O Núcleo Pé de Zamba estreia quatro novos espetáculos com a Mostra de Solos: Micelial – Raízes em conexão, trazendo ao público um olhar sobre a ancestralidade com “Sopros em Pedra nos Açude da Memória”, de Jô Pereira, “Chão-Raiz”, de Andrea Soares, “Irradiante”, de Fabricio Enzo e “Curare, Maré de Memórias”, de Leandro Medina. A mostra tem caráter itinerante, com a realização de quatro mini temporadas, entre 10/9 e 8/10, em diferentes regiões da Cidade de São Paulo, passando pelo Teatro Artur de Azevedo, Ocupação Artística Canhoba, Fábrica de Cultura Capão Redondo e Centro de Referência da Dança.
Além das quatro criações, será lançado o minidoc “Micelial – Raízes em Conexão”, trazendo as narrativas colhidas pela cineasta Sylvia Sanches – Cardamomo Filmes – durante os 42 dias de uma pesquisa de campo que adentrou o agreste de Pernambuco e Paraíba, a região do Crateús, no Ceará, e a região metropolitana de Belém e de Bragança, no Pará, seguindo os rastros deixados pela ancestralidade de cada integrante do coletivo. O filme será exibido durante a mostra itinerante nos intervalos das apresentações.
A proposta faz parte de um movimento maior de decolonização, do qual o coletivo tem participado ativamente na última década. Esta efervescência vem transformando os interesses das novas gerações em torno do que somos enquanto população e enquanto cultura. A consequência disso é que os descendentes daqueles que migraram para a cidade de São Paulo entre 1960 e 1980, quando houve um grande fluxo migratório, assim como os que migraram mais recentemente, estão se apoderando das narrativas que envolvem suas próprias histórias de vida, resignificando novos processos identitários que surgem e se fortalecem.
O Núcleo Pé de Zamba foi fundado em 2009. Desde então, o grupo vem desenvolvendo a pesquisa autoral nominada dança “contemporâneo-brasileira”, onde a cultura brasileira, sua principal matéria-prima, toma forma expressiva através da construção de um corpo consciente de suas potencialidades para o movimento e para a cena, que são conquistadas gradativamente através de práticas de educação somática.
Esta é uma realização da Ilumiara – Ser e Conhecer, com orientação dramatúrgica de Valéria Cano Bravi e produção de Vanessa Lopes | INdependente. O projeto foi contemplado pela 31ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.
Sinopses
“Sopros em Pedra nos Açude da Memória”, de Jô Pereira
O encontro com as sombras de um passado desconhecido, mas imaginado, permeados por realidades geográficas e humanas bem concretas, amalgamaram as danças para se escancarar – e curar – as dores das violências sociais que se sobrepuseram em apagamentos constantes das heranças afro-indígenas de Jô Pereira. A danças furtivas de ventos e rodas, de engrenagens e labaredas fazem emergir belezas e evidenciam as sutilezas de outros viveres da memória, no tempo presente.
Classificação indicativa: Livre
Duração: 40 minutos
“Chão-Raiz”, de Andrea Soares
Chão-Raiz” é o dançar do “caminho de volta”, o traçado buscador de respostas sobre o ser não branca, não preta, não indígena e, ao mesmo tempo, ser um tanto de tudo isso: uma fonte de impossibilidades construídas pelos apagamentos tão profundos, ao ponto de se tornar fértil, num desfolhar de camadas em movimento dançado, revelando a essência do que se é, para além do explicável pela razão.
Mas é, também, o resgate dessa essência na intenção de colaborar com um vir-a-ser plural e inclusivo para todas as pessoas, evidenciando marcas, dores, belezas e encantamentos que podem nos possibilitar (re)conhecer os fatos e (re)escolher os caminhos.
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 40 minutos
“Irradiante”, de Fabricio Enzo
Beber da memória de ancestrais em vida é atravessar o vão entre quem ficou e quem migrou. Como alcançar raízes que se expandiram para estabelecer comunicação e buscar nutrientes. E para saborear os frutos dessa árvore ancestral, é necessário desvendar e revelar o percurso de volta, construindo as próprias perspectivas sobre o horizonte, agora observado de perto da árvore que a raiz forte ajudou a nutrir e sustentar.
Classificação indicativa: Livre
Duração: 40 minutos
“Curare, Maré de Memórias”, de Leandro Medina
Um mergulho na história das ancestrais, matriarcas amazônicas de Leandro Medina e sua reverberação na história pessoal do artista. Seus banhos, suas ervas, seus mistérios encharcados de suor e chuva, no curso de um rio sinuoso, onde o passado volta à superfície, desvendando histórias de amores e medos.
Classificação indicativa: Livre
Duração: 40 minutos
Minidoc “Micelial – Raízes em Conexão”
Direção: Sylvia Sanchez | Cardamomo Filmes
O minidoc Micelial – Raízes em Conexão apresenta espaços, personagens e experiências encontrados durante uma viagem de descoberta e resgate de ancestralidades. Os artistas do Núcleo Pé de Zamba percorreram interiores da Paraíba, de Pernambuco, do Ceará e do Pará para cavar narrativas e afetos relacionados às histórias de suas famílias. Nesse processo, foram atravessados por terras e mistérios; histórias de femininos diversos; movimentos de águas e de secas. Abasteceram seu corpo e sua imaginação para dançar. O que o minidoc propõe é justamente um convite para mergulhar nesse universo que inspirou as criações de cada bailarino – e faz isso por um percurso que, para além de informar, busca estimular a imaginação e os sentidos de quem vê.
Classificação indicativa: Livre
Programação
Entrada Gratuita
10 e 11/9 (sábado e domingo)
Teatro Arthur de Azevedo – Sala Multiuso (Zona Leste)
Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo – SP, 03115-020
10/9, 20h:
Espetáculo “Chão-Raiz”, com Andrea Soares
Exibição do minidoc “Micelial – Raízes em Conexão”, de Sylvia Sanchez
Espetáculo “Irradiante”, com Fabricio Enzo
11/9, 18h:
Espetáculo “Sopros em Pedra nos Açude da Memória”, com Jô Pereira
Exibição do minidoc “Micelial – Raízes em Conexão”, de Sylvia Sanchez
Espetáculo “Curare, Maré de Memórias”, com Leandro Medina
Ficha Técnica:
Projeto: Micelial – Raízes em Conexão
Coordenação: Andrea Soares
Direção Musical: Leandro Medina
Elenco: Andrea Soares, Fabrício Enzo, Jô Pereira, Leandro Medina
Músicos: Rodrigo Salvador, Luan Frenk
Trilha Sonora: Andrea Soares, Fabrício Enzo, Jô Pereira, Leandro Medina, Rodrigo Salvador, Luan Frenk
Orientação Dramatúrgica: Valéria Cano Bravi
Preparação Corporal em Eutonia: Karen Muller
Preparação Corporal em Gyrokinesis: Daniela Augusto
Preparação Vocal: Rodrigo Mercadante
Cenografia e Figurino: Marcondes Lima, Andrea Soares
Execução de figurinos: Maria Oliveira, Maria Gomes, Selma Paiva, Sheila Uyenabo
Execução Cenográfica: Paulo Galvão
Iluminação e operação de Luz: Dede Ferreira
Operação de Som: Teo Ponciano
Direção Minidoc: Sylvia Sanchez | Cardamomo Filmes
Captação de Imagens Minidoc: Sylvia Sanchez | Cardamomo Filmes
Roteiro Minidoc: Marina Bastos, Sylvia Sanchez | Cardamomo Filmes
Montagem Minidoc: Marina Bastos
Assistente de Produção: Gabriel Augusto
Ateliê de Criação: Andrea Soares
Identidade Visual e Arte Gráfica: Beatriz Carvalho
Fotografia: Silvia Machado, Sylvia Sanchez
Assessoria de Comunicação: Elaine Calux, Vanessa Lopes
Redes Digitais: Portal MUD
Registro em Vídeo: Sylvia Sanchez | Cardamomo Filmes
Apoio: Oficina Cultural Oswald de Andrade, TUSP/ECA, Ocupação Artística Canhoba, Fábrica de Cultura Capão Redondo, Centro de Referência da Dança, Teatro Arthur de Azevedo
Produção Executiva: Vanessa Lopes | INdependente
Realização: Ilumiara – Ser e Conhecer, Núcleo Pé de Zamba
Financiamento: Programa de Fomento à Dança para Cidade de São Paulo
Núcleo Pé de Zamba
Coletivo dedicado à pesquisa multiartística para a cena, a partir das culturas tradicionais brasileiras, o Núcleo Pé de Zamba trafega pela Dança, Teatro, Literatura e Música, tendo como referencial algumas das características encontradas na espetacularidade das suas fontes de pesquisa, tais como a ocupação não convencional da cena, a relação próxima com o público e a interação entre as artes. Em seus quase treze anos de existência (2009-2022), insiste em defender que nos meandros de nossas culturas tradicionais reside rica matéria-prima para criação, capaz de engendrar beleza, gerar diversidade e trazer reflexão sobre temas relevantes de nossa contemporaneidade. Mais do que isso, o Núcleo Pé de Zamba acredita que um povo se faz mais forte quando mergulha em si mesmo: só uma raiz profunda pode sustentar uma árvore frondosa!
Atuando na pesquisa, criação e formação em torno do que nomeia “espetacularidade contemporâneo-brasileira”, pretende ampliar as pontes que fazem possível o intercâmbio entre a tradição e a contemporaneidade, sem abrir mão de princípios éticos junto às comunidades que pesquisa e que colaboram mais diretamente com suas criações, visibilizando-as e atuando como parceiros sempre que possível. É neste espírito de troca, de transdisciplinaridade e de (re)existência cotidiana que o Núcleo Pé de Zamba entra em seu segundo decênio, cada vez mais certo de que é dos nossos quintais, do barro do nosso chão-raiz, que vem a força e a sabedoria para fazer da arte nosso melhor instrumento de transformação.
O Núcleo Pé de Zamba traz em seu currículo alguns prêmios e editais, além de circular regularmente pelas unidades do SESC-SP, na capital e no interior e de ter participado de projetos como o ônibus-biblioteca da SMC-SP, e “Deixa que eu Conto Amazônia”, via UNICEF, através de seus criadores, Andrea Soares e Leandro Medina.
Editais:
Prêmio Funarte Klauss Vianna de dança, 2012;
Edital Caixa Cultural de Salvador, 2015;
Edital Proac de Incentivo à Leitura, 2015;
Edital de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, 2018;
Edital de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, 2021;
Repertório:
O Núcleo Pé de Zamba possui em seu repertório espetáculos de dança, teatro e narrativas de histórias/brincadeiras e show musical, os quais descrevemos abaixo, por linguagem e ordem cronológica:
Dança: “Glocalidades: antropofagia nossa de cada dia” (2010); “A cruz que me carrega”, (2013) “Descarrego” (2013); “Bons de Jogo” (2016); “Cor-Ação” (2019); “SerTÃOmar” (2019).
Teatro: “Silibrina? É a Diana, Menina!!!” (2009); “Para Lá das Palavras” (2011); “Que Língua é essa?” (2014).
Literatura: “Contando ninguém acredita” (2019)
Música: “Zambaria” (2015)
Informações do evento
Datas e Horários:
10 de setembro de 2022
até 11 de setembro de 2022
18:00 às 20:00 -
Domingo
20:00 às 22:00 -
Sábado
Entrada Gratuita
Classificações: livre
Acessibilidade: Com Acessibilidade
Capacidade de pessoas: 750
Formato do Evento: Presencial
Local: Teatro Arthur Azevedo
Endereço: Rua do Sol, s - 66501-012
Localização: