Intercâmbio “Jamaica x Brasil”

Com a proposta de valorizar e potencializar a cultura Dancehall, subgênero da cultura Reggae e Sound System, a Academia Dancehall promove uma turnê com a participação da jamaicana Kimiko Versatile, protagonista da série ‘Move’ da Netflix, que já trabalhou com artistas como Sean Paul, Jason Derulo e Sean Kingston. O intercâmbio cultural, que vai acontecer de 27 a 29 de janeiro, no Sesc Av. Paulista, em São Paulo, ainda conta com a participação de expoentes da música preta, como Emcee Lê, Knomoh e Sista Mari. A turnê, que se inicia com apresentações dos artistas e DJs sets no dia 27, também conta com mais uma rodada de apresentações, incluindo uma apresentação do coletivo MACAIA Records, e uma mostra competitiva no dia 28, e finaliza sua presença no circuito cultural do Sesc Paulista no dia 29, com aulas e um bate-papo gratuito, a partir de 12h. A turnê, com a participação da coreógrafa jamaicana, se estende a festas em São Paulo e a workshops no Capão Redondo, dia 4 de fevereiro, e em outras cidades do país, como Vitória no Espírito Santo e Fortaleza no Ceará. A ideia é que a turnê faça o esquenta para a 2ª edição do Especial Queen International, evento de dança urbana jamaicana com foco na valorização e empoderamento da cena feminina do dancehall no Brasil, com previsão para ocorrer em meados de 2023.

“Acredito que terei uma ótima recepção do Coquinho e de toda Academia Dancehall, pois sei que enquanto o Brasil está há anos mergulhando na cultura do Dancehall, não são muitos os artistas jamaicanos que vão até o país para ensinar e compartilhar dos ensinamentos. Então, tenho certeza que minha visita proporcionará muita alegria e aprendizados aos amantes da cultura. Muitos brasileiros têm me mandado mensagens pelas redes sociais expressando o quanto amaram a série ‘Move’, e como era um sonho me conhecer pessoalmente. Então, isso faz com que se torne um sonho para mim também. O Brasil já era um dos países que eu tinha muita vontade de conhecer, então tenho me sentido muito grata e animada por essa aventura que está por vir com a turnê”, compartilha Kimiko Versatile.

Com origem na Jamaica nos anos 80, o movimento cultural Dancehall é um subgênero da cultura Reggae e Sound System, que se apresenta a partir da fusão com outros ritmos, como Hip Hop, funk e a soul music. Conquistando adeptos em todo o mundo, a dança atualmente vem exercendo certa influência, mesmo que de forma fragmentada, em challenges de dança em aplicativos de mídia como o TikTok, por exemplo. Diante deste cenário e de uma mobilização global de jovens negros e negras engajados na valorização e difusão da diáspora africana nas américas, a presença de dançarinos jamaicanos, como Kimiko Versatile, é essencial para a difusão desta cultura em cada país, principalmente no Brasil. “Essas atividades acontecem na Jamaica, mas muito mais em outros lugares que visitei para dar aulas e me apresentar como os países europeus, a Rússia, países asiáticos, na Austrália, entre outros. As pessoas no exterior têm muito mais sede de conhecer e aprender mais sobre a cultura do Dancehall, então eles contratam muito mais artistas como eu da dança, além dos músicos, para fazer esses intercâmbios culturais. Quando amamos o que fazemos nos tornamos muito mais determinados a trabalhar duro para atingir determinadas metas. Também precisamos ser consistentes e muito sábios, uma vez que a indústria está crescendo e agora que tudo gira em torno das redes sociais é necessário encontrar meios de se conectar com outros países para que seu trabalho alcance visibilidade na economia mundial”, conta Versatile.

E foi justamente pensando nisso, que a Academia Dancehall convidou a dançarina e coreógrafa jamaicana para a turnê, que vai passar por outras regiões de São Paulo, como o Workshop que vai ser realizado no bairro Capão Redondo, e em cidades do Espírito Santo e Ceará. Nascida Kimiko Miller, ela é conhecida nos círculos de dança internacionais como Kimiko Versatile, uma dançarina e coreógrafa talentosa, feroz, ousada e criativa, que está constantemente fortalecendo o seu nome e a sua marca na cena, tendo recentemente atuado como uma das coreógrafas do filme jamaicano ‘KING OF THE DANCEHALL’, que tem no elenco atores conhecidos como Nick Cannon, Whoopie Goldburn e Busta Rhymes. E mais recentemente, Kimiko também foi destaque representando a Jamaica na série Netflix chamada ‘MOVE’, que apresenta seis coreógrafos de todo o mundo e como seus trabalhos artísticos únicos impactam o mundo. 

A proposta do workshop é fazer um intercâmbio cultural para valorizar e difundir a cultura dancehall no Brasil, e para isso vão reunir em único evento, a dançarina jamaicana e Ng Coquinho, um dos mais reconhecidos artistas e pesquisadores brasileiros da cena do Dancehall. Além da oficina de dança, a estreia da turnê também vai contar com uma Mostra Competitiva entre dançarinas da Academia Dancehall e convidadas de São Paulo e Rio de Janeiro, que terá um júri composto pela própria Kimiko e a coreógrafa Fabi Silva. E para tirar dúvidas e discutir assuntos relevantes sobre a dança e a cultura dancehall, Kimiko Versatile vai participar de um bate-papo aberto ao público, mediado pelas coreógrafas Jhey Oliver e Cahzim.

“Enquanto professora e pesquisadora do Dancehall aqui no Brasil, acredito na importância de obter informação, seja ela teórica ou prática sobre a cultura Dancehall. E poder vivenciar esse momento com uma mulher jamaicana, me permite acessar essa força ancestral. A primeira vez que ouvi falar de Kimiko, foi através de outra mulher, Fabi Silva, que foi minha professora na cidade Tiradentes na Zona Leste, que diante de dificuldades financeiras me deu muito suporte. Hoje como mediadora de aulas de Dancehall, eu acredito que nós tornamos o caminho para outras pessoas passarem e a minha expectativa é poder trocar com Kimiko, dançar e se sentir carregada da força dessa cultura, para poder passar adiante. O Dancehall me possibilitou reconhecer as minhas individualidades como mulher preta, gorda e da periferia, e principalmente conhecer o meu próprio corpo, e assim não deixando com que a sociedade e o machismo definam o que eu tenho que fazer”, conta Jhey Oliver, coreógrafa e dançarina da Academia Dancehall. 

A turnê faz o esquenta para a segunda edição do Especial Queen International, evento internacional proposto pela Academia Dancehall, que em 2020 trouxe ao público brasileiro um line-up 100% feminino com aulas de Dancehall Queen e Female Steps, estilo de passos femininos do dancehall jamaicano, que contribui para o empoderamento feminino. A última edição, que aconteceu online por conta da pandemia por Covid-19, contou com um total de 10 aulas, ministradas por artistas do Brasil, Argentina, Peru, Venezuela e Chile. A segunda edição do Especial Queen International está prevista para meados de 2023, desta vez em formato presencial.

“O principal desafio de produzir uma turnê internacional como essa é o financeiro. Nossos parceiros do Dancehall pelo mundo estão abertos a vir e são muito flexíveis, mesmo assim os custos pesam muito e nem sempre temos patrocínio. Outro empecilho vem por parte do público, por falta do letramento cultural. Por mais que Dancehall esteja sendo muito usado na cena pop mainstream com artistas como IZA, Glória Groove, Ludmilla, entre outros, ele não chega ao público como Dancehall, logo o gênero não ganha espaço. E mesmo dentro do movimento Reggae, Sound System, a dança fica em segundo plano. Mas os nossos planos para difundir essa cultura são de termos ao menos dois intercâmbios por ano”, comenta Ng Coquinho, CEO da Academia Dancehall.

Os ingressos para os dias 27 e 28 de janeiro vão de R$ 9 a R$ 30, e estarão disponíveis no dia 17 de janeiro, a partir de 12h, no site do Sesc São Paulo. Já o bate-papo e as aulas do dia 29 de janeiro são gratuitos e abertos ao público. Além das oficinas e jams, a Academia Dancehall também vai promover um workshop na Fábrica de Cultura Capão Redondo, em São Paulo, no dia 4 de fevereiro, às 23h, e festas em São Paulo, nas Zonas Leste e Sul, com ingressos a partir de R$ 5. 

Sobre a Academia Dancehall
É um coletivo de dança e plataforma artística cultural que, desde 2017, promove a ampliação dos saberes da cultura jamaicana Reggae-Dancehall, e que, por meio da produção de atividades acessíveis ao público, permite a democratização, acesso e fortalecimento dessa cultura no Brasil. Nascida na Casa Amarela Quilombo Afroguarani e gerido pelo artista dançarino Ng Coquinho, a Academia Dancehall se destaca no cenário da cultura reggae Brasileira sendo o principal grupo da cena, e tendo conexões com dançarinos de Dancehall de diversos outros países, incluindo toda América Latina e a Jamaica na promoção de intercâmbios, além de sua formação oficial ser composta por alguns dos mais influentes nomes e pesquisadores da cena. Seu objetivo é promover, pesquisar, valorizar e difundir a dança Reggae-Dancehall, além de fortalecer a diáspora africana, cultura preta e periférica, por meio da formação de novos grupos, da conexão e do fortalecimento de artistas, coletivos, festas e sound systems.

Sobre Kimiko Versatile
Kimiko Miller, também conhecida como Kimiko Versatile, é originalmente de St. Ann, Jamaica. É destaque na série da Netflix chamada ‘MOVE’, que apresenta seis coreógrafos e seus trabalhos artísticos únicos que impactam o mundo, ela também é uma das coreógrafas do filme jamaicano ‘KING OF THE DANCEHALL’, que apresenta atores conhecidos como Nick Cannon, Whoopie Goldburn e Busta Rhymes, além de ter trabalhado com grandes artistas locais e internacionais, como Sean Paul, Jason Derulo, Sean Kingston, Buju Banton, Beenie Man, Vybz Kartel, Busy Signal, Baby Cham, Stefflon Don e Spice, entre outros.