Bate-bolas: turmas Kuka e Inovação de Realengo

Ação performática que celebra uma das manifestações mais emblemáticas do carnaval carioca. Originários dos subúrbios do Rio de Janeiro, esses blocos refletem a cultura popular como forma de identidade coletiva e reivindicação do espaço urbano. A proposta desta ação imersiva é possibilitar ao público experienciar a dinâmica das saídas de turmas de bate-bolas no carnaval carioca. Após a ação, haverá um bate-papo com os coletivos participantes.

Sobre os bate-bolas
Os bate-bolas, enquanto manifestação cultural do carnaval carioca, transcendem a festa e se inscrevem como atos de resistência simbólica, estética e territorial. A prática, proveniente das Zonas Norte e Oeste do Rio de Janeiro, articula a cultura popular como forma de identidade coletiva e reivindicação de espaço, com suas fantasias exuberantes, coreografias marcantes e uma performance que, muitas vezes, é incompreendida, por expor tensões sociais e culturais que permeiam um Brasil mais profundo – território denso e multifacetado que conecta o popular, o marginal, e desconstrói o erudito.

No contexto carioca, os bate-bolas se tornam uma das expressões mais vívidas dessa tensão, reafirmando a vitalidade criativa e simbólica das comunidades que os produzem. O carnaval, ao ser compreendido enquanto espaço de inversão e questionamento de hierarquias sociais, se destaca na organização simbólica da sociedade brasileira. Nessa perspectiva, os bate-bolas se apresentam como agentes de disputa simbólica, conectando práticas culturais marginalizadas a uma rede ampla de significados e desafios urbanos.

No centro da produção dos bate-bolas estão jovens negros e periféricos, agentes culturais que, apesar de invisibilizados por narrativas dominantes, são responsáveis pela continuidade e renovação dessa tradição, moldando a estética e o significado do bate-bola, além de transformar suas experiências de exclusão em potência criativa. Outro elemento essencial é o funk, que funciona como trilha sonora e ritmo que impulsiona as saídas e apresentações. A relação simbiótica entre som e performance visual dos bate-bolas amplifica sua mensagem de resistência, e cria uma experiência estética que transcende a festa e se transforma em ato político.

Sobre as turmas
A Kuka de Realengo (@kuka_de_realengo), fundada em 1988, possui hoje mais de 60 membros. Há mais de 30 anos na ativa, já deixou um marco nos carnavais da Zona Oeste carioca, como o de 1994 (com 2 saias e 4 mangas), 1996 (“te pega daqui, te pega de lá”), 1999 (a famosa Kuka japonesa), entre outros.A Inovação de Realengo (@inovacao_realengo), fundada em 2014, possui hoje mais de 38 membros. Em 2023, foi contemplada no edital Folia RJ 2, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.

Sobre o Coolhunter Favela
Coolhunter Favela é um escritório de pesquisas etnográficas da Zona Oeste do Rio de Janeiro, criado por Rafaela Pinah em 2016. Mais do que um espaço de pesquisa ou consultoria, o Coolhunter Favela é transformação, que se acende todos os dias na Casa Tok, localizada no Complexo do Jardim Novo, em Realengo.Em funcionamento desde 2022, como sede do escritório, a Casa Tok é parte de um ecossistema vivo, pulsante, que conecta diversas iniciativas: a Galeria Tok, a Barbearia Brasileira, as Quartas de Cria, o Bazar OcupaTok e o Criah. Tudo isso nasce e se nutre das pesquisas do Coolhunter Favela, escritório que reconstrói visualidades e inventa novas narrativas para a identidade nacional. Um lugar que se torna território simbólico, onde pessoas se encontram e ideias se transformam, onde moda, imagem, gênero e sociedade se discutem com a urgência e a potência que só a favela tem.