Foto: Leo Pinheiro
Nova coreografia de Henrique Rodovalho reúne artistas com longa experiência cênica e o título remete ao breve momento em que céu ganha as cores de pêssego
Céu de Pêssego é o primeiro projeto Quasar Cia de Dança, com sede em Goiânia, criado em São Paulo. Com coreografia de Henrique Rodovalho, o espetáculo nasceu do desejo de encontro entre o coreógrafo e oito artistas da dança, de diferentes gerações: Carolina Amares, Daniela Moares, Fabiana Nunes, Jorge Garcia, Lavínia Bizzotto, Luciane Fontanella, Luiz Oliveira e Samuel Kavalerski. O trabalho traz para a cena a linguagem construída da Quasar, interpretada por esse grupo de artistas com carreiras reconhecidas e consolidadas. A trilha sonora foi especialmente composta por Lívia Nestrovski e Fred Ferreira; Cássio Brasil, parceiro de muitos anos da Quasar, assinou figurinos e cenário. O espetáculo faz apresentações em São Paulo, no Sesc Vila Mariana, nos dias 12, 13 e 14 de dezembro, de sexta a domingo. Veja a programação completa abaixo.
O título da coreografia remete ao breve momento em que o céu ganha as cores de pêssego. Essa imagem foi motor para criação e provocação para o elenco. “Esse céu passageiro e belo é uma metáfora dos momentos importantes que precisamos estar atentos para não perdemos”, diz o coreógrafo Henrique Rodovalho. “Esse encontro foi desejado por muito tempo e trabalhar com esses artistas foi desafiador, com suas carreiras, suas histórias e suas personalidades”, completa.

Foto: Leo Pinheiro
A partir dessa ideia e da personalidade de cada intérprete, Rodovalho propôs a composição das cenas, que trazem a assinatura da Quasar no modo de criar, com movimentos exigentes impulsionados por diversas partes do corpo, apresentados em conjuntos, solos, trios, duos e quintetos.
O tema da efemeridade cotidiana, as relações humanas e o desejo em diversas formas, sem deixar de lado o humor, estão também presentes na obra. Embora Céu de Pêssego seja um trabalho coreografado quase todo o tempo, cada um do elenco trouxe alguma informação para a construção da coreografia, seja em relação ao momento em que vivia ou o próprio desejo de movimento.
“Dentro do processo teve uma questão muito forte, que é a expectativa, eu como coreógrafo e os outros como intérpretes, como bailarinos. Não tinha muita ideia de como seria este espetáculo porque ia ser parte da troca que ia acontecer nos ensaios, no dia a dia. Essas questões vieram e foram sendo desenvolvidas naturalmente. Vejo o resultado muito positivo. No final, acho que voltou o prazer de todos, de dançar novamente, de estar em cena, de estar dançando. Para mim, o prazer de coreografar foi expandido em outras dimensões, em outros limites”, revela Rodovalho.
Encontro
Céu de Pêssego reuniu no elenco ex-bailarinos do grupo, artistas que já dançaram a linguagem da Quasar em projetos e coreografias específicas e também quem nunca tinha experimentado seu estilo. O essencial era que todos já tivessem uma carreira sólida, com experiência cênica, desejo de compartilhar esse momento e ter referência das formas de movimento do grupo.
O modo de criar da companhia, que une inventividade dos movimentos, humor e percepções do tempo presente, tornou a Quasar Cia de Dança, fundada em 1988, em Goiânia, por Vera Bicalho, diretora geral, e Rodovalho, uma das principais representantes da dança produzida no Brasil, com repercussão nacional e internacional. Desde então, ao romper fronteiras de sua localização, também alimentou um modo de pensar e fazer dança.
Nesse sentido, Céu de Pêssego é um novo passo para a Quasar, não uma ruptura em sua trajetória. “Esse desejo de encontro começou em 2019 e muitas coisas aconteceram antes de conseguirmos realizá-lo, como a pandemia. Nesse tempo, estivemos sempre em contato, para não perder a vontade de levar o projeto adiante. De alguma forma, essa trajetória nos enriqueceu para o processo. A ideia era cada um trazer sua história, sua dança, e a coreografia tem isso, o movimento, o estilo da Quasar sendo interpretado ou sendo dito por esses corpos, esses artistas especiais para nós”, diz Rodovalho.
Para Vera Bicalho, a experiência com esse elenco, hoje com maturidade, foi muito rica. “A postura de cada um, com uma visão mais tolerante e profissional para as diversas situações que enfrentamos, foi importante para realizar o projeto. A rapidez de colocar em cena um espetáculo em tempo tão curto, acredito que só foi possível por conta da consciência corporal e experiência, além da dedicação e concentração”, completa.
Trilha e Figurino
A trilha sonora, composta por Fred Ferreira e Lívia Nestrovski, e os figurinos, criados por Cássio Brasil, procuraram contemplar a personalidade de cada intérprete, sem deixar de lado a construção coreográfica, um diálogo entre individualidade e conjunto.
No processo de criação, cada um do elenco apresentou suas ideias de músicas, sugeriu tonalidades de azul (cor de todos os figurinos) e formas de cada peça.
“Os bailarinos e bailarinas são muito distintos entre si, pessoas com uma longa carreira. Isso os torna, cada um deles, um universo muito próprio. E, num primeiro momento, buscamos formas da trilha que poderiam ressaltar a qualidade individual, as diferenças entre eles e também, obviamente, as conexões possíveis. Mas no processo de criação, é preciso criar narrativas e um conteúdo que consiga conversar e estruturar toda uma estética. Fomos criando e tendo retorno com as coreografias, entendendo como aquilo impactava os movimentos, e reestruturamos o pensamento musical. É um processo que vai se retroalimentando”, coloca Fred Ferreira.
Cássio Brasil, que tem uma longa jornada ao lado da Quasar e do próprio Rodovalho em outros trabalhos, procurou também contemplar os desejos iniciais de cada intérprete, sem perder de vista o conjunto e a necessidade coreográfica. Com peças em diferentes tons de azul e modelagens, ele conta que a proposta era o bailarino interferir na criação dos figurinos; por isso, a primeira iniciativa foi ouvir as pessoas. “Tínhamos a preocupação em respeitar os desejos das pessoas”, conta.

Foto: Leo Pinheiro
O resultado revela uma elaboração visual que chama a atenção pela elegância e pela atenção aos detalhes. Os figurinos criam uma presença cênica em que cada entrada dos intérpretes renova o olhar do público. Há um cuidado formal que ultrapassa a funcionalidade do figurino, sua beleza, textura, queda e, acima de tudo, o diálogo com o movimento.
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Sinopse
Céu de Pêssego, primeiro trabalho da Quasar Cia de Dança criado em São Paulo, nasceu do desejo de encontro entre o coreógrafo Henrique Rodovalho e oito artistas da dança com carreiras consolidadas e reconhecidas: Carolina Amares, Daniela Moraes, Fabiana Nunes, Jorge Garcia, Lavínia Bizzotto, Luciane Fontanella, Luiz Oliveira e Samuel Kavalerski. Inspirado no instante raro em que o céu se tinge de tons de pêssego, o novo espetáculo reflete sobre a efemeridade, o desejo e a beleza do momento presente. A coreografia combina a personalidade do elenco com o estilo consolidado da Quasar, que une inventividade dos movimentos, humor e plasticidade cênica.Sinopse Céu de Pêssego.
Ficha técnica:
Direção artística e coreografia: Henrique Rodovalho
Direção geral Quasar e coordenação administrativa: Vera Bicalho
Produção executiva: Carolina Amares – Entre Produtora
Assistentes de Direção Artística: Lavínia Bizzotto e Samuel Kavalerski
Coordenação de ensaio e Coordenação de Palco: Carolina Franco
Elenco: Carolina Amares, Daniela Moraes, Fabiana Nunes, Jorge Garcia, Lavínia Bizzotto, Luciane Fontanella, Luiz Oliveira, Samuel Kavalerski
Trilha sonora original: Fred Ferreira e Lívia Nestrovski
Figurino: Cássio Brasil
Cenário: Cássio Brasil e Henrique Rodovalho
Iluminação: Henrique Rodovalho
Coordenação Técnica/ Operação de Luz: Patrícia Savoy
Produção de Figurino: Bartira Davis
Ideia original: Vivian Navega e Henrique Rodovalho
Coordenação de comunicação: Flávia Fontes Oliveira
Redes Sociais: Agência Brave Company
Identidade Visual e Design: Samuel Kavalerski
Fotos: Jorge Sato e Leo Pinheiro
Direção Audiovisual: Vinícius Cardoso
Direção de Fotografia (audiovisual): Diogo Martin
Captação de recursos: Carolina Amares e Doble Cultura – Gabriela Camargo e Paula Manso
Gestão de patrocínio: Doble Cultura – Gabriela Camargo e Paula Manso
Assessora da gestão administrativa: Marcela Carvalho Campos
Assistente administrativo: Renatta Kelly Silva
Contabilidade: DCon Serviços Contábeis
Assessoria Jurídica: Aline A. Freitas, Izadora Verri, Pilar Robles – CQS/FV Advogados, e Amanda Mendonça
Acessibilidade Comunicacional: Open Senses
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Serviço
Céu de Pêssego | Quasar Cia de Dança | 50 minutos | Livre
Sesc Vila Mariana | R. Pelotas, 141 – Vila Mariana
Dias: de 12 a 14 de dezembro
Horários: sexta e sábado, 20h | domingo, 18h
Acessibilidade: Sim
Ingressos: R$ 60,00 (inteira), 30,00 (meia) e R$ 18,00 (credencial plena) |
Capacidade: 611 lugares
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