Festival Panorama chega à segunda semana com apresentações no Museu de Arte do Rio e Teatro Nelson Rodrigues

João Paulo Lima se apresenta com “Deffuturismo” no Teatro Nelson Rodrigues. (Foto: Vitoria Helle)

Espetáculos de João Paulo Lima, Original Bomber Crew e Davi Pontes & Wallace Ferreira acontecem entre 30 de outubro e 2 de novembro

O Festival Panorama 2025 – um dos mais relevantes e longevos festivais de dança contemporânea da América Latina – terá apresentações gratuitas e a preços acessíveis em mais uma semana de atrações no Rio de Janeiro, entre 30 de outubro e 2 de novembro, no Teatro Nelson Rodrigues e noMuseu de Arte do Rio (MAR). Pilar da dança contemporânea no país, o evento traz nesta nova leva as performances de João Paulo Lima, do coletivo Original Bomber Crew, e do duo Davi Pontes & Wallace Ferreira, reforçando seu papel na promoção da experimentação, diversidade e circulação artística.

A segunda semana do Panorama começa com João Paulo Lima e seu espetáculo “Deffuturismo”. Natural do Ceará, o artista e ativista propõe uma dança-manifesto que expressa as inquietações e reivindicações de um corpo com deficiência na dança e na sociedade. A performance sugere um futuro diverso e ‘aleijado’ (def), de modo que desafia padrões hegemônicos e propõe novos modos de existência. Ao usar seu corpo e a dança como discurso, João Paulo questiona o capacitismo e afirma que os ‘corpos defs’ desenvolvem tecnologias próprias de resistência, essenciais para uma nova perspectiva de vida baseada na interdependência. O figurino é notável, composto por restos (muletas, sementes, arames) que criam um corpo híbrido entre o humano e a natureza. “Deffuturismo” será apresentado no Teatro Nelson Rodrigues, no Centro do Rio, com sessões na quinta-feira (30/10), às 15h, e na sexta-feira (31/10), às 19h. Os ingressos custam entre R$ 15 e R$ 40.

“Dançar deffuturismo no Festival Panorama é sem dúvida levar ao palco o discurso da cultura def e a diversidade que há na nossa criação em diferentes linguagens. Essa dança não consegue não ser implicada à reivindicação de nossos corpos nessa linguagem ainda tão eugenista e hegemônica. A contemporaneidade prova que se não há corpos defs em cena que dancem suas coreografias, não há diversidade. Por isso, é uma alegria política e artística trazer meus processos ao festival”, diz João Paulo Lima.

Vapor. Foto: Camila Rios.

No fim de semana, no dia 1 de novembro, às 17h,  e no dia 2, às 16h, o Museu de Arte do Rio (MAR) recebe o coletivo piauiense Original Bomber Crew com “Vapor”. Esta é a mais recente criação do grupo e o ponto de virada de uma trilogia iniciada com tReta (2018). O ato é um processo efêmero e em constante transformação, misturando linguagens como dança (incluindo breaking e capoeira), poesia, graffiti, streetstyle, vídeo e música. A fusão desses elementos resulta em um ritual em movimento que evoca uma ladainha, um canto ou uma reza, anunciando novos ciclos. A obra, que nasceu como série de vídeos em 2021 e estreou nos palcos em 2024, é definida pelo diretor Allexandre Bomber como uma “ocupação infiltrável” e um estado de passagem: “evaporar para mudar de uma forma para outra”. Antes da montagem de domingo, haverá uma conversa com os artistas. O espetáculo tem entrada gratuita.

“O ‘Vapor’ traz movimentos que são do nosso cotidiano, traz músicas da capoeira e também traz objetos comuns de maneira criativa, como o plástico e o papelão”, explica um dos integrantes do coletivo, que acrescenta enfatizando a forte influência da cultura hip-hop na montagem.

Repertório N.3. Foto: Pietro Bertora Pontes Ferreira.

Para encerrar a programação da semana, também nos dias 1 e 2 de novembro, às 18h, o Museu de Arte do Rio recebe o duo Davi Pontes & Wallace Ferreira com a estreia carioca de “Repertório N.3“. Este é o mais recente capítulo de uma trilogia de práticas coreográficas iniciada em 2018. A obra se define como uma dança de autodefesa que aborda questões pós-coloniais, de gênero e raça. A principal investigação da dupla é como a coreografia pode servir como estratégia de resistência e sobrevivência para corpos dissidentes. Para tal, o espetáculo propõe a dança como um arquivo de gestos e usa a mimese e a pose como ferramentas de ruptura temporal. Essa técnica permite aos artistas cruzar diferentes tempos e histórias, ativa memórias compartilhadas e desafia a linearidade para a permanência desses corpos no mundo. A dupla, que foi premiada com o ImPulsTanz – Young Choreographers’ Award (Áustria) em 2022, já circulou por diversos festivais internacionais. Antes da montagem de sábado, haverá uma conversa com os artistas. A entrada é gratuita.

Há mais de 30 anos em atividade e reconhecido ao redor do mundo, o Festival Panorama é um pilar da memória da dança no Rio de Janeiro. Pioneiro em associar arte contemporânea de ponta a preços populares, o evento ocupa a cidade com uma programação diversa, que explora corpo, espaço e movimento. O Panorama atua como uma plataforma vital para a projeção de artistas brasileiros e latino-americanos. Iniciado em 1992, o evento se reinventa continuamente, conjugando dança, tecnologia e novas dramaturgias, e se firma como um ponto de encontro cultural essencial na cidade.

 

SERVIÇO

Deffuturismo

João Paulo Lima (Ceará, Brasil)

Data: 30/10 – 15h | 31/10 – 19h

Local: Teatro Nelson Rodrigues – Av. República do Paraguai, 230, Centro

Ingressos:

Plateia: R$20,00 (meia) e R$40,00 (inteira)

Balcão: R$15,00 (meia) e R$30,00 (inteira)

Na bilheteria do Teatro ou antecipados online. Desconto de 50% para assinantes Globo e 60% para funcionário/prestador de serviço da Petrobras.

 

Vapor: Ocupação Infiltrável

Original Bomber Crew (Piauí, Brasil)

Data: 01/11 – 17h | 02/11 – 16h

Local: Museu de Arte do Rio – Praça Mauá

Entrada gratuita – Retirada de senha 1 hora antes

Duração: 60min

Classificação indicativa: 14 anos

 

Repertório N.3

Davi Pontes & Wallace Ferreira (Rio de Janeiro, Brasil)

Data: 01 e 02/11 – 18h

Local: Museu de Arte do Rio – Praça Mauá

Entrada gratuita – Retirada de senha 1 hora antes

Duração: 50min

Classificação indicativa: 18 anos

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