Crédito das Fotos: Educação Integral. Acervo CENPEC
A ideia de Educação Integral reconhece que o desenvolvimento pleno de um indivíduo só é possível quando busca suas diferentes dimensões. Os processos pedagógicos devem articular, além dos aspectos cognitivo e intelectual, também com as dimensões física, afetiva, socioemocional, social e cultural. Entendendo essa complexidade educacional a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que orienta a formulação dos currículos dos sistemas de redes escolares do país, assegura e promove uma compreensão dos alunos em suas singularidades e diversidades. Com essa concepção torna-se capaz do aluno buscar elementos apreendidos em sala de aula unindo ao seu cotidiano para uma totalidade formativa educacional emancipatória e transformadora.
Visto que, a Educação Integral potencializa o indivíduo em suas diferentes dimensões partindo de um professor que facilita a compreensão do aprendizado, cria estratégias de aprendizagem, coloca o aluno como protagonista do ensino, usa de elementos de fácil compreensão e identifica quais pontos precisam ser trabalhados em aulas para esses alunos sempre estarem constante desenvolvimento e formação integral. Então como aplicar essa visão educacional para permear e auxiliar nas aulas de dança?
Primeiramente o professor de dança tem que estar ciente que não se deve estimular com que seus alunos decorem os passos; repitam várias vezes sem entender o que estão fazendo e os obrigue a estarem todos se movimentando iguais. Cada corpo tem seu processo de aprendizagem, assim como na educação regular, também na dança não é diferente e isso tem que ser respeitado.
O professor como mediador e facilitador deve estabelecer uma conexão com seus alunos e assim partir de uma avaliação formativa e individual, identificar quais são suas principais necessidades e desafios no processo de ensino na dança. Também é importante realizar uma avaliação diagnóstica, na qual é possível mapear os pontos fortes e dificuldades dos alunos da turma.
Isso é muito importante, pois, no ensino da técnica do ballet clássico, que tende a pasteurizar os movimentos e os alunos, esse olhar voltado para o indivíduo acaba se perdendo. Porém, esta não preocupação com indivíduo tem acontecido em aulas de dança, onde a tendência é despejar muita informação aos alunos a fim de visar somente o resultado final. Desse modo, cria-se coreografias elaboradas e difíceis, sem ter o cuidado de preparar os alunos para compreender o processo. Lembrando sempre que a dança é processual e para ter um bom resultado final é necessário ter um processo contínuo e sólido.
Outro aspecto interessante de se utilizar o conceito e aplicabilidade da Educação Integral nas aulas de dança, é perceber que os alunos vão se tornando autônomos e conscientes de seus corpos em movimento. Sim, a tão falada consciência corporal surge a partir de referências dadas pelo próprio professor durante as aulas, referências que podem ser teóricas e que abordam como, por exemplo: a anatomia humana; falar sobre a música; contextualizar a história da dança estilos e técnicas; abordar ideias de como se movimentar a partir de Klauss Vianna, Laban, etc e assim traçar um paralelo com a técnica de dança que está sendo ensinada.
O interessante é sempre fundamentar as aulas e estabelecer conexões que potencializam o desenvolvimento das dimensões dos alunos.
A dança como linguagem de ensino é capaz de fortificar a educação integral dos alunos, independente da técnica a ser ensinada. A dança é arte. É educação transformadora. Então, propícia a autonomia dos alunos, que identifica como usar seus conceitos, aspectos e ideias no cotidiano como formação de indivíduo atuante na sociedade, bem como, uma futura profissão.
E para finalizar, a ideia de conceber os conceitos da Educação Integral nas aulas práticas de dança para nós professores, citarei dois pensadores, professores e pesquisadores um da área da educação regular e outro da área da dança:
Paulo Freire dizia, a educação não tem que ser bancária, onde o professor deposita um monte de conhecimento e o aluno sequer interage ou entende aquela informação; e dizia Klauss Vianna, não decore os passos aprenda o caminho.
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