No filme Estamira, obra de referência para a criação do solo Tudo que é imaginário existe e é e tem, vê-se na boca de Estamira o poder da palavra, sua indignação diante das violências que sofreu, mas, sobretudo, o poder de criação e resistência de seu testemunho. Vítima de exclusão e violência, Estamira é alçada às esferas da visibilidade por meio de uma obra artística, um documentário, mas sua condição de ser excluído e anônimo permanece inalterada. Tu do que é imaginário existe e é e tem parte das palavras proferidas por Estamira no documentário de mesmo nome, dirigido por Marcos Prado (2006). A criação deste solo vem aprofundar um lugar da pesquisa onde a palavra (escrita ou cantada) é referência para as diversas possibilidades de construção no corpo e na cena. Em anos anteriores, essa mesma pesquisa resultou nas peças: Tragédia Brasileira (Manuel Bandeira), “e das outras doçuras de deus” (Clarice Lispector), Onde os Começos? (Hilda Hilst), Baleia (Graciliano Ramos), A Emparedada da Rua Nova (Carneiro Vilela) e Música para Ver (Gilberto Gil), que foram criadas a partir de obras literárias e buscaram espelhar uma poética brasileira revelada naqueles textos e poemas .
Este trabalho dá prosseguimento a uma investigação iniciada em anos anteriores onde a palavra é o mote inicial para as construções no corpo e na cena. Se anteriormente se inspiraram em obras literárias como Vidas Secas de Graciliano Ramos, contos de Clarice Lispector ou poemas de Manuel Bandeira, agora, partiram da fala incendiária e ao mesmo tempo assertiva e desconcertante de Estamira, personagem da vida real apresentada no filme Estamira, de Marcos Prado.
Sobre a E2 Cia de Teatro e Dança
A E2 Cia de Teatro e Dança, dirigida por Eliana de Santana é um núcleo atuante na cidade de São Paulo desde 1996. Realiza uma pesquisa em dança contemporânea que tem como ponto de partida a referência/inspiração na literatura brasileira e na obra de diversos artistas visuais, investigando poéticas ligadas à temática do sujeito anônimo. Artista da cena, intérprete e coreógrafa, Eliana da Santana iniciou-se no teatro em 1984, estudando e trabalhando com diretores como Antunes Filho (CPT), Antônio Abujamra (no espetáculo “A Serpente”) e Gerald Thomaz (no espetáculo “Un Glauber”). Em 199 6 estreia “Tragédia Brasileira”, seu primeiro trabalho autoral de dança, inspirado em texto homônimo de Manuel Bandeira, pesquisa que teve apoio da Bolsa Rede Stagium. Criou o solo “Das Faces do Corpo”, inspirado na obra fotográfica de Arthur Omar, pesquisa contemplada com a Bolsa Vitae de Artes. Em novembro de 2006 estreia o trabalho “Francisca da Silva de Oliveira – Chica da Silva – Um Esboço”, pesquisa contemplada com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna. Em 2008/2009, Eliana de Santana cria “… e das outras doçuras de deus”, inspirado em crônicas de Clarice Lispector. Com este espetáculo Eliana recebeu em 2011 o Prêmio APCA na categoria Intérprete Criador em Dança.
Informações do evento
Datas e Horários:
14 de abril de 2023
20:00 às 21:00 -
Sexta-Feira
Valor: R$ 9,00 a R$ 30,00
Classificações: 16 anos
Acessibilidade: Sem Acessibilidade
Site: https://www.sescsp.org.br/unidades/santo-andre/
Formato do Evento: Presencial
Local: Sesc Santo André
Endereço: Rua Tamarutaca, 302 - Santo André / SP - 09071-130
Localização: