Entre os dias 17 de novembro e 12 de dezembro, o coletivo Ana Maria Amarela apresenta, em frente a dez espaços culturais de São Paulo, a estreia de Vermelhos que Sangram na Luta. O espetáculo, que integra a trilogia Vestidos de Noiva, traz cenas que questionam e tensionam os lugares assumidos pela hegemonia cultural vivida no mundo contemporâneo. A idealização é de Diego Castro e a direção de Luan Afonso. Ambos também entram em cena ao lado de Dani Barsoumian e Douglas Campos.

Após o primeiro espetáculo baseado no estudo da cor branca (O que restou do branco, de 2016), em que o grupo questiona as estruturas normativas de gênero, signos dos  vestidos de noiva e também a branquitude; a segunda parte da trilogia, Vermelhos que Sangram na Luta, chega com a proposta de investigar o que acontece depois de “sujar de vermelho os vestidos brancos”. A ideia é criar um tensionamento, uma violação, como se fosse o rompimento de uma estrutura que possibilite a chegada a um novo lugar na pesquisa do coletivo Ana Maria Amarela.

Nessa acepção, o grupo discute, também, a partir da cor vermelha, sua relação com a guerra, realidades de classes e a luta de pessoas dissidentes em uma sociedade hegemônica. “Queremos reconhecer os diversos vermelhos do país que também sangraram em suas lutas e entender que há uma luta constante em que seguimos sangrando”, diz Luan Afonso, diretor do espetáculo.

Segundo Luan, os elementos cênicos flertam com as artes visuais e com materialidades que mencionam ou tenham o vermelho como ponto de partida. Ainda assim, a pesquisa corporal  é a plataforma central da apresentação. “A performance lida com o presente, com o momento específico do que acontece no aqui e agora. Pesquisamos a arte da ação como linguagem para potencializar o nosso trabalho com a dança”, explica.

Diego Castro, que idealizou a montagem e que também é um dos dançarinos e performers, reforça que o momento político que estamos vivendo é uma parte inevitável da performance, mas sua pesquisa o antecede. “Trata-se (a cor vermelha) de um símbolo que ganhou mais força em face das últimas eleições. Na cena, também usamos máscaras táticas, como metáfora para nossas guerras pessoais, mas que inevitavelmente lembram a luta pela vida, após um momento pandêmico, com suas tantas mortes que se repetem”, reforça ele. 

Sobre a Trilogia Vestidos de Noiva

Em 2015 o coletivo inicia a pesquisa da trilogia Vestidos de Noiva e traz como ponto de partida o estudo de cores, simbologias e a corporeidade desenvolvida para criação na linguagem de dança contemporânea que o coletivo desenvolve em seus trabalhos.  A trilogia assume o vestido de noiva como materialidade de investigação. Essa investigação tem disparadores para reflexões sobre suas representações sociais, tensionamentos aos papéis de gênero, estruturas normativas e simbologia das cores, evidenciando o branco, vermelho e preto.   

No primeiro momento da pesquisa, o coletivo estreia seu primeiro espetáculo “O que restou do branco?”. Ao questionar o branco, suas representatividades nos campos da sociedade contemporânea chegamos a lugares que nos fizeram estabelecer o segundo momento da pesquisa, inaugurando o reconhecimento do que acontece depois do branco – a subjetividade da defloração do símbolo da pureza, da virgindade, suscitando o sangue, o vermelho como símbolo de diversas lutas. Contra estigmas e cicatrizes dos seus papéis de luta na sociedade, sobretudo nas simbologias da cor vermelha.

Sinopse

Através do encontro com o público, um grande símbolo de pureza familiar vem sendo alterado: manchas vermelhas são espalhadas nos vestidos de noiva. Luta, sangue, guerra, paixão, fogo, amor. Amor que desloca em chamas que desviam para o vermelho. A denúncia dos corpos violados. Se deflorar era um desejo quase sacro, para o ponto de vista de uma sociedade baseada em conceitos patriarcais, o espetáculo propõe contar o lado de quem sangra. O lado de quem esteve diante do vermelho e que lutou para quebrar os padrões estabelecidos por uma errônea e triste história. Vermelhos que Sangram na Luta integra a segunda parte da Trilogia Vestidos de Noiva, e nos coloca diante do estudo de cores, simbologias e a corporeidade da cor vermelha através da dança. 

Sobre o Coletivo Ana Maria Amarela

Criado em 2014, o Coletivo Ana Maria Amarela propõe a investigação do corpo como plataforma central de pesquisa, deflagrando estudos em diversas linguagens artísticas, para potencializar a pesquisa em dança contemporânea. Buscando a intersecção entre dança, performance e artes visuais.

Ao longo de sua existência o coletivo traz em seu repertório as performances: “Concreto Seco” (2015); “Transeuntes” (2016); “MARCHAS” (2016); “VESTIDOS de noiva” (2017), “NOIVA escrita” (2018) e “Narrativas de um Vestido” (2019). Espetáculo “O que Restou do Branco” (2016). Festival – Mostra Performática (2021). As produções audiovisuais em vídeo-dança: “Experimentos” (2020), “Vermelho em 172” (2021) e “Solidão em Vermelho” (2021). E o curta-metragem “MATIZ – filme” (2020).

Ficha Técnica

Idealização: Diego Castro
Direção: Luan Afonso
Dançarines: Dani Barsoumian, Diego Castro, Douglas Campos e Luan Afonso.
Violino ao vivo: Mafê
Formação Corpo-Cor, Corpo-dança, Corpo-Performance: Cibele Mateus, Dani Barsoumian, Marcela Silvério e Solange Ardila.
Provocação Artística: Dani Barsoumian
Trilha Sonora Original: Luana Hansen e Dj Mozzão
Vestidos: Elidy Moreira
Paisagem Visual e Sonora: Luan Afonso
Registros Fotográficos: Castello Spada
Registro Áudio Visual: Suelen Dias
Operador de Som: Flopes
Designer Gráfico: Castello Spada
Assessoria de Imprensa: Pevi 56
Produção Geral: Diego Castro
Produção: Bob Melo
Realização: Coletivo Ana Maria Amarela

Informações do evento

Datas e Horários:
11 de dezembro de 2022 16:00 às 17:00 - Domingo

Entrada Gratuita

Classificações: livre

Acessibilidade: Sem Acessibilidade

Formato do Evento: Presencial

Local: Centro Cultural da Juventude

Endereço: Avenida Deputado Emílio Carlos, 3641, de 2155 ao fim - lado ímpar - São Paulo / SP - 02721-200

Localização: