Sinopse

“Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso.” Walter Benjamin – Obras escolhidas. Magia e técnica. Arte e política. 

TERRA é uma peça multimídia de dança contemporânea em cinco atos, onde a dançarina interage com uma grande volumetria, transformando, a cada ato, sua topologia e imprimindo sobre ela as forças ativas do que chamamos de progresso.

Invoca-se, à superfície da terra, a solidez da rocha para criar, em um paralelo com os ossos [estruturas edificantes do corpo], uma dança de embate, de tremores, repouso, quedas, desmoronamentos, perfurações, rasgos e irrupções – relações simbolicamente atreladas a forças geofísicas [inorgânica e orgânica] –, numa teia compositiva de criação simultânea com a música e o audiovisual.

Release 

Instalação em movimento, TERRA atua na zona de contágio entre dança, sonoridade e audiovisual generativo, experimento que se constrói a partir de um sistema personalizado.

Num fluxo sucessivo de paisagens expressivas, em que é proposto um diálogo entre forças motoras, forças plásticas, os elementos audiovisuais e sonoros criados ao vivo, cada uma sugere uma narrativa de transformação da terra e destaca um vetor principal do imperativo civilizatório como fundamento da movimentação.

Ao unir diferentes práticas artísticas e transdisciplinares, atravessadas por narrativas e artes visuais em ações ao vivo, o trabalho permite ao público apreciar tanto uma experimentação cênica quanto uma instalação de arte.

“A protagonista aqui é a criação de uma metáfora sobre a Terra em movimento, que, numa dança de embate contra as forças de dominação do solo e do planeta pelo ser humano e o poder do capital, revela-se frágil e impotente numa disputa bastante desigual, mas que segue mesmo assim”, revela Michele Carolina, intérprete que concebeu o trabalho contando com Luah Guimarãez e Alejandro Ahmed como provocadores cênicos, o suporte dramatúrgico de Silvia Geraldi e com Eduardo Fukushima na preparação corporal. 

A criação coletiva tem ainda Jovem Palerosi na composição sonora, Luciana Ramin, Thiago Capella Zanotta e Rafael Frazão no conteúdo audiovisual e vídeo-mapping, Vitória Savini, assistentes na criação cênica, e Hernandes de Oliveira na iluminação. Assina o figurino Rogério Romualdo.

Ficha Técnica 

Concepção: Coletivo Ruínas

Dança e Coordenação Artística: Michele Carolina

Provocação Cênica: Luah Guimarãez

Desenho de som: Jovem Palerosi

Conteúdo Audiovisual e Vídeo-mapping: Rafael Frazão e Thiago Capella Zanotta

Assistentes de Criação Cênica: Vitória Savini

Iluminação: Hernandes de Oliveira e Thiago Capella Zanotta

Preparação Corporal: Eduardo Fukushima

Figurino: Rogério Romualdo

Registro em foto: Inês Bonduki

Registro em vídeo: Gideoni Júnior

Redes Sociais: Portal MUD

Assessoria de imprensa: Nossa senhora da pauta

Produção: Júnior Cecon e Josie Berezin

Assistente de produção: Raissa Bagano

Designer gráfico: Gustavo Domingues e Hernandes de Oliveira

Coletivo Ruínas 

O Coletivo Ruínas existe desde 2014, como coletivo artístico temporário de investigação, pesquisa e criação transdisciplinar entre as linguagens da dança contemporânea, do teatro, do audiovisual expandido, da fotografia, da música e da iluminação.

Nos reunimos pelo assombro e pela atração que nos geram os sítios de demolição de casas para construção de altos edifícios e condomínios, fundamentalmente em bairros residenciais da cidade de São Paulo, não só pelo fenômeno da voracidade com que máquinas põem casas abaixo, mas por mudar radicalmente a natureza dos lugares. Nos interessa como os processos de especulação imobiliária e desestatização coreografam o cotidiano e afetam os corpos.

Este motivo fez com que começássemos a criar modos e meios de nos relacionarmos poeticamente com determinadas topologias urbanas e a refletir, ética e politicamente, por meio de criações artísticas (como Intervenções Urbanas, Instalações, Performances, Videodanças, Experimentos Cênicos e Peças) o modo como percebemos os processos de transformação em tempo real e as contribuições que a ação direta do corpo nos lugares agrega às discussões sobre este atual fenômeno.

A interlocução com a topologia movente dos sítios de demolição e construção de edifícios residenciais, a metamorfose do ambiente lar e a remodelagem dos corpos e dos modos de vida, nos coloca frente ao modo com que a espécie humana está ocupando a Terra. Quanta floresta tem em um edifício?

No entendimento de que somos natureza, a pesquisa corporal se apoia nas práticas de matrizes japonesa, Do-ho, e chinesa, Tai Chi Chaun Dao Yin. No campo teórico, nos interessamos por conceitos sobre Ecologia, Antropoceno, Filosofia, Direitos Humanos e a Terra como ser de direitos.


Informações do evento

Datas e Horários:
30 de setembro de 2024 até 2 de outubro de 2024 20:00 às 20:40 - Segunda-Feira 20:00 às 20:40 - Terça-Feira 20:00 às 20:40 - Quarta-Feira

Entrada Gratuita

Classificações: 16 anos

Acessibilidade: Sem Acessibilidade

Formato do Evento: Presencial

Local: Edifício Oswald de Andrade

Endereço: Rua Três Rios, 363, lado ímpar - São Paulo / SP - 01123-001

Localização: