Coletivo Ruínas ocupa Centro Cultural São Paulo com Mostra Antropo OBScênica

Focada na brutal e veloz mudança do ambiente urbano por conta da intensa especulação imobiliária, que afeta continuamente a vida de quem mora na cidade, a Mostra se espalha pelo “corpo arquitetônico” do Centro Cultural com exposição de fotos, exibição de documentário, conversas, compartilhamento de procedimentos, exercícios performativos e duas peças de dança contemporânea.

Entre 18 de maio e 5 de junho, o Centro Cultural São Paulo acolhe a Mostra Antropo OBScênica”, que reúne trabalhos artísticos criados e produzidos pelo Coletivo Ruínas, durante a realização do projeto Residência OBScênica, centrado na investigação de dança em sítios de demolição de casas para construção de altos edifícios, com a intenção de gerar paisagens sensoriais para motivar a  desnaturalização da voracidade com que as ações humanas alteram radicalmente a natureza dos lugares e os elos entre corpos e ambientes.

A abertura, no dia 18 (quarta-feira), às 19h, acontece no hall principal, com a exposição “corpo-cardume”, uma seleção expressiva de imagens clicadas pela arquiteta e fotógrafa Inês Bonduki, que acompanhou as ações nos lugares por onde o projeto Residência OBScênica passou, revelando a efemeridade e a natureza das transformações topográficas nos territórios da cidade. Na sequência, a professora e urbanista Raquel Rolnik compartilha com o público as vivências e investigações que a motivaram na escrita do livro “Guerra dos Lugares – A Colonização da Terra e da moradia na era das finanças”, fruto de sua atuação como relatora especial da ONU para o Direito à Moradia Adequada.

Fixadas no teto e impressas em formato de bandeiras, as fotos da exposição sintetizam a experiência de um corpo-cardume em deslocamento pelo território e ressaltam a tímida escala dos corpos humanos nos ambientes por onde atravessam. Nela, a individualidade de cada corpo, na sutileza de seus gestos e expressões, se dilui na consonância do movimento coletivo.

No sábado (21/5), das 14h às 17h, na Sala Jardel Filho, as dançarinas que participaram da residência artística do projeto, “Plasticidade Destrutiva e Ecologia”, irão compartilhar os procedimentos de criação das intervenções em lugares de ruínas de residências urbanas, que serviram como disparadores de toda a pesquisa e encontro do Coletivo Ruínas. Num exercício performativo, o público será conduzido por uma caminhada pelo CCSP, de modo a ativar memórias, histórias e emoções pessoais e coletivas.

A instalação performativa de dança contemporânea, “Corpo Crustáceo” ocupa a Sala Ademar Guerra, nos dias 25, 26 e 27/5 (quarta a sexta), sempre às 21h. Num espaço-tempo dilatado, esculpido pela escuta sensível de um corpo vivente sob 400 quilos de pedras, brotam micromovimentos que, misturados a texturas e ruídos hiper-realistas, conduzem a uma sucessão de paisagens sensoriais, que provocam múltiplas nuances de reflexão sobre aspectos de intersecção do humano e da Terra. O trabalho foi indicado ao prêmio APCA/21, nas categorias ‘Interpretação’ e ‘Iluminação’.

“A língua dos restos”, vídeo-documentário construído a partir de imagens dos processos de criação do Coletivo Ruínas durante o projeto, tem exibição de estreia na quinta-feira (2/6), às 18h, na Sala Lima Barreto. Com direção de Rafael Frazão e captação de imagens de Gideoni Júnior e Inspiração 6, a câmera acompanha as ações do coletivo sondando a potência do resto, do escombro e das coisas que seguem existindo, apesar do fim dos seus mundos.

O Coletivo Ruínas encerra a Mostra com a peça multimídia de dança contemporânea “Terra”, que alerta para a impotência do corpo frente às forças de dominação do solo e do planeta pelo ser humano e o poder do capital, em apresentações nos dias 3, 4 e 5/6 (sexta e sábado, 21h; domingo, 20h), na Sala Ademar Guerra. A partir de uma dança de embate, de tremores, repouso, desmoronamentos, perfurações, rasgos e irrupções – relações simbolicamente atreladas a forças geofísicas orgânicas e inorgânicas –, numa teia compositiva de criação simultânea com a música e o audiovisual, brotam paisagens sensoriais, que sugerem narrativas de transformação da terra.

A Mostra Antropo OBScênica finaliza projeto contemplado pela 29ª edição do Programa de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo.

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Serviço

Mostra Antropo Obs-Cênica – Coletivo Ruínas

De 18/5 a 5/6

Centro Cultural São Paulo

Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso

Dia 18/5 (qua), às 19h – Hall Principal

Exposição “corpo-cardume” – Fotos: Inês Bonduki

Abertura – Raquel Rolnik + bate-papo

Dia 21/5 (sáb, das 14h às 17h) – Sala Jardel Filho

“Plasticidade Destrutiva e Ecologia” – Compartilhamento da residência artística + exercício performativo

De 25 a 27/5 (qua,qui,sex, às 21h) – Sala Ademar Guerra

Corpo Crustáceo – instalação coreográfica – Michele Carolina

Dia 02/6 (qui, às 18h) – Sala Lima Barreto

“A língua dos restos” (documentário) – Dir: Rafael Frazão

De 03 a 05/6 (sex e sáb, 21h; dom., 20h) – Sala Ademar Guerra

“Terra” – peça multimídia de dança contemporânea – Michele Carolina

Todas as ações são abertas ao público

 

Coletivo Ruínas

O Coletivo Ruínas existe desde 2013, como uma plataforma artística independente de investigação, pesquisa e criação transdisciplinar entre as linguagens da dança, do teatro, do audiovisual expandido, da fotografia, da música e da iluminação. 

Nos reunimos pelo assombro e pela atração que nos geram os sítios de demolição de casas para construção de altos edifícios e condomínios, fundamentalmente em bairros residenciais da cidade de São Paulo, não só pelo fenômeno da voracidade com que máquinas põem casas abaixo, mas por mudar radicalmente a natureza dos lugares.

Este motivo fez com que começássemos a criar modos e meios de nos relacionarmos poeticamente com determinadas topologias urbanas e a refletir, ética e politicamente, por meio de criações artísticas (intervenções urbanas, instalações, performances, videodanças, experimentos cênicos e peças), sobre o modo como percebemos os processos de transformação em tempo real e como a ação direta do corpo nos lugares contribuem com as discussões em torno deste atual fenômeno. 

www.coletivoruinas.com.br

 

Fichas técnicas dos trabalhos da Mostra

corpo cardume – exposição fotográfica

Concepção: Coletivo Ruínas | Projeto Expositivo: Inês Bonduki | Registros fotográficos: Inês Bonduki e Inspiração 6 | Abertura e bate-papo: Raquel Rolnik (pesquisadora convidada) | Design gráfico: Gustavo Domingues |  Produção: Júnior Cecon


Residência Artística Plasticidade Destrutiva e Ecologia – compartilhamento

Coordenação geral e artística: Michele Carolina | Artistas residentas: Ana Kathleen Barros, Brunieli Ferreira, Cariele do Sacramento, Daniela Ayelén, Dresler Aguilera, Eduarda Silva Araujo, Joice Florisbal Borges, Juliana Morimoto, Letícia L. Bellato, Lilian Wiziack, Mariana Taques, Michele Cesca, Nicoly Augustinho, Tara Oliveira Minozzi, Thais Antunes da Silva, Thaís Ueti e Vitória Savini | Produção: Júnior Cecon e Iolanda Sinatra | Registro em foto: Inspiração 6 e Gideoni Júnior | Registro em vídeo: Inspiração 6 e Inês Bonduki


Corpo Crustáceo

Concepção: Coletivo Ruínas | Dança e Coordenação Artística: Michele Carolina |

Provocação Cênica: Luah Guimarãez | Suporte Dramatúrgico: Silvia Geraldi | Desenho de som: Jovem Palerosi | Assistente de Criação Cênica e Iluminação: Juliana Morimoto | Operação de luz: Hernandes Oliveira | Preparação Corporal: Toshi Tanaka | Cenografia: Rogério Marcondes | Figurino: Rogério Romualdo | Registro em foto: Inspiração 6 e Inês Bonduki | Registro em vídeo: Inspiração 6 e Gideoni Júnior | Edição: Rafael Frazão | Assistentes de palco: Thais Ueti e Vitória Savini | Assessoria de Imprensa: Elaine Calux | Redes Sociais e Mediação: Talita Bretas (MUD) | Designer gráfico:  Gustavo Domingues | Produção: Júnior Cecon

Classificação indicativa: livre | Duração: 50 minutos

 

A língua dos restos – video-documentário

Concepção: Coletivo Ruínas | Direção e edição: Rafael Frazão | Captação: Inspiração 6 e Gideoni Júnior | Trilha sonora: Jovem Palerosi

 

Terra

Concepção: Coletivo Ruínas | Dança e Coordenação Artística: Michele Carolina | Provocação Cênica: Luah Guimarãez e Alejandro Ahmed | Suporte Dramatúrgico: Silvia Geraldi | Desenho de som: Jovem Palerosi | Conteúdo Audiovisual e Vídeo-mapping: Luciana Ramin, Thiago Capella Zanotta e Rafael Frazão | Iluminação: Hernandes Oliveira | Figurino: Rogério Romualdo | Assistentes de Criação Cênica: Juliana Morimoto, Thais Ueti e Vitória Savini | Preparação Corporal: Eduardo Fukushima | Registro em foto: Inês Bonduki | Registro em vídeo: Gideoni Júnior | Edição material de divulgação: Rafael Frazão e Elaine Calux | Assessoria de Imprensa: Elaine Calux | Redes Sociais e Mediação: Talita Bretas (MUD) | Designer gráfico:  Gustavo Domingues | Produção: Júnior Cecon

Classificação indicativa: 16 anos | Duração: 45 minutos

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