Crédito das Fotos: Foto Marcelo Kahn @instakahn / Digital arte @maisplie /Obra original de Pablo Picasso
Eu, que não sou artista, não consigo entender muitas partes. Desde um simples compasso de oito até a linguagem da sétima arte.
Ingenuidade de gente medíocre. Eu sei, eu sinto, eu tenho, me faz parte.
Eu, que não sou artista, não compreendo a lógica da cena, a nobreza do motivo, a profundidade do tema e, as vezes, nem as letras miúdas do layout.
Ignorância genuína misturada com intensa infantilidade. Eu reconheço, eu vivencio, eu contenho, me fazem um todo (que é muito mais do que uma parte).
Eu, que não sou artista, não me preocupo com as discriminações da realidade. Não entendo de normas, diretrizes, números limítrofes nem sobre paletas arbitrarias de cores, alturas, pesos, crenças e identidades.
Análise falha de compreensão da realidade. Acho um título até bonito, embora eu tenha recebido em forma de diagnóstico, por gentes que compreendem de arte e entendem de normalidade.
Eu, que não sou artista, me emociono com rabiscos, chacoalho as pernas na poltrona da plateia, danço na sala de aula, choro na frente do LCD e sinto apertos e suspiros diante dos fatos e dos quadros.
Comportamentos inadequados que frequentemente são flagrados pelas pessoas a frente, a trás e aos lados. E despertam olhares, cochichos, bocejos, entortamento de lábios e alguns sorrisos; reações legítimas de um público que é qualificado.
Eu, que apesar de não ser artista, consigo entender que todos os dias muitos alguéns lutam pelo direito de poder ser. Mas não compreendo o porquê direitos precisam ser guerreados.
Eu, não artista, sonho, mesmo sem saber como, em poder fazer arte. Mas desentendo o porquê gente, que se entende sabida, de verdade, defende que é preciso ter e haver corações partidos para que artistas possam transformar isso em arte.