Sucesso de público, O Poço da Mulher-Falcão retorna em nova temporada no Sesc Consolação

Crédito das Fotos: Danilo Cava

Sob direção de Emilie Sugai e Fábio Mazzoni, a peça de teatro-dança, inspirada na obra do escritor inglês W. B. Yeats, explora o tema da imortalidade e da fragilidade da condição humana. A estreia será na quarta-feira, 17 de janeiro, às 20h

Sucesso de público, com ingressos esgotados entre novembro e dezembro de 2023, o espetáculo de teatro-dança “O Poço da Mulher-Falcão” volta em cartaz no dia 17 de janeiro, no CPT_SESC do Sesc Consolação. As apresentações serão nas quartas e quintas, às 20h; e no feriado (25/1), às 18h. A direção é de Emilie Sugai e Fabio Mazzoni, com a participação do performer Toshi Tanaka e figurinos de Telumi Hellen.

Inspirada na obra “At the Hawk’s Well”, do poeta e dramaturgo irlandês, William Butler Yeats, a narrativa da peça gira em torno da eterna busca da natureza humana pela imortalidade e pelo inacessível. No enredo, um velho homem e o jovem Cuchullain, herói da mitologia celta, desejam beber a água de um poço encantado para encontrar a sabedoria interior divina e alcançar a imortalidade. No entanto, o local é protegido pela enigmática guardiã, possuída por um falcão, que dança de forma mística, como uma ave de rapina, bela e mágica, frustrando os anseios dos homens.

A dança é o “instinto de vida”, que aspira em reencontrar a unidade entre o corpo e a alma, numa busca pela libertação alcançada no êxtase. De acordo com os xamãs, é pela dança que se consuma a ascensão para o mundo dos espíritos. Com seus movimentos mágicos, a Mulher-Falcão revela seus poderes sobrenaturais, trazendo o velho e o jovem para a realidade da vida terrena. Yeats exprime, pelo poder de sedução da dança, a necessidade do homem de livrar-se do perecível. O falcão é a perseguição do abstrato, o jovem é a natureza contraditória do sacrifício e o velho, a amargura, solidão e egoísmo.

Além dos personagens da peça, a encenação dá vida a ‘seres imaginários’, numa referência à obra “O Livro dos Seres Imaginários”, de Jorge Luis Borges, desempenhando um papel central na representação da conexão entre corpo e alma, e que emergem da escuridão, ligando-se às histórias pessoais dos artistas, e evocando mestres e ancestrais.

Foto Danilo Cava 

A narrativa é conduzida por uma coreografia que busca conectar o corpo individual ao coletivo, com influências do Suriashi japonês (deslizar com os pés) para trazer o mundo poético do corpo performativo, e uma aproximação com o butô pelo aspecto da leveza e do luminoso.

Com poucos elementos cênicos, a produção concentra-se na força do corpo, na sonoridade das vozes e em uma trilha sonora envolvente. O espaço é vazio, em um ambiente de pouca luz, onde sons de pássaros ecoam, e uma atmosfera de obscuridade e magia se desvela. Esta ausência de cenário, inspirada pelo minimalismo do Teatro Nô japonês, reflete a busca de Yeats por uma simplicidade que pudesse expressar a harmoniosa síntese de ideias, sentimentos e imagens.

Por outro lado, o figurino, apesar de parecer disforme à luz, ganha sentido quando explorado o conceito de sombra e luz, tornando-se um elemento estético, inspirado por artistas como Bosch e Caravaggio.

‘O Poço da Mulher-Falcão’ é o resultado desse experimento, uma obra que transcende fronteiras culturais, unindo de maneira única a tradição oriental com a interpretação ocidental. É uma celebração da dança, conduzida por Emilie Sugai, expoente do butô no Brasil e enaltecida pela participação do performer Toshi Tanaka.

Além disso, é marcada pelo trabalho de encenação concebido pelo diretor Fabio Mazzoni, inspirado pela forma de dirigir do encenador Antunes Filho, que o influenciou em sua formação durante a trajetória no CPT. Mazzoni cria imagens poéticas a partir dos elementos cênicos e objetos do próprio cenário, como o uso dos “panelões” de luz, que se integram perfeitamente à performance dos atores e atrizes, conferindo dinamismo à narrativa dramatúrgica e convidando o público a mergulhar no universo lúdico proposto pela interpretação e encenação. 

Residência Artística e sua contribuição para o espetáculo

A montagem é o resultado de uma série de experimentações e vivências envolvendo técnicas corporais, vocais, direção cênica, iluminação, performance, e a elaboração de figurinos e adereços. Todas essas atividades foram conduzidas durante a Residência Artística, no CPT_SESC, sob a orientação de Emilie Sugai, Fabio Mazzoni, Sandra-X e Telumi Hellen, culminando na criação deste espetáculo de teatro-dança, “O Poço da Mulher-Falcão”, inspirado na atmosfera doTeatro Nô.

Foto Danilo Cava 

Sinopse:

O Poço da Mulher-Falcão, aborda a eterna busca da natureza humana pela imortalidade e a procura pelo inacessível. No enredo da peça, um velho homem e um jovem herói da mitologia celta querem beber a água que brota de um poço encantado para encontrar a sabedoria interior divina e alcançar a imortalidade. Mas o local é protegido por uma guardiã, que, possuída por um falcão, dança de forma mágica, movendo-se como uma ave de rapina bela e ousada, frustrando o desejo dos homens.


Ficha Técnica:

O Poço da Mulher-Falcão – Inspirado na obra “At the Hawk’s Well”, de William Butler Yeats

Idealização, Concepção Geral, Direção e Dramaturgia: Emilie Sugai e Fabio Mazzoni | Coreografia: Emilie Sugai | Desenho de Luz e Sonoplastia: Fabio Mazzoni | Figurinos: Telumi Hellen | Preparação Vocal: Sandra-X | Assistente de Direção: Guilherme Marin | Assistente de Iluminação/Operação de Luz: Mafe Wagapoff | Assistente de Figurinos: Luciana Colucci | Elenco: Diego Brito, Driélly Moyanno, Duda Esteves, Emilie Sugai (Mulher-Falcão), Emily Kimura, Jon Marquez, Lenise Oliveira, Lucas Sabatini, Natália Ueda, Suellen Leal, Thiago Sgambato | Participação especial: Toshi Tanaka (Velho) | Produção: ABX Produções | Realização: Sesc São Paulo

Serviço: 

Temporada: 17 de janeiro a 29 de fevereiro de 2024.

Quartas e quintas, 20h. Exceto dia 14/12. Feriado, 25 de janeiro, quinta, 18h.

Local: Espaço CPT_SESC – Sesc Consolação (60 lugares)

Duração: 50 min.

Classificação: 12 anos

Valor dos ingressos: R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$12 (credencial plena) Vendas on-line no dia 9/1, às 17h, no site e no Aplicativo Credencial Sesc SP, e, no dia 10/1, às 17h, nas bilheterias das Unidades do Sesc.


Mini Bio

Emilie Sugai Coreógrafa, performer e dançarina butoh, sua linguagem única é resultado de inquietações artísticas, memórias corporais e colaborações interdisciplinares. Criou espetáculos notáveis como “Tabi”, “Totem”, “Hagoromo” e “Aka”, além do filme “O Monge e o Touro”. Agraciada com prêmios como APCA e apoios como Bolsa Vitae de Artes, UNESCO-Aschberg, e Fundação Japão, destacou-se em produções como “Foi Carmen” e “Heart of Gold”. Integrante da Cia. Tamanduá e Cia. Pappa Tarahumara, sua contribuição à dança teve reconhecimento nacional e internacional. 

Fabio Mazzoni Diretor cênico e iluminador com mais de 25 anos de experiência em teatro e dança, foi discípulo de Antunes Filho e ex-membro do CPT. Colaborou com Gabriel Villela em produções, como “Gota D’Água”, “Saltimbancos” e “Esperando Godot”. Desde 2000, destaca-se em espetáculos autorais, explorando luz como narrativa, como em “Amor Fati” e “Hagoromo”. Integraou a equipe da SP Escola de Teatro por quatro anos e co-dirigiu o Balé da Cidade de São Paulo. Em 2019, liderou atividades no galpão artístico de Luiz Fernando Carvalho em colaboração com a Academia de Filmes. Além disso, idealizou o projeto SP Escola de Dança (2018-2021) com Ismael Ivo. Atualmente, é curador das séries Arte no Outono e Arte na Primavera em Campos do Jordão, e produtor e colaborador artístico do Instituto Tomie Ohtake.

Sandra-X Cantora, compositora e performer, tem vasta carreira nas artes cênicas. Fundou grupos como Vésper Vocal, A Barca e Axial, integrou a Cia Coral e participou de diversas montagens cênicas. Membro do Coletivo Dodecafônico e do Projeto Mulheres Possíveis, explora o experimentalismo vocal e corporal. Nos últimos 30 anos, dedicou-se à educação, formando artistas e estudantes de artes. 

Telumi Helen Formada em Artes Plásticas, Telumi Hellen iniciou carreira no CPT com Antunes Filho e J.C. Serroni em 1987, atuando como figurinista e cenógrafa por 11 anos. Vencedora de prêmios como Coca-Cola, APETESP e APCA, foi indicada no prêmio SHELL em 2017 e 2018. Recebeu prêmio APLAUSO em 2018 e FENSA em 2023. Participou de 7 edições da Quadrienal de Praga, sendo curadora na PQ 2023 de Estudantes. É formadora na SP Escola de Teatro, desde sua fundação, completando 13 anos neste ano de 2023.

Toshi Tanaka Nascido em Tóquio em 1960, fugaku, performer e professor licenciado de doho, integrou o underground japonês nos anos 80. Desde 1994, no Brasil, destacou-se em performances, filmes e festivais de arte. Com formação diversificada, lecionou por duas décadas na PUC- SP e mantém relações contínuas com mentores, explorando criação artística com base em técnicas como seitaiho e Teatro Nô. Em São Paulo, ministra cursos regulares de doho.

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