TREMORES, a nova obra coreográfica da bailarina Leticia Sekito, criada a partir de elementos autobiográficos, ficcionais e poéticos, estreia dia 24 de fevereiro, sexta-feira, às 20h30, no Sesc Avenida Paulista. Explorando fluxos contínuos de estados físico-emocionais, o espetáculo dá visibilidade às questões que permeiam o repertório da artista ao longo de 18 anos de trabalho continuado – identidades culturais e pertencimento, o estigma da mulher asiática e a reflexão sobre o erotismo na dança.
Contemplado pela 31ª edição do Programa do Fomento à Dança da cidade de São Paulo, o projeto TREMORES traz uma equipe composta majoritariamente por mulheres para colaborar, pensar e criar um universo feito de carne, pele, plástico, suor, afeto, amor, tristeza, alegria, vida e morte. O espetáculo tem colaboração dramatúrgica e interlocução teórica de Fernanda Raquel, provocação cênica de Estela Lapponi, desenho de luz de Ligia Chaim, trilha sonora de Inés Terra e figurino de Joana Porto.
Considerando sua condição de mulher cis, hétero, mãe e nipo-brasileira, que vive na metrópole de São Paulo na criação da coreografia, Leticia Sekito acredita que os temas abordados no espetáculo, quando apresentados para o debate sociocultural, provocam inquietações, desestabilizações e podem fazer tremer ideias, conceitos e práticas normatizadas vigentes. “Os tremores podem ser de prazer e de dor, de temor e euforia, de incerteza e regozijo. Tremores que vão se atualizando, se reconfigurando e moldando o corpo e a dança continuamente. O trabalho propõe uma mudança na percepção sensorial para ressignificar as relações eróticas com um olhar feminino”, explica ela.
Em TREMORES, que investiga como a energia erótica pode permear as relações e os espaços, ambivalências ganham cores e materialidades na tentativa por horizontalizar as relações entre tudo que está em cena, sem a busca pelo protagonismo do corpo humano. Sekito atua com as coisas, orgânicas e inorgânicas, lembrando que a matéria também vibra, com tendências e trajetórias próprias.
Palco e plateia
No processo de criação de TREMORES, Leticia Sekito buscou inspiração na teoria feminista de Audre Lorde e bell hooks, na erótica literatura de Hari Kang (A Vegetariana) e na poesia sensual de Ana Haterly, entre outras mulheres. “Lorde escreve que erótico é compartilhar profundamente qualquer busca com outra pessoa. Agora chega a hora de compartilhar com o público este espaço-tempo para contemplação, para alargar as percepções e expandir as sensações”, conta a bailarina.
Na proposta de Leticia Sekito palco e plateia não se separam. Todas as pessoas juntas, permeáveis. As sonoridades também se mesclam e a iluminação não procura focar os grandes acontecimentos, mas os pequenos gestos. Tanto a trilha sonora como o desenho de luz são compostas em tempo real, seguindo a dramaturgia da coreografia com espaços para a improvisação. No jogo entre aparição e desaparição, proposto pela artista, o desejo penetra no corpo e no ambiente para celebrar o risco e a vitalidade. Uma dança como força de oposição que abre espaço entre o chão, faz escorrer líquidos do corpo e das coisas, rompe com as expectativas, alucina algumas imagens, abrindo-se ao não saber e propondo um outro tipo de visibilidade.
Afeto, terror, deleite e febre fazem parte do corpo e também da criação de TREMORES. Eros, erotismo, sensibilidade, aprendizado, sexualidade, pornografia, vulva – nomes, conceitos, ideias que moveram e movem a artista pelo lugar suculento que propõe.
“TREMORES não é uma declaração ou afirmação, mas um convite para experimentar, estar com as pessoas, entre o inerte e o que se move, entre as coisas animadas e os objetos passivos nesse viés de horizontalidade, jogo e despertar dos sentidos. Talvez seja mesmo para repensar a relação entre atividade e passividade e fazer tremer o ordenamento usual – uma questão de sobrevivência”, destaca Sekito.
Sobre Leticia Sekito
Artista da dança e performance, criadora da Companhia Flutuante, está interessada na potência do encontro entre pessoas e lugares e em movimento. Formada pelo c-e-m Centro em Movimento, Lisboa/Portugal, trabalhou no Estúdio Nova Dança e foi cocriadora e intérprete da Cia 2 Nova Dança, em São Paulo e, atualmente, desenvolve os projetos Para se ver o que é possível, Fluxos em Preto&Branco #21 e Práticas por uma Dança Suculenta. Leticia é professora de dança, diretora de movimento, Educadora do Movimento Somático pelo BMC®, professora de DanceAbility®, Aikidoista e terapeuta corporal. Faz parte do Centro de Estudos Orientais, coordenado por Christine Greiner PUC/SP, do Movimento a Dança se Move, do Espaço Extranho e do Deha Terapias Integradas.
Ficha técnica:
Concepção, Criação, Direção Artística e Dança – Leticia Sekito. Colaboração Dramatúrgica e Interlocução Teórica – Fernanda Raquel. Provocação – Estela Lapponi. Desenho de Luz – Ligia Chaim. Trilha Sonora – Inés Terra. Figurino – Joana Porto. Direção Visual – Leticia Sekito. Fotografia e Vídeo – Felipe Lwe. Preparação Corporal – Ivan Marcos Okyuama Sensei (Respiração Musubi no Kokyu-hô), Mara Guerrero e Mariza Virgolino (Pilates). Design Gráfico – Érico Peretta | Várzea Design. Assessoria de Imprensa e Gestão de Redes Sociais – Nossa Senhora da Pauta. Gestão do Projeto – Vanessa Lopes e Cooperativa Paulista de Dança. Produção – Corpo Rastreado | Danusa Carvalho e Gabi Gonçalves. Realização – Sesc São Paulo e Programa de Fomento à Dança – Secretaria Municipal de Cultura. Apoio Cultural – Associação Pesquisa de Aikido, Casa Líquida, Casa de Zuleika, CRD – Centro de Referência da Dança, Espaço Extranho, Espaço Tekoha, Oficina Cultural Oswald de Andrade e Sala Mara Guerrero.
Informações do evento
Datas e Horários:
24 de fevereiro de 2023
até 19 de março de 2023
18:30 às 19:20 -
Domingo
20:30 às 21:20 -
Sexta-Feira
20:30 às 21:20 -
Sábado
Valor: R$ 10,00 a R$ 30,00
Classificações: 16 anos
Acessibilidade: Com Acessibilidade
Site: http://sescsp.org.br/
Formato do Evento: Presencial
Local: Sesc Avenida Paulista
Endereço: Avenida Paulista, 119 - São Paulo / SP - 01311-903
Localização: