O Krocodilo

Inspirado na obra O Crocodilo de Fiódor Dostoiévski (1821-1881), Marcos Abranches encarna Ivan, personagem central do conto e traz para a cena um corpo cúmplice de si mesmo. Conivente com a sua situação, transforma sua efemeridade e penúria física em um banquete para o Estado. Concepção e direção coreográfica de Sandro Borelli, com quem Abranches vem trabalhando em suas últimas investidas coreográficas.

A bilheteria será integralmente revertida para apoiar o Kasulo – Espaço de Cultura e Arte.

Release: Publicado em 1865, O Crocodilo de Fiódor Dostoiévski (1821-1881), retrata com ironia a hipocrisia reinante na sociedade russa de sua época regida pela plutocracia Czarista, porém, já contaminada por valores capitalistas europeus. Em busca do acesso as classes mais abastadas, os pequenos burgueses ou classe média da época se preenchiam de banalidades provindas do continente vizinho.  Dostoiévski faz uma crítica à tentativa de modernizar a Rússia aos costumes econômicos europeus. Ou seja, uma tentativa de europeizar o cotidiano do povo russo.

Ivan, personagem central do conto, ao ser engolido por um crocodilo em exposição em São Petersburgo e, a sua recusa em sair de dentro do animal por se sentir protegido das agruras do cotidiano, na relação amorosa, no trabalho e social, o autor expõe toda futilidade humana de sua época.    

‘A escolha em transformar mais este escrito genial do autor russo em Dança, já foi feita em O Idiota (2021), se dá por conta do meu apreço aos assuntos abordados pelo autor e que em muito se assemelham ao seu contemporâneo e genial Franz Kafka. Marcos Abranches, por sua potência física e artística na cena, tornou-se um intérprete que considero extremamente importante para esta tarefa – a de apresentar com seu corpo cênico, uma versão contemporânea muito próxima da obra original’, diz Sandro Borelli. 

O Krocodilo apresenta um indivíduo que será engolido vivo pela morte e se sentirá confortável nesta inusitada e macabra situação. Não sendo mais necessário dar satisfações de suas idiotices, canalhices e oportunismos baratos. Abranches, encarna Ivan em cena, um corpo cúmplice de si mesmo e conivente com a sua situação, transformando sua efemeridade e penúria física em um banquete para o Estado. 

Há muito tempo desejava por um fato oportuno para que todos pudessem falar de mim, mas, recolhido em minha insignificância não consegui. Agora todos irão falar de mim. (Fiódor Dostoiévski)

Este projeto foi realizado com o apoio do Programa Municipal de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.

Ficha Técnica completa: 

Direção Geral e Artística da Companhia – Marcos Abranches.
Concepção, direção artística e coreográfica da obra- Sandro Borelli.
Intérprete Criador – Marcos Abranches.
Assistente de coreografia: Rafael Carrion
Artistas convidados: Rafael Carrion e Sandro Borelli
Preparação Corporal: Sylvia Fernandez, José Maria de Carvalho e Sandro Borelli.
Colaboradores: Odilon Roble, Valéria CanoBravi e Thi Angel.
Desenho de Luz e concepção cênica – Sandro Borelli.
Trilha Sonora – Pedro Simples.
Vídeo Maker: Edu Luz – Jagun Filmes
Produção: Radar Cultural Gestão e Projetos.
Produção executiva: Maju Tóffuli.
Coordenação de Produção: Solange Borelli
Divulgação Social Mídia: Renato Fernandes.
Apoio: Cooperativa Paulista de Dança, Centro de Referência da Dança SP e Kasulo – Espaço de Cultura e Arte.

Minibio: Marcos Abranches, como todo artista, é singular, pois utiliza de um gestual próprio e particular, como base de estudo para a construção de uma pesquisa de linguagem transmutada para a cena das artes do corpo. Assim, amplia o pensamento e o entendimento sobre os modos de lidar, compreender, reconhecer, aceitar e incluir os indivíduos com corpos com habilidades diferenciadas. Marcos Abranches é performer, dançarino e intérprete-criador. Iniciou sua carreira artística em 2000 na Cia. FAR 15, e desde 2005 atua como artista independente, criando a Marcos Abranches Cia. que, ao longo da sua trajetória, criou as seguintes obras: Corpo sobre tela, Canto dos Malditos, O Grito, O Idiota, e o mais recente, O Krocodilo, construído sob a direção artística e coreográfica de Sandro Borelli.