Crédito das Fotos: Célia Gouvêa. Foto: Vitor Vieira.
Alejandro Ahmed, diretor artístico do Balé da Cidade e do grupo Cena 11, e Ana Teixeira, pesquisadora e curadora de dança do Theatro Municipal, são os convidados do “Conversa sem Fim”, para discutir a irreversibilidade das transformações do corpo. Em seguida, no “Preliminares”, Célia Gouvêa apresenta “Nada”, criação que ela descreve como um “esvaziamento para despertar os sentidos e vivenciar diferentes estados”, e Rebeca Tadiello instiga com seu solo em desenvolvimento “Estudos sobre mover”. Para finalizar, DJ Orum comanda a pista com muito groove e suingue, convidando todos para dançar.
No domingo, dia 10 de dezembro, ‘Ensaios Perversos‘ – realizado há 10 anos pela Cia Perversos Polimorfos, sob a direção de Ricardo Gali – estará de volta. O evento, sempre sediado em um local especial na cidade, promove bate-papos provocadores, apresentações de performances em processo ou prestes a estrear e uma festa com DJ para dançar, compartilhar ideias e encerrar a noite. Será realizado no Greta Galpão, um espaço multidisciplinar e acolhedor próximo ao metrô Vila Madalena. A entrada é gratuita.
A casa abre às 15h para receber os participantes do “Conversas sem Fim”, marcado para as 16h, com Alejandro Ahmed, fundador do Grupo Cena 11, de Santa Catarina, e diretor artístico atual do Balé da Cidade de São Paulo, e Ana Teixeira, bailarina, professora das Artes do Corpo na PUC-SP e membro do Comitê Curatorial do Theatro Municipal, com o tema “Irreversibilidade e vida: o tempo nos corpos que dançam”. O bate-papo abordará o impacto do processo de transformação corporal, sua inevitável finitude e como isso influencia as técnicas e expressões artísticas na dança. Ambos levantam questões sobre como manipulamos a plasticidade de nossos corpos e as armadilhas presentes nos conceitos de dança ligados a noções de força e beleza, muitas vezes relacionadas a treinamentos que promovem a ideia de imortalidade.
Às 18h, o evento ‘Preliminares’ começa com a apresentação de Célia Gouvêa em “Nada”, uma obra em processo que emerge do desejo de despertar os sentidos e experimentar estados de esvaziamento, buscando conexão com o âmago do ser, numa abordagem concreta. Com questionamentos sobre nossa identidade, Célia Gouvêa, reconhecida por diversas criações e prêmios em sua trajetória, fez parte da primeira turma do Mudra – Centro de Pesquisa e Aperfeiçoamento de Maurice Béjart, na Bélgica, foi artista residente na Universidade de Illinois, e bolsista na State University de Nova Iorque, além de receber apoio da Fundação Guggenheim, em Lisboa.
Logo após, às 19h, Rebeca Tadiello apresenta “Estudos sobre mover”, um solo em desenvolvimento que explora como imagens relacionadas à ‘segmentação’ se transformam em movimento. Este trabalho – parte de sua pesquisa de mestrado no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da ECA-USP (com bolsa FAPESP), sob a orientação de Helena Bastos e influência de Ana Teixeira -, busca analisar os acionamentos e conexões que continuamente moldam o corpo, colocando o movimento como foco central da investigação.
DJ Orum comanda a pista do Dance Floor
A partir das 20h, DJ Orum comanda o ‘Dance Floor’, levando o público a uma viagem musical atemporal e repleta de ritmos envolventes como música afro-brasileira, house, pop e disco. Reconhecido como um artista multifacetado – educador, produtor e pesquisador musical – DJ Orum tem marcado presença em diversas casas noturnas, como Cine Jóia e Tokyo, além de espaços culturais renomados como Memorial da América Latina, Sesc São Paulo, Tomie Ohtake e Casa das Caldeiras. Também participou de eventos emblemáticos em praças públicas, como os Carnavais de São Paulo, Recife e Olinda. Ele é o idealizador do coletivo Paraíso Perdido, uma fusão de quatro DJs e pesquisadores musicais que compartilham o desejo de criar um ambiente de pista fervente, mesclando sonoridades de house-disco, pop-neo-latino e o funk brasileiro. A festa segue até às 22h.
O evento ‘Ensaios Perversos’ integra projeto da Cia Perversos Polimorfos contemplado pelo programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura. Para mais informações, acesse: www.
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Serviço
Ensaios Perversos – proposta da Cia Perversos Polimorfos
10/12 (domingo), das 16h às 22h
16h – “Conversas sem fim” – “Irreversibilidade e vida: o tempo nos corpos que dançam”, com Alejandro Ahmed e Ana Teixeira
18h – “Preliminares” – apresentação de “Nada”, de Célia Gouvêa
19h – “Preliminares” – apresentação de “Estudos sobre mover”, de Rebeca Tadiello
20h – “Dance Floor” – pista comandada por DJ Orum (até às 22h).
Greta Galpão
R. Pedro Soares de Almeida, 104 – Vila Anglo Brasileira, São Paulo – SP, 05029-030 (próximo ao Metro Vila Madalena)
Grátis
Sobre | Ensaios Perversos
Ação multicultural transdisciplinar, o “Ensaios Perversos” está completando 10 anos e tem como fundamento diretrizes que vêm sendo discutidas em educação, filosofia, psicologia e direitos humanos na contemporaneidade. A primeira edição aconteceu de maneira independente pela curadoria e pelos artistas envolvidos e, em razão da sua qualidade e especificidade, ganhou reconhecimento de crítica e público, aumentando seu alcance. Em seguida, foi contemplado pelo programa de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo e fortaleceu parcerias com espaços de diferentes regiões da cidade – Praça das Artes, Casa do Povo, Teatro de Contêiner, Capital 35 e Teatro Oficina Uzyna Uzona. Em 2021, o programa ganhou formato de Festival, realizado durante quatro dias no espaço cultural Canto, em São Paulo, e no Espaço OCA, de Botucatu.
Alejandro Ahmed, atual diretor artístico do Balé da Cidade de São Paulo, fundou, aos 17 anos, em Santa Catarina, o Grupo Cena 11, ainda de forma amadora. Veio para São Paulo, integrou o Grupo Raça, de Roseli Rodrigues, estudou com Ismael Guiser, Ivonice Satie, Yoko Okada e, em 1994, depois de quebrar o pé numa audição para o Grupo Corpo, voltou para Santa Catarina. À frente do Cena 11, desenvolveu uma técnica batizada de “percepção física”, inspirado por uma anomalia genética congênita: osteogenesis imperfecta, também conhecida como “doença dos ossos de vidro”, o que o levou a criar um jeito de dançar com o qual possa dar tudo de si em cena, mas, ao mesmo tempo, seja capaz de preservar sua integridade física. De lá para cá, Alejandro e o Cena 11 vêm colecionando prêmios – como em 2007, com “Pequenas Frestas de Realidade Insistente”, que lhe rendeu o APCA, o Bravo! Prime de Cultura e o Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia. 2012 também foi um ano marcante: estreou “Carta de Amor ao Inimigo”, que rendeu mais um prêmio APCA para a trajetória do grupo, recebeu o Prêmio Klauss Vianna da Funarte com um projeto de celebração dos 20 anos do Cena 11, e criou o solo “Sobre Expectativas e Promessas”, elaborado com apoio da bolsa de desenvolvimento de pesquisa para criação do Rumos Dança do Itaú Cultural. Estreado em 2013, o trabalho marcou o retorno de Ahmed, afastado dos palcos desde 2009. Em 2022, concebeu para o Balé da Cidade a coreografia “Sixty Eight em Axys Atlas”, baseada na peça Sixty-Eight, de John Cage. A partir dessa experiência junto aos bailarinos, veio o convite para assumir a direção artística da Companhia do Theatro Municipal.
Ana Teixeira é artista, professora universitária e pesquisadora. Doutora e mestre em Comunicação e Semiótica (PUC/SP). Doutoranda em Filosofia (PUC/SP). Professora e vice-coordenadora do curso de Comunicação das Artes do Corpo (PUC/SP). Pesquisa e problematiza as relações corpo, poder, dança, instituição pública e branquitude. Integrante da Rede Descentradxs: descentrar as pesquisas em danças, que reúne artistas e pesquisadores(as) da América Latina, do grupo de pesquisa Michel Foucault (PUC-SP/CNPq) e lidera o grupo de pesquisa: Sentidos do barroco: outras direções, outras lógicas, outros gestos (PUCSP/CNPq). Foi bailarina profissional em companhias como o Balé da Cidade de São Paulo, onde também atuou como diretora artística assistente, e o Staats Theater Kassel (Alemanha). Colabora artisticamente com vários(as) artistas da cena independente. Membra do Comitê Curatorial do Theatro Municipal de São Paulo (2022-2023).
Célia Gouvêa iniciou seus estudos de dança em 1958, com Juary Trondi e Lina Penteado, em Campinas, aos nove anos. Com a mestra Ruth Rachou travou contato com as técnicas de Martha Graham e Merce Cunningham. Teve formação interdisciplinar no MUDRA de Maurice Béjart (Bélgica). Co-fundadora do grupo Chandra (Teatro de Pesquisa de Bruxelas). Em 1974, com Maurice Vaneau, iniciou no Teatro de Dança Galpão um movimento renovador da dança, com “Caminhada”. Recebeu seis prêmios APCA, Governador do Estado e bolsas de pesquisa e criação de entidades como a Chimera Foundation para a escola de Alwin Nikolais e a John Simon Guggenheim. É doutora em Artes pela ECA/USP.
Rebeca Tadiello trabalha na cena independente da cidade de São Paulo, atuando em companhias/grupos e ministrando aulas de dança contemporânea em escolas e projetos artístico-pedagógicos.
DJ Orum é educador, produtor cultural e pesquisador musical. O artista multifacetado atua na sonorização de pistas e diferentes espaços desde 2018. Seus sets transitam entre a música afro-brasileira, house, pop e disco, numa viagem atemporal e cheia de suingue. Já se apresentou em casas noturnas como Casa Natura, Cine Jóia, Tokyo, Heavy House e também em espaços culturais como Memorial da América Latina, Sesc São Paulo, Tomie Ohtake e Casa das Caldeiras. Participou do Carnaval de São Paulo, Recife e Olinda, além de sets em Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife e cidades do interior de São Paulo. Atualmente, produz o coletivo Paraíso Perdido, encontro de quatro DJs e pesquisadores musicais que têm em comum o desejo de uma pista com muito groove e suor, transitando entre o house-disco, pop-neo-latino, até o funk brasileiro.