Lapidação – ou quando gritam as pedras

Performance de dança sobre violências sofridas por LGBTQIAPN+ ganha temporada em novembro em Campinas

“Lapidação – ou quando gritam as pedras”, apresentada por José Teixeira, tem entrada gratuita em quatro sessões com acessibilidade; veja as datas

Apresentada pelo ator e bailarino José Teixeira, a performance de dança “Lapidação – ou quando gritam as pedras” ganha temporada com entrada gratuita em novembro em Campinas/SP. O ciclo de apresentações começa no dia 9 (domingo) no CIS Guanabara e segue pelos dias 15 (sábado) no Museu da Cidade; 16 (domingo) no Grupo Niu Yoga e 30 (domingo) no Centro Cultural Casarão, sempre às 14h com retirada de ingressos no local. Mais informações podem ser conferidas na página do artista no Instagram, em @zefa_teixeira.

Em “Lapidação – ou quando gritam as pedras”, José propõe ao público um contato direto com as vivências e violências sofridas pela comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil e no mundo. A performance, concebida em 2018 e aperfeiçoada ao longo destes anos após mais de 200 horas de improvisação, é inspirada na canção “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, que traz à cena a forma como as pessoas reagem à existência de um corpo marginalizado, fora dos padrões daquilo que se espera de um ser humano para ser aceito na sociedade.

“Lapidação ou apedrejamento é uma forma muito antiga de execução de condenados à morte, em um ato que consiste em lançar pedras em um réu até que ele morra”, explica José Teixeira. “Ouvir ‘joga pedra na Geni’ não faz sentido quando se sabe quem era Geni ou o que representava. Esta dança questiona e denuncia a passividade diante de tantas e tantas notícias sobre mortes atrozes”.

A obra é realizada em formato de arena em que o público, para entrar, recebe pedras como senha. Durante o espetáculo as pessoas têm essas mesmas pedras na mão, que simbolizam a metáfora de apedrejar pessoas LGBTQIAPN+. Ao longo da performance, José conduz o público à reflexão sobre o apedrejamento físico e simbólico que se faz presente na vida dos membros da comunidade e também as convida a ler reportagens levantadas pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), em que LGBTQIAPN+ são violentadas e mortas.

Segundo José, o Grupo Gay da Bahia é uma ONG que há 44 anos realiza um levantamento anual de mortes da comunidade. Essa pesquisa é realizada através de reportagens e obituários e por não ser um levantamento oficial das instituições responsáveis pelas estatísticas no Brasil, estima-se que o número de assassinatos seja muito maior. “Só em 2023 foram contabilizadas 257 mortes, das quais 127 eram transexuais, 118 eram homens gays, 9 lésbicas e 3 bissexuais. Ao apresentar estes números em cena o espetáculo provoca o público a refletir sobre a violência seguida de morte à qual a população LGBTQIAPN+ é exposta”.

Como o intuito da performance é levar ao público reflexões e conscientização sobre tantas violências, o artista conduz a apresentação de forma a trazer também uma ‘virada de chave’ sobre o apedrejamento iminente, oferecendo às pessoas presentes a possibilidade de ressignificação do cenário, vislumbrando o amor e o respeito acima das adversidades.

Além das quatro apresentações abertas ao público, José também já levou a performance para turmas de Ensino Médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos) de escolas públicas de Campinas. Todas as sessões, abertas e fechadas para alunos, contam com tradução em Libras e são seguidas de rodas de conversa sobre a temática abordada.

A performance faz parte do projeto “Não joga pedra na Geni”, contemplado pela PNAB (Política Nacional Aldir Blanc) de Fomento à Cultura, realização da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas e do Ministério da Cultura do Governo Federal.

Ficha técnica

Intérprete-criador: José Teixeira | Provocação cênica: Adnã Alves | Preparação vocal: Renata Sanchez | Preparação corporal: Yasmin Berzin | Intérprete de Libras: Verena Teixeira | Operação de som: Yasmin Berzin | Assessoria de acessibilidade: Dani Forchetti | Consultoria surda: JP Acciari | Consultoria em audiodescrição: M&M Acessibilidade Cultural | Roteiro de audiodescrição: Dani Forchetti | Narração de audiodescrição: Yasmin Berzin | Identidade visual e Designer: Anna Kelmer | Captação audiovisual: Pedro Spagnol | Assessoria de imprensa: Miguel Von Zuben | Produção artística e executiva: Teixos Dançantes Produções

Serviço

Lapidação – ou quando gritam as pedras

Performance de José Teixeira

Classificação etária: 16 anos

Duração: 45 minutos

Acessibilidade: Libras e Audiodescrição

Datas:

• 09/nov (domingo) | 14h | CIS Guanabara (Rua Mário Siqueira, 829 – Botafogo, Campinas/SP)

• 15/nov (sábado) | 14h | Museu da Cidade (Av. Dr. Heitor Penteado, 2145 – Parque Taquaral, Campinas/SP)

• 16/nov (domingo) | 14h | Grupo Niu Yoga (Av. Dr. Romeu Tortima, 492 – Barão Geraldo, Campinas/SP)

• 30/nov (sábado) | 14h | Centro Cultural Casarão (Rua Aracy de Almeida Câmara, 291 – Barão Geraldo, Campinas/SP)