Joana Lopes (1938-2023): Lembranças de uma vida dedicada ao Teatro, à Dança e Educação

No último dia 29 de dezembro de 2023, despedimo-nos de uma figura marcante nas artes, Joana Lopes. Nascida em 14 de abril de 1938, Joana dedicou sua vida ao enriquecimento do cenário cultural brasileiro, destacando-se como pesquisadora, educadora e jornalista.

Joana era uma especialista nos processos criativos da dança e do teatro contemporâneos, envolvendo-se profundamente na pesquisa artística e acadêmica. Seu trabalho foi pioneiro, como evidenciado em seu ensaio antropológico “Somos todos atuantes alguns serão atores de profissão” (Pega Teatro – 1982), onde delineava o percurso do jogo, utilizando o vermelho como fio condutor.

Ao longo de sua carreira, Joana compartilhou sua expertise como professora de Expressão Dramática na Dança no Balé da cidade de São Paulo, na gestão Klauss Vianna (1928-1992), e como docente do Departamento de Artes Corporais na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Seu impacto ultrapassou fronteiras, sendo professora visitante na Universidade de Bolonha, Itália, e na Civica Scuola di Animazione Pedagógica di Milano, Itália, durante os anos de 1992 a 2000.

Além de suas contribuições no campo da dança, Joana inovou ao inaugurar a Coreotopologia, uma linha de trabalho que integrava arte e ciência, incorporando conceitos de física e matemática em sua metodologia de processo, seguindo seu conceito de Arte Ampliada.

Como dramaturga e diretora teatral, Joana deixou sua marca na história, criando e dirigindo notáveis “dramas sociais” nos anos 80, como os monumentais Vesperal Paulistânia (1983) e Tribunal Tiradentes (1984). Suas coreodramaturgias foram numerosas, sendo algumas destacadas, como A Flor Boiando Além da Escuridão, apresentada na Universidade de Bolonha, e o espetáculo Pra Weidt, O Velho, produzido pelo SESC e estreado na Bienal SESC de Dança em 2007.

Joana Lopes também se destacou como autora, com livros e artigos publicados no Brasil e no exterior, incluindo Pedrina e o Mar e o romance Depois da Festa. Ela foi uma das fundadoras do jornal Brasil Mulher, em 1975, um veículo feminista pioneiro que abordava temas considerados tabus na época.

Sua atuação estendeu-se para além das artes, sendo uma das pioneiras do processo de Teatro-Educação no Brasil. Uma vida dedicada à educação que foi documentada em um filme pela Ação Educativa, lançado em 27 de março de 2014, no Museu de Arte de São Paulo.

Joana Lopes, mãe de Uxa Xavier e Zéka Lopez, deixa um significativo legado familiar após seu falecimento, sendo lembrada como avó carinhosa de Anita Xavier e Tui Bizzo. Sua trajetória é uma fonte de inspiração para as gerações vindouras, uma narrativa que perdurará nas lembranças daqueles que compartilharam seu caminho. Que a paixão de Joana pelas artes e seu compromisso incansável com a igualdade e a educação sirvam de exemplo duradouro. Descanse em paz, Joana D’Arc Bizzotto Lopes.

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