de mitologias e fenômenos históricos associados à cultura brasileira. Sua trajetória teve início com o espetáculo “Duo Para Dois Perdidos”, inspirado no universo do dramaturgo brasileiro Plínio Marcos. Em 2014, evocou as tensões religiosas do Brasil colonial para criar o espetáculo “Terra Trêmula”. Em 2016, através de intercâmbios realizados na aldeia Guarani Guyrapa-Ju, criou “Profetas da Selva”. Em 2017 estreou “Chulos”, espetáculo inspirado na mitologia ao redor das Folias de Reis e, em 2018, criou “Tríptico Sertanejo”, espetáculo que adentrou os sertões brasileiros e trouxe à cena as complexas paisagens, mitologias e modos de ser sertanejos. Atualmente dedica-se à criação do espetáculo Pavão Misterioso, baseado no romance de cordel. Participou de importantes festivais de norte a sul do país e no exterior. A companhia realiza ainda atividades pedagógicas em diversos formatos, com destaque para o Curso História Prática da Dança no Brasil, além da publicação “Lanternas No Caos. Uma História da Dança no Brasil”.

PREMIAÇÕES DA DUAL

Prêmio Denilto Gomes 2021 (plataforma de múltiplas ações colaborativas)

Prêmio FETEG 2019 (Festival de Teatro de Guaranésia, MG): Prêmio Visualidades Corpóreas, Prêmio Ecologia Sonora e Prêmio Melhor Espetáculo na categoria alternativo.

Prêmio Arte e Inclusão 2018 (Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência – SP)

Premiada na categoria dança pelo Prêmio Brasil Criativo (2016)


SOBRE O THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

O Theatro Municipal é um equipamento cultural da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo e está sob gestão da organização social Sustenidos. Além do icônico e centenário prédio do teatro, as atividades são realizadas também na Praça das Artes que, juntamente com os corpos artísticos, integram o Complexo do Theatro Municipal.

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