De 8 a 18 de novembro, a Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo, receberá o espetáculo gratuito “O QUE TE TRANSBORDA? Solos de dança flamenca contemporânea”, com direção da bailarina e coreógrafa Ale Kalaf. As apresentações ocorrerão durante duas semanas (8 a 11/11 e 15 a 18/11) e integram o projeto contemplado pela 33ª edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo, que prevê a circulação de espetáculos até fevereiro de 2024.
Esta mostra de trabalhos solos de dança é resultado da oficina em que 16 profissionais conceituados da Dança Flamenca, oriundos de diferentes lugares do Brasil, foram instigados a pensarem novos sentidos compositivos para um solo sobre si, exaltando e trabalhando a confiança na potência de ser singular. Esse processo culminou em uma revolução do pensamento sobre a criação em Dança Flamenca feita por artistas brasileiros.
Na primeira semana (8 a 11/11), participam os seguintes artistas com seus espetáculos solos: Ana Nicolau; André Pimentel; Fabiana Ghisolfi; Isadora Nefussi, Josi Azevedo, Maissa Bakri e Ximena Espejo. Na semana seguinte (11 a 18/11), Beatriz Carrazza; Carol Ferrari; Deborah Nefussi; Fernanda Viana; Jemima Ruedas; Maira Vitale; Nina Molinero e Priscila Grassi estarão no centro do palco.
PESQUISA: O QUE TE TRANSBORDA?
Com essa pergunta, nos quatro meses de pesquisas, a oficina dirigida pela bailarina e coreógrafa Ale Kalaf, em parceria com todas as profissionais convidadas, propôs a desconstrução de dogmas e valores tão impregnados na linguagem flamenca, ao mesmo tempo que abriu espaço para a construção de novos saberes, expondo diferentes caminhos para o universo flamenco brasileiro. O foco foi fomentar a criação em dança, um pensamento sobre ela, a criação de uma nova dramaturgia para o corpo flamenco e o impulsionamento da pesquisa de novos criadores.
SERVIÇO
8 a 18/11, quarta a sexta, às 19h30, sábados e feriados 18h
OFICINA CULTURAL OSWALD DE ANDRADE
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro
Entrada Gratuita
Retirada de ingressos 1h antes
Classificação indicativa 12 anos
FICHA TÉCNICA
Concepção, provocação e Direção Artística: Ale Kalaf
Dramaturgia: Nathalia Catharina
Preparação e provocação corporal: Adriana Nunes, Mareu Machado e Pat Bergantin
Provocação filosófica: Dani Nefussi
Intérpretes criadores: Ana Medeiros, Ana Nicolau Saldanha, André Pimentel, Beatriz Carrazza, Carol Ferrari, Deborah Nefussi, Fabiana Ghisolf, Fernanda Viana, Isadora Nefussi, Jemima Ruedas, Josi La Cubanita, Maira Vitale, Maissa Bakri, Nina Molinero, Priscila Grassi e Ximena Espejo
Iluminação: Miló Martins
Som: Hélio Pisca
Produção: AnaCris Medina e Cau Fonseca
Solos de dança flamenca contemporânea (por ordem de apresentação)
SEMANA 1
Josi Azevedo
LABIRINTO
Na Antiguidade de acordo com a mitologia, os labirintos foram criados para aqueles que, neles entrassem, não poderiam sair mais.
Caminhando pelo seu próprio labirinto pessoal, ao enfrentar suas dores que desencadearam em crises de pânico, a intérprete se propôs a olhar para essa caminhada aparentemente sem saída, acolhendo todos os estranhamentos que emergiram dessa jornada.
Fabiana Ghisolfi
LINHA DE FRONTEIRA
Limite, divisa, separação. Linha de fronteira é uma performance sobre as pequenas coisas.
Os acordes da Milonga Triste funcionam como disparador para a criação deste solo, ou poema escrito com o corpo, que versa sobre a memória, o amor e o desejo de romper.
Ximena Espejo
MEU PASSADO ME TROUXE
“..O tempo é irrealizável.
Provisoriamente o tempo parou para mim.
Provisoriamente.
Mas eu não ignoro as ameaças que o futuro encerra, como também não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro.
O meu passado é a referência que me projeta e que eu devo ultrapassar.
Portanto, ao meu passado, eu devo o meu saber e a minha ignorância, as minhas necessidades, as minhas relações, a minha cultura e o meu corpo.
Que espaço o meu passado deixa para a minha liberdade hoje? Não sou escrava dele.
O que eu sempre quis foi comunicar unicamente da maneira mais direta o sabor da minha vida. Unicamente o sabor da minha vida.
Acredito que eu consegui fazê-lo.
Vivi num mundo de homens, guardando em mim o melhor da minha feminilidade. Não desejei e nem desejo nada mais do que viver sem tempos mortos.”
(Simone de Beauvoir)
Ana Nicolau Saldanha
WABI-SABI
Do japonês: encontrar a beleza na imperfeição. E quando o imperfeito surge na sua frente, você o descarta?Ou encontra a sua particular beleza e dança com ela?
Em cena, um corpo flamenco japonês, as tradições atravessando a vida da intérprete confrontando diariamente suas escolhas. Estar desconfortável é uma condição, e o que emerge disso é poesia.
Maissa Bakri
PELE
Pele, palavra havaiana para lava derretida, é a deusa do vulcão, do fogo, da dança. Criadora de novas terras e destruidora das antigas.
Danço em homenagem à sua violenta criatividade e potência disruptiva, para retraçar minhas bordas imaturas, desfazer uma antiga geologia.
Pele também como fronteira porosa de tudo que somos, esconde, revela, repele, absorve, filtra.
Órgão paradoxal, ao mesmo tempo, o dentro e o fora, mancha, esparrama-se, queima, esfria. Contamina-se com o que toca, orna-se com tecidos.
Frágil, elástica, colorida.
Limite dançante do território indefinido de um e de outro. É na pele que se refazem as paisagens do corpo: vales, vulcões, colinas.
André Pimentel
O FAROL
O solo é inspirado no filme de mesmo nome do diretor americano Robert Eggers. Três personagens em três pequenos solos entrelaçados por uma questão pungente hoje do intérprete, a vulnerabilidade de uma possível cegueira. A decadência.
Dois marinheiros: um velho e um jovem, e “um encantado”, que pode nos salvar ou não..
Cíclico movimento natural da vida que não cessa: fé e finitude.
Isadora Nefussi
ABRAÇAR AS VOLTAS
Esse é o meu solo, a minha dança, o meu corpo, mas também ele é seu, através dos seus pensamentos e reflexões cotidianas mais ou até menos profundas. Vêm através da palavra, da pausa, silêncio, e novamente a palavra.
Este solo é a minha exposição dançante de questionamentos sobre minha vida hoje. Todo dia um solo novo, todo dia uma nova dança, todo dia um novo corpo, todo dia uma nova volta.
SEMANA 2
Nina Molinero
CORPO PIANO
Formatos, formas, contornos e saberes em um só corpo. Um fazer artístico múltiplo. Quando se entrelaçam veias, teclas, sapatos, ritmos, músculos e vísceras. Quando música e dança se tornam um. Ou será que não sempre foram.
Fernanda Viana
A MULHER QUE VIROU CHUVA
O encontro com a tempestade, depois de um longo e arrastado dia de altas temperaturas.
Chuviscos, devaneios, ventanias, medos e culpas. Relâmpagos, raios, trovões e ilusões. Tormenta.
Uma metáfora que escorre pelo corpo, e se manifesta em cena. Um deságue inevitável, tal como sentir as emoções humanas.
Carol Ferrari
TENHO VONTADE DE GRITAR, MAS GRITO NÃO É ÁGUA
Por onde choro, me sinto cheia.
Cheia de mim.Me sinto indo.
Gotejando coragem.
GO – TE – JAN – DO.
Além da água, tem sangue.
Lágrima e suor.
Rio de sangue.
Eu sento e choro.
Fluxo.
Nunca a mesma.
Beatriz Carraza
EU SÓ QUERIA FALAR DE FLORES
Eu Só Queria Falar de Flores,
mas para isso, teria de ser seguro andar nas ruas, roupas seriam apenas roupas, corpos desacordados de mulheres seriam coletivamente protegidos.
Eu estaria segura e as meninas estariam a salvo.
Desejo um dia poder falar de flores.
Priscila Grassi
OS 807 SONS DA MINHA CABEÇA
O corpo flamenco que emana som, o som do bailarino-músico, do músico que não sou, do gesto que faço e não é ouvido.
Uma busca para trazer à tona essa música que mora em mim, sempre, constante, numerosa, sobreposta aos inúmeros acontecimentos cotidianos.
Sem enfeites, sem sobras, mas encharcados de verdade.
Gesto sonoro puro e cru.
Deborah Nefussi
MEMÓRIAS DE MIM
Tempo, um bordado de medos, limites e sabedorias. De histórias minhas e de mulheres da minha vida, onde algumas eu louvo, outras desconheço, ou não me representam, mas fazem parte do que sou, e quanto mais tento me desvencilhar, mais me aproximo. Costuro então meus pedaços para não me perder de mim, um bordado abstrato å borda do meu abismo de memórias, onde sei que vou saltar, mergulhar e sair voando.
Jemima Ruedas
PEINETA GARFO
Erguer a voz, o corpo, a cabeço e o cabelo.
Pertencer, encaixar, ocupar.
Se fazer caber. Qual a cor do flamenco?
Maira Vitale
PUERPÉRIO OU SOBRE TROCAR DE PELE
Nascimento, morte e renascimento, sobre os ciclos orgânicos da vida.
As folhas verdes que ficam amarelas e que em seguida caem. Sobre o depois desses galhos sem folhas. Sobre essas folhas caídas pelo chão, alimentando a terra, as raízes, as árvores e tudo aquilo que florescerá de novo, na sustentação da vida e da morte, com toda sua força e delicadeza.
Sobre gerar, parir, alimentar e sustentar.
A gente troca de pele e não sabe habitar a pele nova. Quanto tempo leva para se sentir sua de novo?
SOBRE ALE KALAF
Bailarina com formação em Flamenco, Ballet clássico e Dança Contemporânea no Brasil e na Espanha. Há 15 anos dirige o Estúdio Flamenco Ale Kalaf, criando espetáculos icônicos com seus alunos, como Frida Khalo y sus mundos, Terciopelo, Rosa de Jericó entre outros. O diálogo com outros artistas e outras musicalidades permeiam seu trabalho como criadora e coreógrafa. Ao longo de mais de 20 anos de carreira, concebeu, dirigiu, dançou trabalhos profissionais em parceria com outros artistas como Luceros dança Toninho Ferraguti, Con alma, Puro en la mescla, Afeto cap.1 Lorca. Kalaf também assina a direção cênica do espetáculo Frágil dos artistas Miri Galeano e Jony Gonçalves, produz e dança o espetáculo As filhas de Bernarda com direção e concepção de Clarisse Abujamra, e Concreto considerado pela revista Bravo um dos 30 melhores espetáculos de dança de 2018. Contemplada pelos editais: O Boticário na Dança, ProAC, ProAC Expresso LAB2020, Sesi Viagem Teatral, Edital Extra Sesi de cultura e três edições do Programa de Fomento à Dança
Informações do evento
Datas e Horários:
8 de novembro de 2023
até 18 de novembro de 2023
19:30 às 20:30 -
Quarta-Feira
19:30 às 20:30 -
Quinta-Feira
19:30 às 20:30 -
Sexta-Feira
18:00 às 19:00 -
Sábado
Entrada Gratuita
Classificações: 12 anos
Acessibilidade: Com Acessibilidade
Formato do Evento: Presencial
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade
Endereço: Rua Três Rios, 363, lado ímpar - São Paulo / SP - 01123-001
Localização: