Fortalecendo a Dança no Brasil: discussões e resoluções do encontro com a ministra Margareth Menezes

Crédito das Fotos: Filipe Araújo/MinC

No dia 27 de agosto de 2024, o Fórum Nacional de Dança e a Frente Parlamentar da Dança se reuniram com a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, para discutir questões cruciais para o setor de dança no Brasil. Estiveram presentes os deputados Carlos Zarattini, Alice Portugal e Jandira Feghali, representando a Frente Parlamentar da Dança, além de membros do Fórum Nacional de Dança e representantes de outras entidades culturais, incluindo

– Rui Moreira, diretor de Artes Cênicas da Funarte

– A Diretoria de Políticas para os Trabalhadores da Cultura, representada por Deryk Santana e Ângelo Raniere

– Cléia Placido, presidente da Cooperativa Paulista de Dança

– Marluce Medeiros, profissional da dança e presidente do Sindicato dos Profissionais de Dança do Estado do Rio de Janeiro

– Representantes do Fórum Nacional de Dança: Dulce Aquino, Katya Gualter, Marise Siqueira, Marília Rameh, Sandro Borelli e Talita Bretas

Principais Resoluções e Discussões:

1. Regulamentação da Profissão da Dança:

– O principal ponto discutido foi o avanço do projeto de lei que regulamenta a profissão de dança, atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados. Relatado por Alice Portugal, o projeto é considerado essencial para a formalização e valorização dos profissionais da dança no Brasil. 

– Emenda de Texto: Durante a reunião, foi sugerido que o Fórum e o Ministério da Cultura revisem o texto do projeto para garantir sua atualização antes da votação final. Entretanto, a deputada Jandira Feghali alertou que alterações significativas poderiam atrasar a aprovação ao exigir um retorno ao Senado. Como solução, sugeriu-se a realização de uma “emenda de redação”, que permitiria corrigir ou atualizar o texto sem modificar seu conteúdo fundamental, evitando assim a necessidade de retorno ao Senado.

2. Inclusão da Dança no MEI (Microempreendedor Individual)

A inclusão da profissão de dança na lista de atividades permitidas para o MEI foi amplamente discutida. Esse reconhecimento permitiria uma maior formalização dos profissionais da dança, facilitando sua contratação e acesso a direitos trabalhistas básicos, sugerindo a retirada da palavra “exceto dança”, além da preocupação da garantia de direitos já adquiridos. Que não se entenda MEI com empresa, e sim como forma de contratação, tendo direito a acordos e convenções coletivas que arbitram sobre as remunerações e as relações de trabalho aos profissionais em regime de contratação como microempreendedor individual, microempresa, pessoa jurídica nos formatos existentes ou que venham a ser constituídos nos casos em que o titular proprietário seja o próprio trabalhador, sem funcionário, como versa a PL 152/22

Status: A Ministra Margareth Menezes reconheceu a importância da pauta e mencionou que esforços estão sendo feitos para dialogar com o Conselho Nacional do Simples, responsável pela regulação do MEI, para viabilizar essa inclusão.

3. Aposentadoria Especial para Profissionais da Dança:

Carlos Zarattini levantou a questão da aposentadoria especial para profissionais da dança, considerando o desgaste físico inerente à profissão. No entanto, foi discutido que a aposentadoria especial por categoria foi declarada inconstitucional, o que representa uma barreira significativa para essa reivindicação.

Discussão: O tema é sensível e complexo, e qualquer avanço dependeria de um esforço coordenado com o Ministério da Previdência para encontrar alternativas viáveis dentro do quadro jurídico atual.

4. Desafios na Contratação de Artistas via Editais:

Representantes do Fórum de Dança relataram dificuldades enfrentadas por artistas, especialmente na Amazônia, para acessar editais devido a exigências fiscais e burocráticas, como irregularidades com o MEI e emissão de notas fiscais. 

Foi solicitado o fim da cláusula de barreira em editais da Petrobras, Caixa e Banco do Brasil quando o proponente for uma Cooperativa.

Ponto em Destaque: Discutiu-se a necessidade de considerar as especificidades regionais, como os custos na Amazônia, em editais futuros para garantir um acesso mais equitativo aos recursos.

5. Criminalização da Dança:

Uma preocupação levantada foi a crescente criminalização de certas formas de dança em municípios do interior do Brasil, onde práticas como funk e hip-hop, entre outras, estão sendo proibidas.

Proposta de Ação: A necessidade de uma resposta coordenada para combater esse conservadorismo foi discutida, com menções à importância de promover a dança como uma forma legítima de expressão cultural e artística, especialmente junto ao Ministério da Educação.

6. Articulação e Participação Social:

Os membros do Fórum de Dança solicitaram maior apoio institucional para garantir sua participação em debates e negociações que impactam o setor. Houve um apelo para que o Ministério da Cultura continue articulando as demandas do setor com outras áreas do governo. Foi também discutida a criação de novas cooperativas no Brasil como alternativa para acesso à informação e organização para os editais.

Encaminhamento: A Ministra Margareth Menezes reafirmou o compromisso do Ministério em apoiar o setor de dança e em facilitar o diálogo com outras pastas e instituições.

7. Questões de Fomento à Dança Nacional:

Discutiu-se o fortalecimento de editais específicos para a dança e a necessidade de repensar os mecanismos de fomento cultural para incluir de forma mais ampla as diversas realidades regionais e categorias profissionais.

Status Atual: Não foram estabelecidos encaminhamentos definitivos, mas a questão do fomento foi reconhecida como uma prioridade que deve ser abordada em futuras ações do Ministério.

Conclusão:

O encontro destacou a importância de fortalecer as políticas públicas voltadas para a dança. O Fórum Nacional de Dança sugeriu o investimento na formação em dança no nível médio, com a criação de cursos técnicos nos novos Institutos Federais instalados nas cinco regiões do país, em parceria com as universidades que oferecem Graduações em Dança. O Fórum também reiterou a necessidade de maior apoio institucional para garantir sua participação em debates e negociações que impactam o setor e se colocou à disposição para integrar grupos de trabalho do Ministério da Cultura e outras instâncias governamentais relacionadas à dança.

 

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Fórum Nacional de Dança

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O Fórum Nacional de Dança (FND) é uma associação fundada em 2001 frente à emergência advinda da ingerência do Conselho de Educação Física na área do ensino da dança. Sua criação foi baseada na busca por ações estruturadoras para o campo da dança em âmbito nacional tendo como princípio norteador a construção participativa. Sob essa perspectiva, o FND vem buscando o fortalecimento e autonomia da dança como área de atuação e de conhecimento, o que implica na definição de políticas específicas, próprias, nas mais diversas esferas e sua legitimidade enquanto tal, junto aos poderes constituídos e à sociedade civil.

Ao longo de duas décadas, o FND esteve ativamente envolvido em todas as pautas relacionadas à dança. Além de realizar congregações presenciais sistemáticas com pastas específicas, passando pelos estados do Paraná, São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, Paraíba, o FND participou da Câmara/ Colegiado Setorial de Dança entre os anos de 2005 a 2016, dos encontros promovidos pela Articulação Nacional da Dança e da Política Nacional das Artes entre os anos de 2015 e 2016. No contexto pandêmico, realizou um encontro via remota em 2021 com a participação de aproximadamente 300 pessoas fazedoras da dança.

Assim, o FND é detentor de um acúmulo e avanço nas pautas abarcadas pela dança. Realizou em 2023 o seu XVI encontro com a participação de representantes de todos os estados Brasileiros e em 2024 importantes reuniões, dentre as quais a audiência com a Ministra da Cultura Margareth Menezes. Destacamos em especial proposições e acompanhamento de temas que já tramitam no Congresso Nacional, como o Projeto de Lei que Regulamenta a Atividade dos Profissionais da Dança – PL no 4768/2016; Projeto de Lei Complementar para Aposentadoria Especial para o Profissional da Dança – PLP no 190/2015; e Projeto de Lei que inclui as atividades profissionais da Dança no rol das CNAEs para atuação como MEI, PLP no 47/2022.