ESPETÁCULOS DA CIA. ARTESÃOS DO 

CORPO ESTREIAM NO UNIVERSO VIRTUAL

 

Seis coreografias do repertório do grupo realizadas em espaços 

públicos e paisagens urbanas da cidade de São Paulo ganham o 

ambiente digital com recursos de audiodescrição e exibições gratuitas

Casa das Rosas, Oficina Cultural Oswald Andrade e Viaduto do Chá são alguns dos locais da capital paulista, que a Cia. Artesãos do Corpo levou suas coreografias no último ano. As apresentações presenciais da mostra de espetáculos Repertório Urbano foram registradas em vídeo e agora serão transmitidas virtualmente com acesso gratuito e recurso de audiodescrição.

As seis coreografias serão disponibilizadas em ambiente digital a partir de 4 de novembro, sexta-feira, com a exibição da performance Olhar Urbano. No sábado, dia 5 de novembro, às 20h, é a vez de Estranhos Seres Nebulosos e Ilusórios e no domingo, dia 6 de novembro, às 16h, o espetáculo Senhor Tati ganha as telas.

Na semana seguinte a performance Refúgio – ou como fixar raízes no concreto é apresentada na quarta-feira, dia 9 de novembro. Na sexta-feira, dia 11 de novembro, às 20h, a montagem Formas que o Acaso e o Vento dão às Nuvens é exibida e no sábado, dia 12 de novembro, às 16h, é a vez de Senhor Calvino.

Os espetáculos estão organizados em dois blocos, cada bloco contendo uma criação dos três recortes que organizavam poeticamente as apresentações ao vivo. Dança – Arquitetura – Memória com os espetáculos Estranhos Seres Nebulosos e Ilusórios e Formas que o Acaso e o Vento dão às Nuvens; Dança – Cidades – Crianças com as montagens Senhor Calvino e Senhor Tati e Dança – Tempo – Deslocamentos com as performances Olhar Urbano e Refúgio – ou como fixar raízes no concreto.

As exibições no universo on-line ficarão disponíveis no Instagram e YouTube da Cia. Artesãos do Corpo e nos canais do YouTube do Portal MUD e do Ver Com Palavras, e integram o projeto Dançar a Rua contemplado pela 31ª edição do Programa Municipal de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo.

Outros públicos e territórios

Para Mirtes Calheiros, diretora da Cia. Artesãos do Corpo criada em 1999, dançar com a cidade é o mote que o grupo teve de se reencontrar com a cidade, com a rua e com o público. “Esse retorno após a pandemia e o isolamento social nos trouxe diversas reflexões e sentimentos e nos possibilitou olhar a cidade, a dança e as ruas de uma outra forma. Somente por meio das brechas poéticas que vamos conseguir vencer a barbárie e a brutalidade”, explica ela.


A bailarina também destaca a importância de se habitar as telas para que a dança chegue para outros públicos e territórios. “Ao propor versões on-line com o recurso de audiodescrição queremos ampliar essa discussão sobre acessibilidade despertando não só no público, mas também em nós artistas, novas sensibilidades”, destaca.

Além dos vídeos também serão compartilhados no site ciaartesaosdocorpo.com.br três publicações com artigos, textos, escritos e devaneios poéticos dos integrantes da Cia. Artesãos do Corpo sobre o projeto Dançar a Rua, além da retomada das apresentações, o encontro com o público, o processo de remontagem de cada trabalho e impressões das ruas e da cidade tendo a dança como interlocutora.

Dança – Arquitetura – Memória

O primeiro recorte da mostra de repertório apresenta os espetáculos Formas que o Acaso e o Vento dão às Nuvens e Estranhos Seres Nebulosos e Ilusórios.

Formas que o Acaso e o Vento dão às Nuvens estabelece um contato direto com a arquitetura levando poesia e destacando pequenos detalhes que o olhar viciado pela pressa e pela velocidade não permite enxergar. Livremente inspirada no livro de Ítalo Calvino As Cidades Invisíveis, a coreografia traz movimentos sutis, quase uma não ação. A coreografia pode ser sobre São Paulo ou alguma cidade do Irã, Itália ou Japão. Não importa, já que apenas as pessoas conferem existência e sentido às cidades. Como diz Calvino, falamos de uma cidade querendo nos referir a outra.

Os processos de influência e alteração que a presença da dança na rua traz para o corpo de cada bailarino e para o meio urbano, deixa a porta aberta ao improviso e ao acaso. As perguntas que a cidade fez aos corpos de cada um dos intérpretes são respondidas através do movimento e da dança.

Criado em um momento tenso da história recente do nosso país (2017), Estranhos Seres Nebulosos e Ilusórios teve como inspiração inicial a série de fotos Esculturas do Inconsciente, do fotógrafo Tatewaki Nio. Atravessado pelo vento, pelos sons, pelo fluxo de pessoas, pelo cimento, pelo desmonte, pela destruição de horizontes o espetáculo apresenta muitas camadas, imagens, aparições e movimentos envoltos em uma cidade que a abriga.

Com febre de cimento, a Cia Artesãos do Corpo foi desenrolando cenas colhidas em meio ao caos da cidade. As fotos de Nio capturam paisagens suspensas no tempo, aparentemente desocupadas, repletas de sombras, de sobras, de texturas atemporais e de inacabamentos. 

Dança – Cidades – Crianças

Convidar as pessoas para ocuparem os espaços públicos e imaginar futuros possíveis e lugares onde o sonho, o lúdico e a brincadeira estejam presentes é o mote dos espetáculos Senhor Calvino e Senhor Tati, que integram o segundo recorte da mostra virtual.


O universo poético-urbano do escritor Ítalo Calvino é o ponto de partida de Senhor Calvino. Com humor, leveza e poesia a Cia. Artesãos do Corpo transforma a rua e a paisagem urbana em um caleidoscópio de cores e situações surreais. Em cena os intérpretes buscam lançar luz aos pequenos detalhes presentes no cotidiano das cidades, que normalmente são ignorados pela maioria de seus habitantes, mas que traduzem e refletem o mundo contemporâneo e a existência humana. Sr. Calvino passeia pela rua e deixa um vestígio colorido no espaço público lembrando que a rua também foi feita para dançar.

 

Já em Senhor Tati a Cia. Artesãos do Corpo propõe criar uma atmosfera poética e repleta de imagens, movimentos e objetos cênicos que remetem ao mundo divertido e instigante do ator e cineasta francês Jacques Tati. Com uma trilha sonora repleta de músicas francesas, a coreografia se debruça na tensão nostálgica entre passado e futuro, lançando um olhar poético para aquilo que a modernidade determinou como insignificante e assim redimensionando o valor e a importância de todas as coisas. 

Dança – Tempo – Deslocamentos

O último recorte exibe as performances Olhar Urbano e Refúgio – ou como fixar raízes no concreto. Na primeira, a dança está lá, mas não se vê, se pressente e a segunda surge da questão: Como lidar com o conceito de enraizamento num contexto onde o corpo é obrigado a deslocar frequentemente suas raízes?

Em Olhar Urbano os corpos dos quatro intérpretes se deslocam ora lentamente, ora estabelecendo novos diálogos com a arquitetura local. Longe da segurança do palco o corpo cria uma coreografia onde o risco e o inesperado estão presentes, tornando cada apresentação uma construção inédita. 

A performance propõe uma reflexão sobre a pressa e a velocidade que é imposta no cotidiano. Num jogo lúdico criam-se solos, duos, trios e um quarteto onde a dança surge a partir de movimentos inusitados. Os intérpretes buscam a poesia na interação com o espaço, com outro intérprete e com o próprio público, que experimenta diferentes níveis de observação.

Na performance/intervenção Refúgio – ou como fixar raízes no concreto o objetivo é dar voz, corpo e peso às histórias diversas e experiências compartidas na cidade de São Paulo, dando uma nova dimensão à ideia de lar. A ação tem início com nove pares de sapatos de concreto instalados no espaço. Os corpos dos intérpretes e a trilha sonora composta por depoimentos de pessoas nascidas em outros países, mas que adotaram o Brasil, mais especificamente a cidade de São Paulo, como morada e lugar para fixar suas raízes, vão preenchendo o espaço cênico por diversas camadas poéticas e simbólicas.

Exibições no Instagram @ciaartesaosdocorpo e nos canais do YouTube da Cia. Artesãos do Corpo [youtube.com/artesaosdocorpo], Portal MUD [youtube.com/museudadanca] e Ver com Palavras [youtube.com/vercompalavras].


Direção – Mirtes Calheiros. Elenco – Dawn Fleming, Ederson Lopes, Fany Froberville, Hiro Okita, Leandro Antonio e Mirtes Calheiros. Pesquisa Musical e Sonoplastia – Marcelo Catelan. Fotos – Fabio Pazzini. Vídeos – André Cruz e Ica Martinez. Arte Gráfica – Bruno Pucci. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Audiodescrição – Livia Motta + Ver com Palavras. Produção – Ederson Lopes.

Informações do evento

Datas e Horários:
4 de novembro de 2022 até 12 de novembro de 2022 16:00 às 17:00 - Domingo 19:00 às 20:00 - Sexta-Feira 20:00 às 21:00 - Sábado

Entrada Gratuita

Classificações: livre

Acessibilidade: Com Acessibilidade

Site: http://youtube.com/museudadanca

Formato do Evento: Presencial

Local: Online

Endereço: Youtube