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Vencedor da 9ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo, o espetáculo TERRA BRASILIS TOP TRANS PINDORÂMICA, que retrata a disputa de narrativas em um Brasil paralelo totalmente atemporal, sedimentado nas vivências entre pessoas trans e travestis, chega ao Sesc Pompeia. A estreia acontece dia 12 de junho, quinta-feira, às 20h e segue temporada até o dia 29 de junho, com sessões de quarta-feira a sábado, às 20h e domingo, às 18h.

Com dramaturgia e direção de Ymoirá Micall, o novo trabalho da Cia Sacana de Teatro e Dança é uma distopia ambientada no mesmo universo de Distrito T – cap. 1, experimento cênico que recebeu o prêmio na categoria Dramática no 30º Festival Mix Brasil, em 2022. A montagem conta com um elenco inteiramente formado por artistas LGBTQIAPN+, reunindo Kyra Reis, Ayo Kalunga, Nia Naya, Leonora Braz, Alice Guél, Wini Lipe, Zara Dobura, Venâncio Cruz, Tata Nzinga, Nu Abe, Laian Lara e Ayrá Yatzil. O grupo dá vida a uma narrativa que propõe reflexões sobre identidade, futuro e resistência a partir de uma perspectiva dissidente.

A trama de TERRA BRASILIS TOP TRANS PINDORÂMICA acompanha a história da Santa Profana, figura central que, após ser consagrada com esse título pela população do Distrito PS, vive um processo de ressurreição enquanto enfrenta ataques orquestrados por seguidores do autoritário Rei Colônia.

É nesse cenário que o público é levado a atravessar os limites do Distrito PS, justamente no momento em que a Santa Profana decide reivindicar sua liberdade. Esse gesto, no entanto, enfraquece o campo de proteção que mantém o território seguro, colocando os moradores em estado de alerta. Paralelamente, uma refugiada recém-chegada precisa conquistar a confiança da entidade para sobreviver em meio ao conflito iminente.

Ideias politicamente potentes

Ambientada em um Brasil paralelo e atemporal, TERRA BRASILIS TOP TRANS PINDORÂMICA utiliza o cenário distópico como lente para aprofundar discussões sobre identidade, afeto e resistência trans. Desde sua fundação em 2020, a Cia Sacana de Teatro e Dança tem explorado essas temáticas em diferentes linguagens — teatro, dança, audiovisual, escrita e práticas pedagógicas. Formada majoritariamente por pessoas trans e pretas, a companhia entende essas questões como parte indissociável de sua existência e criação artística. “É quase impossível não falar de identidade, afeto e resistência nas nossas peças. A gente se reafirma nesses temas o tempo todo. É a partir da troca, da resistência e da fragilidade que seguimos construindo o nosso trabalho”, explica a dramaturga e diretora Ymoirá Micall.

A proposta distópica, segundo Ymoirá, também serve para iluminar vulnerabilidades e refletir sobre o impacto das violências estruturais na subjetividade de pessoas dissidentes. “O mundo em destruição nos lembra quem somos. É nesse caos, muitas vezes marcado pela autodestruição imposta aos nossos corpos, que nos reconhecemos umas nas outras e seguimos criando. A distopia nos permite desenvolver nossas ideias de forma subjetiva, simbólica, mas também politicamente potente.”

Para ela, TERRA BRASILIS TOP TRANS PINDORÂMICA desmistifica qualquer impossibilidade de afeto em relação à população trans e travesti e propõe um rompimento com as estruturas binárias impostas pela sociedade. “Precisamos levantar uma peça para reafirmar o nosso direito de permanecer vivas em condições qualificadas. Afinal, se temos a oportunidade de escrever e atuar nas nossas próprias peças, sobre o que estamos escrevendo? Eu tenho o direito de publicar algo que parte do pressuposto da imagem, do que é ser uma travesti na sociedade hoje e do que se desenha para ela. Até porque, as travestis são subjugadas, né?”, destaca a artista.

A Cia Sacana de Teatro e Dança tem a missão de produzir conteúdo em múltiplas linguagens para garantir o acesso de artistas negros e LGBTQIAP+ a qualquer espaço artístico e educacional.

Experiência sensorial e imersiva

A montagem de TERRA BRASILIS TOP TRANS PINDORÂMICA propõe uma experiência sensorial e performativa que rompe com a convenção da plateia passiva. Desde sua estreia, a peça aposta em uma encenação imersiva, em que o público é integrado ao espaço cênico e convidado a participar ativamente da narrativa. No Teatro do Sesc Pompeia, esse conceito foi adaptado ao formato da sala, com alterações significativas na cenografia e na condução da ação dramatúrgica. A estrutura do teatro foi redimensionada para ampliar o envolvimento do público: as entradas acontecem diretamente pelo palco, com setores ocultos que vão sendo revelados ao longo da apresentação.

“Quando você entra, você faz parte. Você precisa se movimentar com a peça. Isso desconstrói a ideia de que teatro é algo que se assiste de fora. Aqui, todo mundo está exposto – elenco e plateia – porque o processo de transição é coletivo, nunca individual”, explica Ymoirá Micall. A encenação, portanto, rompe a barreira entre palco e público, reafirmando a proposta política da obra: provocar uma participação ativa na construção da cena e da própria experiência teatral.

Sobre a Cia. Sacana de Teatro e Dança

Surge em 2020 composta por artistas negros e LGBTQIAP+ residentes da Cidade de São Paulo no movimento de levante para produzir conteúdo de multilinguagem, bem como garantir acesso a qualquer espaço artístico e educacional. O grupo independente transforma suas experiências artísticas em base científica, valorizando suas histórias como elementos preciosos para as narrativas levantadas em cada obra. Entre os trabalhos de destaque estão: Pindaúna, peça contemplada no ano de 2020 pelo Edital de Apoio à Cultura Negra – 1ª Edição; o solo coreográfico UMA (2021) encenado no Centro Cultural São Paulo, Teatro Cacilda Becker (Complexo Funarte – RJ), MITsp 2022, 2ª Virada AfroCultural, Sala Reneè Gumiel (Complexo Funarte – SP) e Palacete das Rosas (Araraquara); o filme-dança Estou aqui, mas Talvez não esteja, gravado na Oficina Cultural Oswald de Andrade em 2021 contemplado pelo edital PROAC #CulturaEmCasa e o experimento cênico Distrito T – cap. 1, premiado em 2022 pelo 30º Festival Mix Brasil na categoria Dramática.

Sobre a Associação SÙ de Cultura e Educação

Associação Cultural que surge em 2022, em São Paulo, da fusão da experiência em gestão e produção cultural das empresas Substância Produções Artísticas, Superfície de Eventos e Correia Cultural e de produtoras independentes. Ao longo das últimas décadas, essas empresas se destacaram em projetos culturais de alcance nacional e internacional, trazendo para a SÙ um legado de excelência e inovação. A SÙ tem como missão central a criação, produção, gestão e curadoria de projetos que celebram não apenas a diversidade de grupos e a pluralidade de vozes, mas que também privilegiam ativamente questões raciais e de gênero. Atua em diversas linguagens artísticas – teatro, dança, performance, ópera, música, artes visuais, audiovisual e ações formativas – sempre em colaboração com instituições e parceiros. Com o compromisso de impulsionar e dar visibilidade a artistas e coletivos que representam um panorama cultural rico, inclusivo e também provocador, inovador e desafiador das normas estabelecidas, a associação acredita que a verdadeira evolução cultural reside na capacidade de acolher e fomentar o inesperado, o audacioso, existências plurais e, por vezes, marginalizadas, construindo um futuro cultural mais vibrante e representativo para todas as pessoas.

Serviço:

TERRA BRASILIS TOP TRANS PINDORÂMICA

Com a Cia. Sacana de Teatro e Dança

12 a 29 de junho, quarta-feira a sábado, 20h e domingo, 18h.

Sesc Pompeia [Teatro] – Rua Clélia, 93 – Pompeia, São Paulo.

80 minutos | 14 anos | R$18 a R$60 (ingressos disponíveis pelo app e site Credencial Sesc SP ou presencialmente nas bilheterias das unidades Sesc).

Sinopse:

Um programa de rádio anuncia a “hora da história”. Na ocasião, a Cantora Careca, locutora da atração, narra em detalhes a passagem da Santa Profana, figura icônica deste conto distópico. Após ser proclamada Santa pela população do Distrito PS, a protetora vive sua ressurreição ao mesmo tempo em que deve se defender dos ataques iniciados por seguidores de um Rei Colônia.

Ficha técnica:

Direção, Texto e Dramaturgia – Ymoirá Micall. Elenco – Kyra Reis, Ayo Kalunga, Nia Naya, Leonora Braz, Alice Guél, Wini Lipe, Zara Dobura, Venâncio Cruz, Tata Nzinga, Nu Abe, Laian Lara e Ayrá Yatzil. Diretora Assistente – PH Veríssima. Diretora de Arte – Mau Pucci. Trilha Sonora e Sonoplastia – Maia Caos. Iluminação – Verena Teixeira. Stylists de Figurino – Feitosa e Ayana. Coordenador de Contraregragem e Cenografia – Luccas Caetano. Contrarregras – Benedito Canafistula e Anjelus Manuel. Técnico de Som – Ewe Pixain. Assistente de Iluminação – Lux Machado. Intérprete de LIBRAS e Performer – Ryve Agra. Direção de Produção – Carmen Mawu Lima. Assistente de Produção – Veni Barbosa. Fotógrafa – Marcela Guimarães. Videomaker – Samuel Malta. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Associação SÙ de Cultura e Educação – Dani Correia [Direção de Produção e Coordenação Financeira], Luiza Alves [Escrita de Projetos e Assistente de Produção] e Rachel Brumana [Comunicação e Relações Institucionais]

Informações do evento

Datas e Horários:
12 de junho de 2025 até 29 de junho de 2025 20:00 às 21:20 - Quarta-Feira 20:00 às 21:20 - Quinta-Feira 20:00 às 21:20 - Sexta-Feira 20:00 às 21:20 - Sábado 18:00 às 19:20 - Domingo

Valor: R$ 18,00 a R$ 60,00

Classificações: 14 anos

Acessibilidade: Com Acessibilidade

Capacidade de pessoas: 00

Site: https://www.sescsp.org.br/programacao/terra-brasilis-top-trans-pindoramica/

E-mail: [email protected]

Formato do Evento: Presencial

Local: Sesc Pompeia

Endereço: Rua Clélia, 93 - São Paulo / SP - 05042000

Localização: