Dembwa [Marcos Ferreira e Ruan Wills] + Órbita Vermelha [Yhuri Cruz]

O espetáculo parte de memórias biográficas para compor uma coreografia documental e ancestral. Revisita fragmentos afetivos e cotidianos como rastro e chão. É uma dança que espirala lembranças da infância preta, periférica, dissidente, bixa e convoca corpos marginalizados a se reencontrarem com suas raízes. No cruzamento entre dança contemporânea e linguagens populares, como o pagode baiano, o funk e o samba de caboclo, os artistas acessam o corpo como lugar de memória e tecnologia ancestral.

Em Dembwa, dançar é também firmar: o corpo viado que se via como Carla Perez, a repetição do quadril como ritual, o silêncio como gesto de Obaluaê, o vento como movimento de Iansã. O espetáculo é permeado pelas referências das religiões de matriz africana, evocando a guiança dos oborós de Oxóssi a Ogun, de Xangô a Oxumaré, para se reconectar com a força dos que vieram antes.

Sobre os artistas
Marcos Ferreira iniciou seus estudos em dança através de Projetos Sociais na comunidade de Pernambués. Formado pela Escola de Dança da FUNCEB em 2013, atuou em companhias como Experimentando-nus, Cia. de Dança e Balé Jovem de Salvador, e Jorge Silva Cia. de Dança.

Ruan Wills iniciou seus estudos na dança ainda criança, com sua irmã mais velha, diretora e coreógrafa de um grupo de axé. Sua formação passou pelo balé clássico, danças de salão, moderna e contemporânea, e teatro-performance negro, com o Bando de Teatro Olodum.

Ficha técnica
Concepção, criação e interpretação: Marcos Ferreira e Ruan Wills
Produção Executiva: Marcos Ferreira e Ruan Wills
Produção Logística: Danilo Cerqueira e Fernanda Costa
Edição e tratamento de Trilha: João Dazart
Operadora de som: Natália Silva
Projeto e operação de Luz: Diego Gonçalves
Concepção de Cenografia: Ruan Wills
Cenografia: Jorge Alberto
Fotografia: Akva Sousa e Alice Rodrigues
Filmmakers: Danilo Cerqueira e Ícaro Ramos
Figurino: Carolina Carvalho
Identidade Visual e arte gráfica: Alê Prates
Assessoria de comunicação: Rafael Brito
Criação e voz reza: Tiago Alves

[Órbita Vermelha]

Cena integrada ao universo da ópera espacial Revenguê, que narra a história de dois seres plenérianos que pisam no planeta Revenguê e atravessam o transe da vida juntos.

A composição de Plenér, planeta de origem desses seres, é a mesma do corpo de seus habitantes: as sociedades que lá habitam tem seus corpos feitos inteiramente de pedra. Corpos-planetas, de ancestralidade mineral, resistentes às intempéries do espaço sideral. Quando os corpos de pedra plenérianos começam a romper e esfarelar, eles precisam partir para Revenguê e lá se regenerar, vingarem sua vida, em transe e brutalidade.

Sobre o artista
Yhuri Cruz é artista visual, escritor e dramaturgo, baseado no Rio de Janeiro. Elabora sua prática artística e literária a partir de proposições cênicas e instalativas que discutem arquivos históricos, ficções e fabulações da diáspora negra no Brasil e no mundo. Trabalha de forma expandida com escultura, desenho e filme. Cruz se dedica especialmente a sua longa série de performances que nomeia de “Cenas Pretofágicas” (The Emancipation plays). Sua última individual foi Revenguê: Uma exposição-cena’, no Museu de Arte do Rio, e, atualmente, tem trabalhos expostos no Smithsonian Museum, Pinacoteca de São Paulo e Bienal de Havana, em Cuba.

Ficha Técnica
Concepção e Direção de Cena: Yhuri Cruz
Performers: Yhuri Cruz e Almeida da Silva
Técnico de Luz: Juliana Jesus
Técnico de Palco/Montagem: Christopher Silva
Produção de Campo: Victor Almeida
Produção Executiva: Camila Silva e Ellen Vitalino

Haverá intervalo entre as performances e, após o término de ambas, um bate-papo informal entre artistas participantes e o público, com duração de 60 minutos.