A Companhia Dança Polifônicas apresenta a mostra “Dança em relação com crianças”, entre os dias 31 de agosto e 03 de setembro, trazendo espetáculos de dança, vídeos e jams para as Salas Crisantempo (Vila Madalena), Paissandu e Olido (Centro) de São Paulo.

A mostra investiga a relação de parentalidade entre crianças e seus cuidadores, mas também se debruça sobre um outro tema que envolve a vida dos pequenos: a falta de espaço para eles no mundo dos adultos. Quem explica melhor é a coreógrafa Sofia Tsirakis, uma das criadoras do projeto:

“Esse projeto me veio de forma bem natural, pois veio dos anseios que eu estava vivendo enquanto mãe na pandemia. As mães falam que a maternidade em si, especialmente nos primeiros anos, já é uma forma de isolamento. As crianças não são muito aceitas nos lugares em ambientes sociais e quando saem com os pais, temos lugares em que até é permitido levar a criança, mas nem sempre é muito acolhedor”.

Sofia explica que o fato de ter se tornado mãe pouco antes da pandemia a fez pensar mais sobre este isolamento. Percebeu que não só ela, mas outras mães, pais e cuidadores de crianças estavam passando pelos mesmos questionamentos e percebeu que havia um movimento artístico nascendo. Pais e cuidadores de crianças trazendo os filhos para participarem de suas performances.

Foi o caso da artista Morena Nascimento, que abre a mostra com o vídeo “B O N I N A”, filme gravado em Campos das Vertentes, Minas Gerais, explorando sua relação com a filha e o idílico. No mesmo dia, é possível assistir ao vídeo performado pela artista Inaê Moreira, que explora a ancestralidade dos orixás. Em “OMI”, que em iorubá significa água, Moreira apresenta o texto “Transatlântika, o livro de areia”, da escritora Mo Maiê.

Todo esse projeto começou com um grupo de estudos durante a pandemia, que cresceu para as jams (espaços de improvisação entre dançarinos e músicos) e por isso, a programação também contempla um espaço de dança livre no dia 3 de setembro, às 10h30, na Sala Crisantempo. No mesmo dia, às 18h, Toshiko Oiwa se apresenta ao lado do filho de 12 anos Kae Oiwa Pires, em “Sagração do Agora”, inspirado na composição musical “A Sagração da Primavera”, composta por Igor Stravinsky em 1913. Nesta versão, exploram a relação entre mãe e filho, ao passo que a música remete à uma natureza selvagem que inclui seus corpos, a Terra e os outros planetas, e os artistas interpretam as sensações reais que a obra de Stravinsky lhes provoca.

A ideia é aproximar mais esses mundos que na sociedade são vistos como mundos diferentes: o mundo dos adultos e das crianças.

“A nossa relação enquanto sociedade com as crianças é muito problemática e é permeada por violência. Isso porque estamos numa sociedade violenta, que ainda tem resquícios do colonialismo, do imperialismo, do capitalismo predatório e as nossas relações com as crianças não é isenta disso. O nosso desejo é que a mostra inspire outras mães, pais, cuidadores de crianças e adultos de um modo geral, para enxergar através da arte elementos que eles podem trazer para a própria vida. E fazer pensar: “Como eu posso ser mais criativo enquanto mãe ou pai, na minha relação com as crianças? Essa mostra pode ajudar a expandir as possibilidades sobre o que é ser mãe, pai ou cuidador e como a gente pode trazer essa relação para ocupar os espaços públicos e socais”, comenta Sofia.

Essa ação faz parte do projeto MAMA SY YIÁ contemplado pela 32ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo — Secretaria Municipal de Cultura. 


PROGRAMAÇÃO

31/08 às 19h30 – Mostra de vídeos na Sala Crisantempo

B O N I N A

um filme poema purpúreo em seis estrofes descascado no corpo em diálogo com animais, folhas, flores e filhas. entre o rosa e o carmim, contornar e retorcer a dor. B O N I N A foi criado e filmado em dezembro de 2021 em Bichinho, no Campo das Vertentes, MG.

Ficha técnica

Direção geral, concepção, encenação e dança: Morena Nascimento

Contra argumento e olhar aos detalhes: Karine Assis

Olhar afetuoso na estrofe “as filhas que não tive”: Andre Frade Andrade

Figurino: Morena Nascimento

Vestido julieta cedido gentilmente por Iara Wisnik

Concepção de trilha sonora: Morena Nascimento

Músicas em cada uma das estrofes

Epífagre/núpcias: Ali Bahami Fard e Kahan Kalhor

As filhas que não tive: Esperanza Spalding

Quartzo rosa: Chico Curió

Morte/sustentação da vida: Charlotte Gainsbourg

Contorno, redoma, reino: Paco de Lucia e Farid Farjad

Fotografia e câmera1 : Andre Frade Andrade

Drone e câmera 2: Roberto Castello Branco

Direção de edição de vídeo: Morena Nascimento

Edição técnica de vídeo: Andre Frade Andrade

Participaçõea: Mia Nascimento Chaves, Silvana Nascimento, Galinha Assucena, Cadela Malou, Cadela Pina, Gata Sarita

Agradecimentos: Iara Wisnik, Karine Assis, Silvana Nascimento, Mia Nascimento Chaves E Seu Vicente

Duração: 16 min

ARAGEM

um vídeo dança de composição dramatúrgica improvisada que dialoga com música, a paisagem do cerrado mineiro e a participação acidental de minha filha Mia Nascimento Chaves.

Ficha técnica

Direção Geral e Dança I Morena Nascimento

Participação I Mia Nascimento Chaves

Câmera e edição I André Frade Andrade

Música I BiIlie Holiday,

Joan Baez/Led Zeppel, Alva Noto&Ryuichi Sakamoto

Agradecimentos: Pousada Bau Brasil

Duração: 9min 16s

Filmado em Bichinho, Campo das Vertentes, MG, em junho de 2020

CLARIDADE

A maternidade fluindo entre dar à luz, cuidar da luz, atravessar o escuro e clarear. E o trabalho acontecendo entre a intimidade e a organização temporal e espacial de uma criança brincando com sua mãe.

Ficha Técnica

Dança: Érica Tessarolo e Otto Tessarolo Dias

Música: Daniel Dias e Lucas Casacio

Vídeo: Érica Tessarolo e Daniel Dias

Duração de 8min

OMI

Para os iorubas “omi” significa água. nós cultuamos uma divindade que é o próprio rio. nós cultuamos o mar. insistimos em saudar omi, diante dessas florestas de memórias devastadas. omi tutu, água-oração que ameniza a dor, penetra e germina as sementes do amanhã. omi, meu corpo rebentação ao dar a luz. água dourada indo ao encontro de sua face azulada, oceano. danço como afluente que não se desertifica diante das estruturas genocidas, racistas, ecocidas. presentifico o ventre de iyá, a fenda sempre líquida que a tudo regenera. água-mãe incontrolável que resiste a dor inescapável da experiência colonial.

Ficha Técnica

um trabalho de Inaê Moreira com e para Ayomi

em coprodução com cercocoreográfico

imagens: João Calixto

texto: “Transatlântika, o livro de areia” de Mo Maie

captação de voz: Caíque Mello

Duração: 3 min 19s

ESPERANDO THEO

A dançarina Sofia Tsirakis e o músico André Balboni se preparam para uma jornada. Estão grávidos e esperando a chegada do primeiro filho do casal: Theodoro. Por volta dos 8 meses de gestação, o casal decidiu fazer um filme para celebrar a vinda do menino Theo. O filme foi gravado na praia da Barra do Sahy, litoral norte de São Paulo, e conta com a coreografia da mãe Sofia e com a música do pai André. O filme de dança Esperando Theo busca explorar as diversas camadas e belezas da gravidez, desde a metamorfose do corpo até o encontro da maternidade em si.

Ficha técnica

Dança: Sofia Tsirakis

Música: André Balboni

Fotografia: André Vasconcelos

Edição e montagem: Stella Balboni

Duração: 4 minutos

TAO KAE

TAO KAE é um documentário poético que segue a relação entre Toshiko, bailarina japonesa radicada no Brasil e seu filho Kae, de 11 anos.  O mar é o cenário e a expressão corporal é a linguagem que se constrói entre os dois, já que Kae não desenvolveu a linguagem verbal.

Contemplado pelo edital Cultura em Casa do Proac 2021, o documentário de Paulo Alberton, ideia original Toshiko Oiwa, com trilha de Fernando Maynart e Denilson Oliveira.

Duração: 29 minutos

03/09 às 10h30 – JAM BB na Sala Crisantempo

Encontro de dança e música livre para crianças acompanhadas de seus cuidadores. Momento de brincar, com dança e música, com nossos corpos em relação. A jam é uma prática de presença e abertura para o momento presente. Nela acontecem convites para o movimento, a expressão através dos sons, da música, em relação com as crianças, livre de expectativas, cultivando um campo neutro, a escuta, silêncio e pausa. Instrumentos musicais são bem vindos, slings e wraps também. Inscrições pelo e-mail dancaspolifonicas@gmail.com      

Mais sobre a Cia. Danças Polifônicas

Criada em 2014 por Sofia Tsirakis, como plataforma artística para produção de trabalhos autorais, parcerias e colaborações. É formada também pelo músico e compositor André Balboni. Tem como foco a dança em diálogo transdisciplinar, principalmente com a música e o teatro. Por meio de ações como criações artísticas, jams, oficinas e aulas, busca também maior interlocução com o público em geral.

Informações do evento

Datas e Horários:
31 de agosto de 2023 até 3 de setembro de 2023 10:30 às 12:00 - Domingo 19:30 às 21:00 - Quinta-Feira

Entrada Gratuita

Classificações: livre

Acessibilidade: Com Acessibilidade

E-mail: contato.favorite@gmail.com

Formato do Evento: Presencial

Local: Sala Crisantempo

Endereço: Rua Fidalga, 521, lado ímpar - São Paulo / SP - 05432-070

Localização: