A Borboleta e o Cubo de Vidro
O gatilho para criação desse espetáculo solo de dança flamenca contemporânea, com criação, direção e interpretação da bailarina Ale Kalaf, se deu a partir do contato da artista com uma pesquisa da antropóloga Miriam Goldemberg, na qual ela pergunta a 5 mil homens e mulheres o que eles mais invejavam no gênero oposto. E as respostas, serviram como uma faísca em terreno seco. A antropóloga comenta em entrevista um dos resultados da pesquisa: “as mulheres mais jovens dizem, categoricamente, que invejam a liberdade masculina: com o corpo, sexual, de rir e brincar de qualquer bobagem. E enxergam ela como algo difícil de conquistar. Os homens dizem que não invejam nada. Pouquíssimos dizem que invejam a maternidade. Isso mostra também as diferentes posições de homens e mulheres na nossa cultura. Os homens dizem que não invejam nada nas mulheres; pouquíssimos, a maternidade”.
Para encarnar esse problema, deixar emergir a dramaturgia no corpo e trazer à superfície novas tessituras cênicas, se fez inevitável que a intérprete criadora entrasse em contato com a sua própria biografia, e a partir dos elementos que surgiram deste processo se apropriou de suas escolhas como ferramentas de criação. Escolheu ser livre até mesmo da própria linguagem, trazendo para a cena partituras de improviso e coreografias que distorcem, desassociam, violam a fidelidade à tradição da dança flamenca buscando lealdade apenas à sua expressão.
O espetáculo, como um processo de pesquisa, parte então como um contraponto para as inúmeras tentativas de reduzir uma jovem a nada. É a comemoração de uma sobrevivência e não de uma derrota. Dançar uma história, não por achá-la excepcional, mas sim, porque ela é absolutamente comum e onipresente. Usar o palco como uma plataforma para mergulhar dentro, afrouxando a corda tensa da vigilância que não permite acessar a realidade das memórias.
SOBRE ALE KALAF
Bailarina com formação em Flamenco, Ballet clássico e Dança Contemporânea no Brasil e na Espanha. Há 15 anos dirige o Estúdio Flamenco Ale Kalaf, criando espetáculos icônicos com seus alunos, como Frida Khalo y sus mundos, Terciopelo, Rosa de Jericó entre outros. O diálogo com outros artistas e outras musicalidades permeiam seu trabalho como criadora e coreógrafa. Ao longo de mais de 20 anos de carreira, concebeu, dirigiu, dançou trabalhos profissionais em parceria com outros artistas como Luceros dança Toninho Ferraguti, Con alma, Puro en la mescla, Afeto cap.1 Lorca. Kalaf também assina a direção cênica do espetáculo Frágil dos artistas Miri Galeano e Jony Gonçalves, produz e dança o espetáculo As filhas de Bernarda com direção e concepção de Clarisse Abujamra, e Concreto considerado pela revista Bravo um dos 30 melhores espetáculos de dança de 2018. Contemplada pelos editais: O Boticário na Dança, ProAC, ProAC Expresso LAB2020, Sesi Viagem Teatral, Edital Extra Sesi de cultura e três edições do Programa de Fomento à Dança.
Informações do evento
Datas e Horários:
13 de outubro de 2023
até 15 de outubro de 2023
19:00 às 20:00 -
Domingo
20:00 às 21:00 -
Sexta-Feira
20:00 às 21:00 -
Sábado
Entrada Gratuita
Classificações: 16 anos
Acessibilidade: Com Acessibilidade
Formato do Evento: Presencial
Local: Centro Cultural Vila Formosa
Endereço: Avenida Renata, 163 - São Paulo / SP - 03377-000
Localização: