Há alguns anos, a coreógrafa Nadia Beugré vem se aproximando da comunidade transgênero de Abidjan, a maior cidade da Costa do Marfim. São pessoas que, designadas como meninos ao nascer, navegam entre os gêneros com grande liberdade, mesmo inseridas numa sociedade muito patriarcal que, na melhor das hipóteses, finge não as ver. Cabeleireiras de dia, divas das pistas de dança à noite, essas personagens vivem expostas e subterrâneas, fluindo entre circuitos paralelos e redes de solidariedade, inventando danças próprias que, dança vogue e coupé-décalé [estilo musical da Costa do Marfim], fazem as noites de Abidjan. No espetáculo, Beugré dá continuidade à investigação sobre gênero e identidade, mas também sobre aqueles que ela chama de “perdidos”, os desajustados, os que estão à margem, na periferia, aqueles que são rejeitados ou ignorados. A artista questiona as atribuições e os papéis na família, na sociedade e na história – tanto os que são atribuídos às pessoas como aqueles que elas assumem.
HISTÓRICO
Nadia Beugré nasceu na Costa do Marfim e, em 1995, estreou como dançarina no Teatro Dante. Após dois anos, entrou para a TchéTché, companhia da coreógrafa costa-marfinense Béatrice Kombé. Após a morte da mentora, em 2007, foi estudar na École des Sables, no Senegal, e, em 2009, ingressou no programa de Mathilde Monnier para coreógrafos em ascensão, em Montpellier, na França. Logo, passou a encenar as próprias produções, como o solo Quartiers Libres (2012). Sua última criação antes de Profético (nós já nascemos), L’Homme Rare, estreou em 2020. O encontro com o bailarino francês Alain Buffard também marcou a carreira de Beugré: foi ele quem a incentivou a entender mais sobre corpo, sexualidade e gênero. Há uma década, as peças da artista traçam um percurso singular em torno das margens, da exclusão, do que é anormal; viajam por meio de identidades em mudança. Em 2020, com Virginie Dupray, fundou a companhia de dança Libr’Arts, uma plataforma de produção e formação.
FICHA TÉCNICA
Direção artística: Nadia Beugré
Performance: Beyoncé, Canel, Jhaya Caupenne, Taylor Dear, Acauã Shereya El Bandide e Kevin Kero
Luz: Anthony Merlaud
Cenografia: Jean-Christophe Lanquetin
Assistência artística: Christian Romain Kossa
Gerenciamento de luz: Bia Kaysel
Olhar externo: Nadim Bahsoun e Adonis Nebié
Tradução das legendas: Marta Lisboa
Produção: Virginie Dupray (Libr’Arts)
Coprodução: Kunstenfestivaldesarts Brussels, Théâtre Le Rideau Brussels, Montpellier Danse, Points Communs Cergy Pontoise, Holland Festival Amsterdam, Culturescapes 2023 Sahara, ICI – Centre Chorégraphique National Montpellier Occitanie (direção de Christian Rizzo), Fonds Transfabrik – Fonds franco-allemand pour le spectacle vivant, Tanz im August/HAU Hebbel am Ufer Berlin, La Place de la Danse CDCN Toulouse Occitanie, Théâtre Garonne scène européenne – Toulouse, Les Spectacles Vivants – Centre Pompidou Paris, Festival d’Automne à Paris, Spielart Theaterfestival Munich, Théâtre de Freiburg, Africa Moment Residency: Agora de la danse Montpellier danse, Théâtre Le Rideau Brussels, com o apoio do DRAC Occitanie – French Ministry for Culture and Communication e agradecimentos ao Ivoire Marionnettes Abidjan e ao Institut Français de Côte d’Ivoire.
ESTE ESPETÁCULO É APOIADO PELO CONSULADO-GERAL DA FRANÇA EM SÃO PAULO E INSTITUT FRANÇAIS
Informações do evento
Datas e Horários:
6 de março de 2024
até 8 de março de 2024
21:00 às 22:15 -
Quinta-Feira
21:00 às 22:15 -
Sexta-Feira
19:00 às 20:15 -
Sábado
Valor: R$ 25,00 a R$ 50,00
Classificações: 14 anos
Acessibilidade: Sem Acessibilidade
Site: https://mitsp.org/2024/profetico-nos-ja-nascemos/
Formato do Evento: Presencial
Local: Teatro Arthur Azevedo
Endereço: Avenida Paes de Barros, 955 - São Paulo / SP