Companhia de Danças de Diadema no Sesc Santo Amaro

Cena de Antropo100 – De Cascudo a Eros – Foto Paulo César Lima 

Com 10 bailarinos e uma trilha original de LoopB, a apresentação dialoga com a efervescência da década de 1920. A trilha mistura sons industriais, percussão, e ritmos brasileiros como maracatu e samba, com referências a Tarsila do Amaral e Heitor Villa-Lobos. O cenário, composto por 68 caixas, simboliza o engessamento cultural dos artistas da época. Os bailarinos desmontam esse muro, com as caixas assumindo diferentes significados e funções em cada cena, conforme explica a coreógrafa Ana Bottosso.

A obra é uma reflexão artística sobre a década de 1920, como a Semana de Arte Moderna, Antropo100 – De Cascudo a Eros faz referência a Câmara Cascudo e Eros Volúsia. Cascudo documentou a miscigenação de etnias nas expressões corporais brasileiras, destacando a influência das danças africanas, indígenas e europeias. Volúsia ressignificou gestos tradicionais, integrando folclore e dança moderna, contribuindo para a identidade cultural brasileira.

Cena de SCinestesia  Foto ©SilviaMachado – Cia de Danças de Diadema

O espetáculo SCinestesia, direção de Ana Bottosso – que também assina junto com Matteo Bonfitto a dramaturgia – transita pelo universo do surrealismo, associado às possibilidades de integração entre dança contemporânea, teatro, música e artes visuais. A animação surrealista “Tango” (1980) do polonês Zbigniew Rybczynski, foi a principal inspiração para a criação do espetáculo. Na “pequena” obra, de apenas oito minutos, 36 personagens de diferentes fases da vida – representações de diferentes épocas – interagem em uma pequena sala, movendo-se em loops, em uma infinidade de ações, observados por uma câmera estática. Em “Tango”, Rybczynski explora esse conceito de espaço único fora da tela, preenchendo-o com uma infinidade de ações. 

A coreografia foi contemplada pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) com o Prêmio Técnico de Captação e Edição de Vídeo. O espetáculo passou também pelas cidades de Diadema, Salto, São José do Rio Preto, Santo André, Araras, Ubatuba, Ilhabela, Presidente Prudente, Caraguatatuba e Mogi Mirim. Neste percurso até 2024, o espetáculo já se apresentou para cerca de 6.500 espectadores, entre online e presencial.

 Cena de Nas Águas do Imaginar – foto – Paulo Cesar Lima 

Nas Águas do Imaginar, dirigido por Ton Carbones, parte da vontade da companhia de criar um espetáculo de dança para o público infantil. Como transpor história, aventura, diversão, através desta linguagem por vezes tão abstrata? Assumindo esse desafio, os bailarinos da Companhia de Danças de Diadema embarcaram numa pesquisa que envolve brincadeiras, gestos, histórias, jogos teatrais, música e dança. Com esses elementos voltaram à infância e viajaram num mundo de imaginação, trazendo à tona suas experiências mais lúdicas. Assim como no espetáculo SCinestesia, Nas Águas do Imaginar tem trilha sonora de Luciano Sallun.

No prólogo, uma trupe de artistas se aproxima da plateia, conversando e cantando com as crianças. Através de brincadeiras e música, inicia-se a aventura. Em seu quarto após a leitura de seu livro, uma criança, ao sonhar, é surpreendida por seres fantásticos que surgem instigando sua imaginação. O quarto branco, com algumas roupas e objetos jogados no chão, se enche de cor e magia com a presença destes personagens. Na busca pela diversão, a criança vestida de coragem e criatividade esbarra e conhece estes seres diversos que propõem uma viagem ao mundo do imaginar. Buscar o que está do lado de fora, desbravar seu universo interior? Qual caminho seguir? Com estas perguntas, convidamos a todos a viajar por esse universo repleto de surpresas e fantasias. Basta pegar sua passagem que custa apenas sua imaginação.