Parananin (PA)
Evento que vai até dia 10 de agosto na Estância Turística de Olímpia, interior paulista, recebe 61 grupos folclóricos e parafolclóricos de 20 estados, que juntos somam dois mil integrantes, entre dançarinos, cantadores e músicos
Danças tradicionais de todas as regiões do país marcam presença no palco do Festival do Folclore de Olímpia (FEFOL), no interior do estado de São Paulo, considerado um dos maiores do gênero no Brasil. O evento com programação toda gratuita segue com sua 61ª edição até domingo, dia 10 de agosto, oferecendo um rico panorama das manifestações da cultura popular brasileira e seu diálogo com diversas linguagens artísticas – além da dança, o teatro, a música e a poesia. Participam da programação 61 grupos folclóricos e parafolclóricos de 20 estados das cinco regiões do Brasil, dos quais 17 fazem sua estreia no festival. Dois mil integrantes, entre dançarinos, cantadores e músicos, se apresentam na festa. Todas as atividades são gratuitas e para todas as idades.
Com o tema “Raízes que nos Conectam”, nesta edição o FEFOL homenageia o estado do Maranhão, que marca presença com o bumba meu boi e suas múltiplas formas de apresentação. A manifestação que gira em torno da morte e ressurreição do boi mistura dança, elementos dramáticos, música e religiosidade popular.
Um dos principais destaques da jornada são as apresentações noturnas realizadas no Palco Principal do Recinto do Folclore, que somarão mais de 120 ao longo dos nove dias da festa.
No FEFOL, o estado homenageado é representado por três grupos: o Bumba Boi de Matraca do Maiobão, de Paço do Lumiar, com seu sotaque marcado pela cadência das matracas; Boi de Nina Rodrigues, fundado e comandado por uma mulher, Concita Braga, em Nina Rodrigues, a 179 km de São Luís, onde teve origem a Revolta da Balaiada (1838-1841); e Boi de Morros, com uma história longeva e inspiradora, iniciada em 1976, considerado pioneiro em colocar mulheres no cordão de fita.
Diversidade
A diversidade das expressões dos estados do Nordeste pode ser vista ainda por meio de grupos de outros estados como o sergipano Batalhão de Bacamarteiros, de Carmópolis. Traz a tradição passada de geração a geração há mais de 200 anos, com seu cancioneiro de improviso, sua dança e seus tiros de bacamartes. O ápice da apresentação é o ritual do “Pisa Pólvora”, realizado tradicionalmente em festas juninas em sua região para comemorar os santos do mês. Receberam, em 2016, o Título de Patrimônio Imaterial do estado de Sergipe.
O coco de roda alagoano é outra expressão presente. A dança de roda acompanhada por cantoria com influências africanas e indígenas é apresentada no festival pelo Grupo Folclórico Cultural Coco de Roda Babaçu e pelo Grupo Cultural Xique Xique, ambos de Maceió.
De Pernambuco, o Papanguarte Balé Popular, de Bezerros, traz seus bailarinos mascarados como forma de resgatar, preservar e valorizar a cultura do papangu – símbolo máximo do Carnaval de Bezerros. É nessa festa popular que os mascarados saboreiam o angu, prato típico da região, surgindo, assim, a figura folclórica papangu.
Congadas
Representada no FEFOL por grupos oriundos de estados brasileiros de diferentes regiões, a tradição das congadas também se destaca na programação. A manifestação cultural e religiosa de matriz africana se dá em forma de dança dramática e está relacionada a festejos em devoção a santos católicos. O Terno Moçambique Nossa Senhora do Rosário, da cidade de Catalão (GO), onde a comunidade dedica-se a manter viva a manifestação em louvor à santa, faz sua estreia no festival nesta edição. Do Piauí, o Congo de Oeiras esteve no FEFOL em 2017, 2024 e agora retorna. Outro conhecido do público é do Espírito Santo, a Banda de Congo Panela de Barro de Goiabeiras, de Vitória (ES), fundada em 1938. A mineira Irmandade do Menino Jesus Família Jerominho, de Passos, possui ligação com o evento desde seus primórdios. Outro grupo de Minas Gerais a marcar presença mais uma vez é o Catupé Unidos de Santa Efigênia, de Itamogi.

Congo de Oeiras
Região Norte
Da região norte, pela primeira vez participa um grupo do Acre: o Jabuti Bumbá, de Rio Branco. Como o nome sugere, trata-se de uma manifestação inspirada no folguedo bumba meu boi, substituído pelo jabuti, espécie considerada símbolo de resistência pela preservação da floresta e dos saberes tradicionais. Bailados e ritmos do Santo Daime, religião popular do estado, estão entre as referências da manifestação, que também reverencia nomes como o seringueiro e ativista ambiental Chico Mendes (1944-1988).
Já o Pará chega com três grupos para mostrar suas danças tradicionais. Um deles é o Grupo Parafolclórico Frutos do Pará, da capital Belém, fundado em 1992. Com vasto repertório coreográfico, retrata a essência e a diversidade do povo amazônico, por meio de danças e lendas, respeitando a originalidade do folclore local. Outro paraense é o Grupo de Carimbó Bico de Arara, do município de São Caetano de Odivelas, nascido na comunidade de São João dos Ramos, popularmente conhecida como Ilha dos Sonhos. Sua formação é originada entre pescadores e filhos de pescadores. Por isso, define-se como “carimbó pesqueiro”. De Ananindeua, o Grupo de Manifestações Parafolclóricas Parananin mostra seu trabalho de pesquisa e difusão das diversas manifestações folclóricas do estado, a exemplo de expressões como lundú, chula marajoara, vaqueiro do Marajó, dança do caranguejo, dança da farinha de tapioca e outras.

Jabuti Bumba (PA)
Centro-Oeste
O participante do Centro-Oeste que vem do Mato Grosso, o Grupo Flor Serrana, de Cuiabá, apresenta o siriri raiz tradicional. Dentre os elementos-chave que compõem a expressão estão os instrumentos tradicionais como viola de cocho, ganzá e mocho. O enredo é focado em mostrar os passos de dança e músicas tradicionais da região rural de onde o grupo vem, com oito pares de dançarinos no palco.

Flor Serrana (MT)
Sudeste e Sul
Da região Sudeste, grupos com diferentes tradições participam do festival. Entre os que chegam pela primeira vez, a Quadrilha Teco Teco Biru Biru, de Queluz/SP, apresentando o tema “Costurando Histórias e Bordando Sonhos”, com figurino inteiramente confeccionado por crocheteiras artesãs, que criaram mais de dois mil quadradinhos à mão. Do Rio de Janeiro, a Associação Cultural Recreativa e Folclórica de Tarituba, comunidade pertencente a Paraty, fundada em 1975, é um dos que participam pela primeira vez do festival. Tem como meta preservar e fortalecer a cultural local, especificamente ciranda e chiba cateretê.
Um dos participantes do Sul do país é o Grupo Fandanguará, de Guaraqueçaba (PR), nascido em 2004 com a proposta de oportunizar a jovens caiçaras a vivência de sua cultura tradicional por meio da prática do fandango caiçara, com sua musicalidade, danças coreográficas e modas regadas ao batido dos tamancos. Todos os integrantes descendem de mestres fandangueiros da região.

Quadrilha Teco Teco Biru Biru. Queluz (SP)
Sobre o Festival do Folclore de Olímpia (FEFOL)
O Festival do Folclore de Olímpia (FEFOL) é o maior festival de folclore do Brasil, consolidando a cidade como Capital Nacional do Folclore desde 2017. Criado na década de 1960 pelo professor José Sant’anna, o evento preserva e valoriza as tradições populares brasileiras há mais de 60 anos, reunindo manifestações autênticas de todas as regiões do país.
A 61ª edição é histórica, com a participação de 61 grupos representando 20 estados brasileiros, de todas as regiões, incluindo, este ano, a presença inédita do Acre. A programação reúne mais de 120 apresentações no palco principal, desfiles pelas ruas centrais, oficinas de dança, Pavilhão de Artesanato e atividades no Museu do Folclore, com destaque para o estado do Maranhão, homenageado da edição. A expectativa é de mais de 180 mil visitantes durante os nove dias de festival.
O Festival do Folclore de Olímpia é uma realização da Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura e Defesa do Folclore, com apoio de projetos de incentivo cultural e parceiros. Com entrada gratuita, a 61ª edição será realizada de 02 a 10 de agosto de 2025, no Recinto do Folclore.
SERVIÇO
61º Festival do Folclore – Jubileu de Castanheira
Data: 2 a 10 de agosto de 2025
Local: Museu do Folclore (Recinto do Folclore “Professor José Sant’anna)
Endereço: Avenida Menina Moça, 800 – Vila Hípica, Olímpia/SP
Realização: Prefeitura da Estância Turística de Olímpia, por meio da Secretaria de Cultura e Defesa do Folclore
Programação completa: www.folcloreolimpia.com.br/servicos/programacao/92/
Portal MUD