Bruma

BRUMA é uma performance de dança, com duração de 40 minutos, que acontece numa caixa de sombras e investiga temas de políticas de aparecimento, precarização e expressividades de gênero. Nesta peça, nos interrogamos sobre a categoria “mulher” e os discursos que presumem uma corporeidade “feminina”. Para essa criação, decidimos rever e incorporar alguns gestos performativos de artistas mulheres que romperam com uma lógica de representação dominante.

Valeska Gert, Josephine Baker, Derci Gonçalves e Loie Fuller: revisitamos essas mulheres, entramos em grutas para transmutar e aparecer. O que queremos é aparecer, mas como? Sou mesmo uma mulher? E o que significa isso? Na lenda folclórica da Maty-Taperé (ou Matinta-Perera, sua versão aportuguesada), identificamos essa figura que ao mesmo tempo que assusta, atrai, uma figura misteriosa que permeia muitas comunidades no Brasil e, na verdade, ninguém sabe identificar exatamente o que é. Bruma inspirou-se em colocar em cena um dispositivo que valoriza o mistério e a ilusão, evocando uma corporeidade que não se fixa e move entre formas e “aparições”.

Dançar as sombras, as grutas, o desaparecer, o transmutar, um corpo-multidão, ativam um pensamento artesanal do fazer-cena, da “mise en scène”. Onde não há teatro, inventa-se um, “eu” sou o teatro, “eu” sou meu duplo. Assim nos multiplicamos, assim nos transbordamos. Sombra e luz caminham juntos e há uma paisagem opaca que irrompe para nos fazer ver, além do que imaginamos ver.

Bruma foi desenvolvido dentro do Projeto Mutante, um processo de reflexão, experimentação e criação que iniciou em fevereiro de 2020 enquanto artistas residentes no Centro de Referência Dança da Cidade de São Paulo (CRDSP) e finalizou, com a estreia de “Bruma” e o vídeo-dança “Turva” em julho de 2021, através do canal das Oficinas Culturais –Oswald de Andrade (SP). Em seguida, Bruma participou, também de forma remota, da 5a Mostra Mulheres em Dança, da Cia Fragmento de Dança, em agosto de 2021 (SP). O Projeto Mutante foi contemplado na 1a Edição do Prêmio Aldir Blanc de Apoio à Cultura da cidade de São Paulo, módulo Maria Alice Vergueiro.

Ficha Técnica

Concepção e Direção Geral- Luisa Coser Performance e Co-criação- Patrícia Pina Cruz Desenho de Luz e Cenografia– Hernandes de Oliveira Trilha sonora- Pedro Pagnuzzi Tema e Vocais – Vanessa Farias Figurino- Luisa Coser e Patrícia Pina Cruz Fotografia- Pri Magalhães e Hernandes de Oliveira Assistência de Produção e Cenotecnia- Livia Império Operação de Luz- Rossana Boccia Direção de Produção – Cristiane Klein (Dionísio Produção)