“Componente Serial: Episódio 3”, de Davi Pontes

No dia 6 de agosto, às 20h, o Sesc Campinas recebe “Episódio 3”, terceira e última parte de “Componente Serial”, experiência coreográfica concebida pelo artista, coreógrafo e pesquisador fluminense Davi Pontes, que teve início em 2024 durante o 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus, realizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo.

“Componente Serial” explora a ideia de arquivo, de transmissão e da possibilidade de pensar o coreográfico sem um lugar de determinação, ao mesmo tempo que questiona a ideia de transmissão na dança ocidental, propondo uma alternativa baseada na transferência de calor, onde a energia se move de um sistema para outro sem que algo perca seus atributos. 

“O projeto surge da reflexão de que há uma falha na ideia de transmissão à qual a dança ocidental se dedica, pois os gestos, como os conhecemos, são aprendidos, naturalizados e transmitidos. Eles são atribuídos a uma raça, a um gênero, a uma classe específica, e são reforçados dentro desses grupos sociais para serem historicamente definidos”, diz Davi Pontes

O “Episódio 3”, com o bailarino Sebastião Abreu, propõe uma reconfiguração dos materiais dos episódios anteriores, explorando os princípios de repetição e variação. A coreografia é concebida como um gesto crítico e um campo de forças, onde o tempo pode ser suspenso, dobrado ou mesmo desaparecer. A proposta investiga formas de transmitir movimento sem recorrer a estruturas codificadas, desestabilizando o que foi previamente construído.

“O trabalho desenrola-se ao longo de três episódios e cada um deles apresenta um vocabulário corporal específico, através do qual os intérpretes navegam em trocas íntimas e fragmentárias, refletindo sobre os limites da subjetividade, da corporeidade e da racionalidade, criando espaços para o irrepresentável”, explica Davi Pontes.

A apresentação integra a exposição 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus, realizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo em correalização com o Sesc Campinas. Em cartaz até 31 de agosto, a mostra reúne obras de 25 artistas de diferentes regiões do Brasil, cujos trabalhos — em diversos suportes e linguagens — compartilham um alto grau de intensidade e transformação.

Acesse aqui mais informações sobre a itinerância do 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil graus para o Sesc Campinas. 

Sobre Davi Pontes

Artista, coreógrafo e pesquisador. Formado em Artes pela Universidade Federal Fluminense, com Mestrado em Estudos Contemporâneos das Artes pela mesma instituição. Recebeu o prêmio ImPulsTanz – Young Choreographers Award 2022, o Prêmio Artlink – 100 Artistas de Todo o Mundo 2022 e uma bolsa artística da Fundación Ama Amoedo em 2024-2025. Participou da 35ª Bienal de São Paulo – Coreografias do Impossível. Coreografou a obra “Variação” para o Balé da Cidade de São Paulo e atualmente integra a seleção de artistas do 38º Panorama da Arte Brasileira no MAM São Paulo. 

Desde 2011, ele tem apresentado seu trabalho em galerias de arte e festivais nacionais e internacionais, incluindo a Universidade da Pensilvânia (EUA), My Wild Flag (Estocolmo), Pivô (São Paulo), Centro Cultural de Belém (Lisboa), Rua das Gaivotas 6 (Porto), Bienal Sesc de Dança, MITsp – Festival Internacional de Teatro de São Paulo, Festival Les Urbaines (Suíça), Arsenic – Centro de Arte Cênica Contemporânea (Suíça), Galeria Vermelho (São Paulo), Valongo Festival Internacional da Imagem (São Paulo), Museu de Arte do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Programa Rumos Itaú Cultural 2021, Festival Programme Commun 2024, Arsenic (Suíça), Sâlmon Festival d’arts vives (Barcelona), Zodiak — Center for New Dance (Finlândia), Panorama Festival (Rio de Janeiro), Anozero – Bienal de Coimbra (Portugal), 5ª Mostra de Dança Itaú Cultural (São Paulo), Buddies In Bad Times Theatre, Toronto (Canadá), Mendes Wood DM (São Paulo) e residência no ImPulsTanz 2022 [8: tensão] Série de Jovens Coreógrafos (Áustria), La Becque (Suíça), Tanzhaus NRW (Alemanha), Programa de Pesquisa em Arte Pivô, Programa de Residência em Pesquisa de Artes do MAM Rio e Escola Livre de Artes – ELÃ, entre outros.

Ele dirigiu o filme “Delirar o Racial” em parceria com o artista Wallace Ferreira, uma obra encomendada pelo Programa Pivô Satélite em 2021. A partir da pesquisa corporal, sua prática enfrenta o desafio constante de posicionar a coreografia e a racialidade para responder às condições do pensamento moderno. Seu principal projeto consiste em analisar as conjunturas em que a violência está sendo praticada no presente global.