A ação poética estabelecida nos 20 anos de existência do Grua se deu, até hoje, por meio de interações com a ecologia urbana e foi construída nos trânsitos entre linguagens da dança, da performance e do audiovisual. Dessa forma, o grupo procura se atualizar e para dar continuidade à sua evolução, decidiu unir as ruas e os palcos para celebrar a sua história. Com direção de Rogério Tarifa, o novo trabalho da companhia, O CORPO É UM SÓ, faz apresentações nos dias 17, 19, 24, 25 e 26 de junho, às 19h, e 18, 20 e 29 de junho, às 14h, na Paideia Associação Cultural.
“Sou do teatro, mas a minha relação com o Jorge Garcia, um dos idealizadores do Grua, é de longa data. Temos uma parceria há mais de 15 anos. Já dirigi alguns espetáculos dele ao “mesmo tempo em que ele fez direção de movimento para vários dos meus projetos. Gosto muito dessa intersecção entre as artes”, conta Tarifa.
Além de homenagear a trajetória do grupo, O CORPO É UM SÓ reflete sobre a sensação de estafa que tem afetado as pessoas, particularmente após a pandemia de Covid-19. Para isso, a companhia mergulhou em um intenso processo e criou uma dramaturgia a partir dos seus próprios vídeos, fotos e do livro Sociedade do Cansaço (Editora Vozes, 2015), do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han.
O pensador mostra que a sociedade disciplinar e repressora do século 20 descrita por Michel Foucault perdeu espaço para uma nova forma de organização coercitiva: a violência neuronal. Neste novo modelo, as pessoas se tornam carrascas das suas ações, já que estão sempre se cobrando por resultados e acreditando em teorias motivacionais. Assim, o ser humano, que poderia trabalhar menos e ganhar mais, se submete ao inverso: trabalhar mais e ganhar menos.
“Aproveitamos essa ideia para discutir o papel do artista, que, por estar sempre tentando transformar o mundo, sem sucesso, acaba por entrar em um quadro de cansaço extremo, burnout e ansiedade. Inclusive, colocando para si o desafio de apontar caminhos para acabar com esse desconforto”, explica Tarifa.
Sobre a encenação
Dividida em prólogo, três atos e epílogo, o Ato-espetáculo começa na rua, como é a marca registrada do grupo, e segue para dentro do teatro. “É como se brincássemos que a companhia, que surgiu com ex-integrantes do Balé da Cidade de São Paulo, tivesse saído do palco para descobrir o mundo e, agora, retorna para esse palco para compartilhar com o público tudo o que colheu nessas duas décadas”, comenta o diretor.
Para esse projeto, foram convidas 4 bailarinas mulheres, Alma Luz Adélia, Dani de Moraes, Natália Karam e Toshiko Oiwa, assimilando em seus trabalhos corpos diversos e abrindo espaços de discussões para todas e todos, ampliando as possibilidades criativas e de investigações.
O CORPO É UM SÓ é um divisor de águas para o grupo. Por ser uma espécie de “retorno” a um espaço fechado, Grua e Tarifa propõem a camada audiovisual interagindo com a cena ao vivo, através de uma projeção que revela a trajetória e memórias do grupo, após duas décadas de atuação em espaços abertos. Também foram incorporados depoimentos pessoais no espetáculo, transformados em música para serem coreografados pelos bailarinos e bailarinas. É como se tudo funcionasse como um grande documentário. Essa camada audiovisual conduzida por Osmar Zampieri é parte fundamental nas investigações do Grupo, ao longo de sua trajetória. Nesses últimos três anos, por exemplo, o acirramento do diálogo entre linguagens engendrou obras audiovisuais potentes e independentes – os filmes.
Dançarinos com múltiplos talentos
“As sonoridades são assinadas pelo Fernando Martins, outro integrante do Grua, que vem se aprofundando cada vez mais em suas investigações sobre o universo sonoro e musical do grupo. Desde 2021, quando as performances do Grua começaram a se tornar filmes também, essas investigações tem sido parte fundamental no entendimento na construção de trilhas sonoras tanto para a performance ao vivo, quanto para os filmes, contribuindo de forma integral para a experiência audiovisual do grupo. Neste espetáculo, Fernando contou com a parceria e a Direção musical do diretor William Guedes, parceiro de Tarifa há 15 anos.
Da mesma maneira, o dançarino Roberto Alencar aproveitou outros dos seus talentos para o espetáculo. Por ter o hábito de registrar o grupo por meio de desenhos, ele se envolveu na criação de peças que compõem os figurinos e a cenografia. E Jerônimo Bittencourt, que escreve e pesquisa poesia, vem incorporando essa sua faceta à dramaturgia.
O espetáculo é um projeto aprovado e viabilizado pela lei Municipal nº 13.279/2002 e Edital nº 03/2023/SMC/CFOC/SFA – 34ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo.
Sinopse
Seres esgotados e sedentos de transformações dançam e evocam suas memórias e devires, buscando a fuga da exaustão contemporânea em direção a sítios de cura, de compartilhamento e de geração de afetos reais. A pele, o terno: o corpo é um só.
Ficha Técnica
Direção Geral: Rogério Tarifa
Direção Artística Grua: Jorge Garcia, Osmar Zampieri e Willy Helm
Artistas Criadores: Alma Luz Adélia, Dani Moraes, Fernando Martins, Jerônimo Bittencourt, Jorge Garcia, Natália Karam, Osmar Zampieri, Roberto Alencar, Toshiko Oiwa e Willy Helm
Dramaturgia: Grua e Rogério Tarifa
Comissão de Dramaturgia: Jerônimo Bittencourt, Natália Karam e Rogério Tarifa
Direção Musical: William Guedes
Trilha Sonora Original: Fernando Martins
Direção de vídeo: Osmar Zampieri
Figurinos: Juliana Bertolini e criação coletiva Grua
Costureira: Francisca Lima
Comunicação Visual – Sato do Brasil
Assessoria de imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes
Produção: Lud Picosque – Corpo Rastreado
SERVIÇO
O CORPO É UM SÓ
Datas: 17, 19, 24, 25 e 26 de junho, às 20h, e 18, 20 e 29 de junho, às 14h.
Informações do evento
Datas e Horários:
17 de junho de 2024
até 29 de junho de 2024
Entrada Gratuita
Classificações: livre
Acessibilidade: Com Acessibilidade
Formato do Evento: Presencial
Local: Paideia Associação Cultural
Endereço: Rua Darwin, 153, até 453/454 - São Paulo / SP - 04741-010
Localização: