Crédito das Fotos: Giorgio Donofrio
Leda Maria Tronco é uma bailarina com paralisia cerebral que transcende limites, não apenas pelo seu talento artístico, mas também pela sua dedicação e paixão pela dança. Aos 63 anos, ela é uma presença marcante nos palcos e uma voz ativa nas iniciativas e políticas públicas ligadas às pessoas com deficiência. Sua jornada na dança começou em 2006, quando se uniu à Cia de Rodas para o Ar, sob a direção do coreógrafo Clayton Brasil. Apesar da paralisia cerebral que teve em sua infância, Leda encontrou na dança não só uma forma de expressão, mas também um meio de desafiar estereótipos e inspirar outros.
Meu amor pela dança nasceu na minha infância, mas foi ao assistir um espetáculo com bailarinos com deficiência que descobri que nós, pessoas com deficiência, podíamos dançar.
Desde então, sua carreira tem sido marcada por performances e contribuições significativas para o cenário artístico. Ao longo dos anos, Leda se tornou uma figura atuante na comunidade artística, mas também pelo seu compromisso com a militância pelas políticas públicas voltadas aos artistas com deficiência. Seu projeto “Unidos pela Dança” é um exemplo do seu desejo de criar um espaço onde bailarinos com e sem deficiência possam se reunir e criar juntos.
Em uma entrevista exclusiva para o Portal MUD, Leda compartilhou um pouco mais sobre sua pesquisa e trabalho em dança, além de sua visão para o futuro.
1. Primeiro Contato com a Dança: “Meu primeiro contato com a dança foi através de uma apresentação com os bailarinos com deficiência da Casa André Luiz, que assisti e que me fez descobrir que nós, bailarinos com deficiência, podíamos dançar. Desde aquele dia, sou bailarina. Comecei a me apresentar com a Cia de Rodas para o Ar, do diretor Clayton Brasil, nos eventos culturais da cidade de São Paulo. No ano de 2019, comecei a dançar solo, o que me fez ganhar o X Prêmio Denilto de Gomes de Dança 2023 pelo espetáculo O Encontro Comigo Mesma.”
Leda com Clayton Brasil. Fotógrafo Roberto Cândido
2. Principais Desafios: “Meu maior desafio como bailarina é quando muitas pessoas só veem minha deficiência e não a bailarina que está dançando. Mas estou conseguindo mudar o olhar de muitas pessoas com meu trabalho. Neste ano, eu e vários artistas e profissionais com deficiência enviamos uma carta para garantir nossos direitos na Lei Paulo Gustavo para a Ministra de Cultura Margareth Menezes. Conseguimos uma reunião online com o Ministério de Cultura.”
3. Rotina de Treinamento: “Com muito ensaio e cuidado para escolher as músicas para uma nova apresentação. Eu pesquiso as músicas e estou escrevendo coreografias para o meu novo espetáculo chamado ‘Renascer’. Mostro, quando danço, alegria cheia de emoções para que as pessoas possam ver além da minha deficiência.”
4. Mensagem para outras Pessoas com Deficiência: “Nunca desistam dos seus sonhos nem deixem que ninguém fale que vocês não são capazes de dançar e mostrem suas forças para as pessoas. Sigam com o sonho de serem bailarinos, porque a dança é tudo de bom nas vidas dos bailarinos com ou sem deficiência.”
Leda Maria Tronco, com sua determinação e paixão pela dança, não só desafiou os limites impostos pela deficiência, mas também inspirou outros a seguirem seus sonhos. Sua jornada artística é um testemunho vivo de como a arte pode transcender barreiras. Com projetos como “Unidos pela Dança”, ela continua a pavimentar o caminho para um futuro menos capacitista e plural no mundo da dança.