APRESENTAÇÃO

A exposição virtual “Ruth Rachou: Dança Afetos Resistência” é dedicada a compartilhar a história e o legado de Ruth Rachou, que influenciou e formou gerações de bailarinos, coreógrafos, atores e professores.

Uma bibliografia sobre a dança no Brasil estaria incompleta sem uma referência explícita à vida e obra de Ruth Rachou. O material disponível sobre o tema é particularmente extenso, se acessarmos esse novo manancial de pesquisas informatizadas que se tornou a internet, ou mesmo na consulta e leitura de muitas das obras editadas e (várias delas) raramente encontradas nas livrarias.

Ruth Rachou, bailarina e coreógrafa, é fruto de uma formação por vezes orientada, por vezes autodidata, feita da falta de estímulos oficiais, mas movida pela procura de conhecimentos e aperfeiçoamentos realizados no exterior e por inúmeras leituras de obras na sua maioria importadas. Falar de Ruth Rachou é falar de, pelo menos, oitenta anos de dança no Brasil.

Ruth Rachou nasceu em 17 de agosto de 1927, na cidade de São Paulo. Começou a estudar balé aos quatro anos, juntamente com sua irmã Ilse, na escola da professora russa Marinova. Em 1935, estuda com Kitty Bodenheim. Em 1938, vai para a Alemanha, na companhia de sua mãe e sua irmã, onde passam seis meses, na cidade de Magdeburg.

Na década de 1940, continua seus estudos de balé com Liesel Klostermann, a partir de 1942, e, mais tarde, com Maria Olenewa, até 1954, ano do IV Centenário da cidade de São Paulo.

Em 1947, casa-se com Gastão Rachou Filho, com quem tem dois filhos: Gastão e Raul. Em janeiro de 1953, estimulada pelo marido, entra para o Ballet IV Centenário, iniciando sua vida profissional.

A partir do ano de 1956, integra-se ao Ballet do Museu de Arte de São Paulo, dirigido por Lívio Rangan, e trabalha com Abelardo Figueiredo em programas na TV Tupi.

Contratada pela TV Record em 1960, trabalha com a coreógrafa norte-americana Sonia Shaw, experiência que a leva a se tornar também coreógrafa da emissora, trabalho pelo qual recebe o troféu Roquete Pinto, em 1963.

Entre 1964 e 1969, dança como solista em vários espetáculos do Ballet Renée Gumiel. Em 1967, viaja para Nova York, pela primeira vez, e começa seus estudos da técnica de Martha Graham; participa do American Dance Festival, em Connecticut (EUA), pela primeira vez, onde estuda com Jose Limón, e frequenta mais um curso de técnica Graham, entre outros; de volta a São Paulo dá aulas de dança moderna no Ballet Renée Gumiel, e interpreta Mme. Clecy, em Vestido de Noiva, com direção de Ademar Guerra, e adaptação coreográfica de Marilena Ansaldi. Em 1969, participa, pela segunda vez, do American Dance Festival, bem como do Festival Latino-Americano de Dança, da Universidade de Georgetown, em Washington (EUA).

Na década de 1970, faz um show brasileiro no Banco de Desenvolvimento, em Washington, a pedido da embaixada do Brasil (1970); volta a ensinar e coreografar no Ballet Renée Gumiel (1971); abre sua escola em sociedade com Claudia Chati (1972); participa do American Dance Festival pela terceira vez (1972); entre 1973 e 1979, trabalha intensamente como coreógrafa e bailarina em doze espetáculos, que marcaram a dança em São Paulo e no Brasil. Além disso foi responsável pela coreografia de cinco espetáculos teatrais, sendo que um deles, O Evangelho Segundo Zebedeu, representou o Brasil no Festival Internacional de Nancy, na França.

Na década de 1980, foi eleita presidente da comissão de dança da Secretaria de Estado da Cultura (1980); estreia Tratar com Murdock, com direção de José Possi Neto (1981); torna-se assistente de Klauss Vianna na direção do Ballet da Cidade, em São Paulo (1983); produz e dirige os projetos: Inventores da Dança, para a revelação de novos coreógrafos, e Corpo Inteiro, um curso de dança para o ensino médio (1985/1988); participa do espetáculo Nijinsky, com direção de Naum Alves de Souza e coreografia de Célia Gouvêa (1987); e torna-se professora de dança moderna da Escola de Bailado da Prefeitura de São Paulo (1989/2008).

Na década de 1990, já com mais de sessenta anos, quarenta deles dedicados ao ensino da dança no Brasil, Ruth ainda realiza projetos como A Técnica Conta a Dança, em parceria com o Centro de Encontro das Artes (CENA); cria o Grupo de Danças Ruth Rachou; e introduz na sua escola os ensinamentos do método Pilates. A partir dessa época, Ruth recebe uma série de homenagens e é convidada a dançar coreografias de profissionais como: Gabi Imparato, Helena Bastos, Juliana Rinaldi, Luis Arrieta e Ivonice Satie.

Embora seu aniversário de 80 anos tenha sido em agosto de 2007. Somente em abril de 2008, é que foi realizado o projeto Ruth Rachou 80 Anos.

Em 2012, a escola passa a se chamar “Estúdio Ruth Rachou” e muda-se para a Rua Augusta, n° 2467 – cj 11, aí permanecendo até o final de 2015.



Linha do
Tempo

1965
Além do Muro
Balé Contemporâneo Brasileiro | Direção e coreografia: Renée Gumiel | Elenco: Marika Gidali, Marilena Silva, Victor Aukstin, Peter Hayden, Ruth Rachou, Patty Brown, Christiana Trussardi da Costa, Marilia Oswald de Andrade, Eliete Vilela, Julia Reich e Silvia Antunes | Música: Honegger, Pierre Henri, Boucourechlev, Vila-Lobos, Scarlatti, Beta Bartok, Vandele e Geraldo Vandré.
1967
Vestido de Noiva
Texto: Nelson Rodrigues | Direção: Ademar Guerra | Adaptação coreográfica: Marilena Ansaldi | Interpretação: Ruth Rachou
1971
O evangelho segundo Zebedeu
Autoria: César Vieira | Direção: Silnei Siqueira|Direção musical: Murilo Alvarenga|Coreografia: Ruth Rachou | Elenco: Antonio Fagundes, Hedy Siqueira, Luiz Serra, Sônia Guedes e Tácito Rocha|Produção: Teatro Popular União e Olho Vivo.
1972
Dança no Espaço
Direção: Francisco Medeiros | Coreografia: Ruth Rachou
1972
Hans Standen no País da Antropofagia
Autoria: Francisco Pereira da Silva|Direção: Osmar Rodrigues Cruz|Cenografia: Tulio CostaI Figurino: Ninette van Vüchelen|Trilha sonora: Samuel Moraes Kerr|Coreografia: Ruth Rachou|Elenco: Célia Olga, Célia Soares Paixão, Chico de Assis, Darcy Cazarré, Elvira Gentil, Fernando Benincasa, Gilka Tanganelli, Irina Grecco, Jacques Lagôa, Laerte Morrone, Lígia de Paulo, Potiguar Lopes, Raymundo Duprat, Sérgio Loureiro e Verônica Teijido|Produção: Laerte Morrone.
1972
Sonho de uma noite de verão
Autoria: William Shakespeare | Direção: Kiko Jaez | Coreografia: Ruth Rachou
1973
Scapus
Direção: Ruth Rachou e Francisco Medeiros | Elenco: Adriana Mattoso, Alberto Margarido Pinto, Bernadette Figueiredo, Carlos Foz, Francisco Medeiros, Hiara Nunes, Idê Lacreta, Ivaldo Bertazzo, Marina Couto, Ricardo Petraglia, Ruth Rachou, Selma Caronezzi, Silvia Bittencourt, Sofia Sarue e Thales Pan Chacon | Música: Trança Trio - Bebeto, Renato e Roberto | Cenografia: Lore Hacker | Iluminação: equipe de Giancarlo | Fotografia: Marjori Baum.
1973
O Carrasco do Sol
Autoria: Peter Shaffer|Tradução: Madalena Nicol|Direção: Madalena Nicol|Direção (assistente): Antônio Mercado|Cenografia: José Armando Ferrara|Cenotécnica: Archimedes Ribeiro e Atílio Del Fiori|Adereço: Carlos Duarte|Figurino: Edio Guerra|Iluminação: Antônio Mercado|Operação de luz: José da Silva|Sonoplastia: Abel Kopanski|Música: Murilo Alvarenga|Coreografia: Ruth Rachou|Elenco: Antônio Pompêo, Carlos Di Simoni, Celso Luiz, Cleber Ramos, Danilo Avelleda, Engel Savietto, Fábio Rocha, Hilton Have, Izaías Almada, Jair Assumpção, João Ubida, José Carlos Motta, Lorival Parisi, Luiz Fernando Rezende, Malu Rocha, Marcos Caruso, Marcus Vinícius, Ricardo Blat, Rinaldo Genes, Rui Frati, Tadeu Rocha, Walter Marins, Wilson Carvalho e Zanoni Ferrite |Produção: Teatro Estável de São Paulo|Produção executiva: Umberto Magnani.
1974
Caminhada
Teatro de Dança São Paulo | Coreografia: Célia Gouvêa|Direção: Maurice Vaneau e Célia Gouvêa|Músicos: Nikolas Stolterfoht |Elenco: Célia Gouvêa, Debby Growald, Rui Frati, Thales Pan Chacon, Ruth Rachou, Mara Borba, Eva Reska, Maurice Vaneau, Julio Villan, Márcia Bittencourt, Heloisa Guimarães, Daniela Stati, Sofia Sarue.
1975
O Estranho
Autor: Edgard da Rocha Miranda|Direção: Silnei Siqueira|Coreografia: Ruth Rachou | Elenco: Paulo César Pereio, Raul Cortez, Yuri Caster, Carlos Guimas.
1976
Vivências: Isadora e junções sucessivas contrárias
Direção: Ruth rachou e Rui Frati
1978
Edipus Corpus Cristo
Direção e coreografia: Mara Borba | Elenco: Ruth Rachou e Raul Rachou
1978
Argamassa
Direção artística: Renée Gumiel|Elenco: Penha de Souza, Juliana Reichl, Ruth Rachou, Peter Hayden, Marilena Ansaldi|Coreógrafos: Renée Gumiel, Penha de Souza, Ruth Rachou, Juliana Reichl e Peter Hayden|Figurinos e Cenários: Campello Netto|Iluminação: Carlos Américo de Campos|Som: Oscar
1978
Dédalo e Redemunho
Coreografia: Ivaldo Bertazzo | Elenco: Alberto M. Pinto, Denilto Gomes, Ivaldo Bertazzo, Paula Martins, Ruth Rachou e Selma Egrei.
1978
Coreomania
Direção Visual: Fernando Lion | Coreografia: Ruth Rachou | Música: Hector Costita| Elenco: Claudia Franco, Marcia Pacheco, Ethel Scharff, Michele Malelon, Marla Lucia Melino, Rejani Carvalho, Penha Pietra´s e Vivian Buckup.
1978
Isadora, ventos e vagas
Teatro de Dança São Paulo | Coreografia: Célia Gouvêa| Direção: Maurice Vaneau| Fotografia: Daniel Augusto Junior| Elenco: Ana Michaela, Calú Ramos, Célia Gouvêa, Cristiana Graciano, Daniela Graciano, Julia Ziviani, Juliana Carneiro da Cunha, Mara Borba, Mariana Graciano, Marília de Andrade, Ruth Rachou, Vivien Buckup e Zina Filler | Violino: João Antonio Nogueira | Figurinos: Ninette Van Vuchelen | Sonoplastia: Flávia Calabi | Assistente de produção: Henri Michel | Assistente de coreografia: Zina Filler | Contrarregra: Ricardo Kignel
1979
Sonho de Valsa
Autor: Roberto Magalhães | Concepção, direção e figurino: José Possi Neto | Assistente de direção: Inês Sadek | Elenco: Ruth Rachou e Thales Pan Chacon | Trilha sonora: Flávia Calabi | Cenografia: Felipe Crescenti | Criação adereços: Raimundo Mattos | Iluminação: Schown
1981
Tratar com Murdock
Concepção e Direção: José Possi Neto| Coreografia: Victor Navarro | Elenco: Ruth Rachou, Ivaldo Bertazzo, Selma Egrei, Mazé Crescenti, Denilto Gomes, Cristina Brandini, Michele Matalon, Tania Bondezan e Tology| Cenografia: Felippe Crescenti| Assistente de coreografia: Mazé Crescenti|Sonorização: Flávia Calabi|Cenotécnicos: Walter Emílio e Jorge Silva|Produção executiva: Muriele Matalon|Programação visual: Vania Gomes de Oliveira.
1987
Nijinsky
Coreografia: Célia Gouvêa|Libretto: Monica Guimarães|Direção: Naum Alves de Souza|Direção Técnica: Airton Franco|Assistente de produção: Cleide Queiroz|Cenografia: Miro Naum Alves de Souza|Assistente de cenografia: Zina F. Calmanovici Roberto Arduin|Pintura do cenário: Flávia Ribeiro| Cenotécnico/Montagem/Execução de cenários: Paulo Calux|Figurino: Naum Alves de Souza|Assistente de figurinos: Leda Senise|Execução de figurinos: Roberto Arduin|Costureiro(a): Alice Corrêa|Máscaras: Marco Antonio Lima|Penteados: Sylvinha Tinoco|Perucas: Fabio Namatame|Iluminação: Abel Kopanski|Operador de luz: Celso Luiz Rocche|Música: Helio Ziskind Paulo Tatit|Som: Raquel Lira|Video: Fábio Namatame|Coordenação geral: Neneco|Projeto gráfico: Guto Lacaz|Divulgação: Miro Arnaldo Pappalardo Willy Biondani|Camareira: Ivana Rodrigues|Elenco: J. C. Violla, Celso Frateschi, Mariana Muniz, Ruth Rachou, Emilia Markus, Roberto Arduin, Beatriz Cardoso, Guga Stroeter e Roberto Ippolito.
1987
A Fila (Um estudo para 20 pedestres)
Coreografia: Ruth Rachou | Direção : Chiquinho Medeiros | Figurino: Mauricio Freire | Projeto de iluminação: Shaun | Música: Composição original de Edu Helou | Programação de computador e gravação: Michel Hollander | Colaboração: Livre Ensaio Atividades | Elenco: Aura Rejane, Chris Loureiro, Clélia Ferraz, Eliete Donatelli, Ivani Santana, Joeli Rêta, Julia Reichl, Kitty do Rio, Ligia Machado Alvin, Lilian Graça, Mauricio Freire, Nina, Regina Ferreira, Sergio Mendes, Silvana Montagner, Silvia Pellegrino, Thelma Gui, Vera Sala, Vivian Barabani e Zaira Domingues
1992
Concerto nº 24
Coreografia: Ruth Rachou | Elenco: Helena Bastos, Vera Sala, Elfrida Takats, Claudia Rodrigues, Juliana Rinaldi, Marcia dos Reis, Rita Maia Lello, Silvana Montagner, Suzana Andersen e Raul Rachou | Música: Concerto nº 24 KV 49 - Allegro e Andante de W. A. Mozart | Figurino: Maurício Gaspar | Estilista: Nice Brasiliano | Som e iluminação: Randolfo Neto | Cenário e direção de cena: Ari Buccione | Produção: Raul Rachou
1992
Runaway Horses
Coreografia: Ruth Rachou | Elenco: Helena Bastos, Vera Sala, Elfrida Takats, Claudia Rodrigues, Juliana Rinaldi, Marcia dos Reis, Rita Maia Lello, Silvana Montagner, Suzana Andersen e Raul Rachou | Música: Runaway Horses de Philip Glass | Figurino: Maurício Gaspar | Estilista: Nice Brasiliano | Som e iluminação: Randolfo Neto | Cenário e direção de cena: Ari Buccione | Produção: Raul Rachou
1993
Canção
Grupo de Dança Ruth Rachou | Direção e Coreografia: Ruth Rachou | Assistente de Coreografia: Edson Claro | Elenco: Helena Bastos, Vera Sala, Elfrida Takats, Claudia Rodrigues, Juliana Rinaldi, Marcia dos Reis, Rita Maia Lello, Silvana Montagner, Suzana Andersen e Raul Rachou | Música: Egberto Gismonti | Figurino: Maurício Gaspar | Estilista: Nice Brasiliano | Som e iluminação: Randolfo Neto | Cenário e direção de cena: Ari Buccione| Produção: Raul Rachou.
1994
Concerto: uma homenagem a Martha Graham
Direção e Coreografia: Ruth Rachou | Interpretação: Beto Silveira | Assistente de coreografia: Helena Bastos e Vera Sala | Figurino: Maurício Gaspar | Música: W. A. Mozart | Elenco: Elena Cerântola, Juliana Rinaldi, Mácia Ewbank, Samantha Caracante, Silvana Montagnen, Suzana Falango e Raul Rachou.
2000
Milongas dos Anjos
Coreografia: Ruth Rachou | Música: Piazzola | Figurino: Lara Pinheiro | Elenco: Bárbara Santos, Glauce Freitas, Hígia Zuanon, Lara Pinheiro, Marcia Ewbank, Silvana Montagner, Suzana Andersen, Suzana Falango e Raul Rachou | Participação especial: Helena Bastos | Ensaiadora: Vera Sala | Costureiras: Nice Brasiliano e Francisca | Produção: Raul Rachou e Mônica Rinaldi | Assessoria de produção: Ari Buccione.
2000
Um Jogo
Coreografia: Ruth Rachou | Direção de interpretação: Beto Silveira | Música: Grieg, Michael Nyman e Egberto Gismonti | Figurino: Lara Pinheiro | Elenco: Bárbara Santos, Glauce Freitas, Hígia Zuanon, Lara Pinheiro, Marcia Ewbank, Silvana Montagner, Suzana Andersen, Suzana Falango e Raul Rachou | Participação especial: Helena Bastos | Ensaiadora: Vera Sala | Costureiras: Nice Brasiliano e Francisca | Produção: Raul Rachou e Mônica Rinaldi | Assessoria de produção: Ari Buccione.
2000
Dançarinar
Concepção e Direção: Helena Bastos|Intérprete-criadora: Ruth Rachou|Música Original: Rogério Costa | Trilha Sonora: Villa-Lobos|Projeto de luz: Ari Buccione.
2000
Intermezzo
Direção Geral e Coreografia: Ruth Rachou ! Direção de Ensaios: Vera Sala | Intérpretes: Andreia Yonashiro, Carla Tennenbaum, Juliana Rinaldi, Silvana Lagnado, Suzana Andersen, Rachel Cristina e Raul Rachou | Projeto de luz: Ari Buccione | Música: Piano Concerto nº 21 in C "Elvira Madigan" de W. A. Mozart.
2001
Há Temporal
Criação e Direção geral: Gaby Imparato | Interpretação: Gaby Imparato e Ruth Rachou | Figurino: Joana Imparato
2002
Depois de Ontem
Direção e Coreografia: Juliana Rinaldi | Interpretação: Ruth Rachou.
2003- 2004
A Promessa
Coreografia, Cenografia e Figurino: Luis Arrieta | Música: S. Piana e H. Manzi (Milonga Triste)|Iluminação: Joyce Drummond e Luis Arrieta|Espetáculo criado especialmente para Ruth Rachou.
2008
Vir a ser
Coordenação geral: Bernadette Figueiredo | Criadores: Célia Gouvêa, Francisco Medeiros, José Possi Neto e Mara Borba | Intérpretes: Andreia Yonashiro, Armando Aurich, Daniela Stasi, Juliana Rinaldi, Mariana Muniz e Ruth Rachou | Iluminação: Wagner Freire | Sonoplastia: Aline Meyer | Operador de som: Janari Gentil | Figurino: Fabio Namatame | Cenário: Luis Rossi | Produção Executiva: Beto Faria e José Renato F. Almeida.

Influência dos
Grandes Mestres

Ruth Rachou no decorrer de sua trajetória artística teve contato com grandes mestres da dança e movimento, que a influenciaram profundamente em seu modo de produzir e ensinar. São eles:

Martha Graham (1894 – 1991)

“Eu não quero ser uma árvore, uma flor, uma onda ou nuvem. No corpo de um bailarino, devemos, como espectadores, tomar consciência de nós mesmos. Não devemos procurar uma imitação das ações quotidianas, dos fenômenos da natureza ou de criaturas exóticas de outro planeta, mas sim alguma coisa deste milagre que é o ser humano motivado, disciplinado e concentrado” (Martha Graham).

Martha Graham costumava dizer em muitas das suas variadas entrevistas que ela simplesmente havia redescoberto o que o corpo é capaz de fazer. Tinha uma forma revolucionária de fazer dança, tendo sido comparada a outros artistas revolucionários de sua época.

A contribuição de Graham como bailarina, coreógrafa e professora é incontestável e já faz parte da história da dança contemporânea. Criou um padrão e uma nova gramática para a dança. Rigorosa e disciplinada não fazia de seu trabalho uma fogueira de vaidade. Ao contrário, mantinha-se fora do foco das atenções, mas perfeitamente consciente de que seu trabalho contribuía para o aperfeiçoamento do corpo, dos movimentos, entendidos como uma interação entre seres humanos de carne e osso. A dança moderna começou como uma clara e decisiva alternativa ao balé clássico.

“Enquanto o balé buscava libertar o bailarino da força da gravidade na sua expressão, a dança moderna puxava o bailarino de volta para o chão, para expressar o tumulto psicológico e os problemas da época – um tempo de mudança e de vitalidade artística. O treinamento de balé era baseado em um rigoroso e constante conjunto (‘syllabus’) de movimentos. A dança moderna rejeitou tudo isso, afirmando que o movimento deveria surgir naturalmente do próprio bailarino” (Marian Horosco – Martha Graham-The Evolution of Her Dance Theory and Training, 1991.)

José Limón (1908 – 1972)

José Limón foi uma figura crucial no desenvolvimento da dança moderna: sua dança vigorosa mudou a imagem do bailarino (do sexo masculino) e sua coreografia continua a mostrar uma visão dramática da dança ao público de todo o mundo.

Nascido no México, muda-se para Los Angeles onde começa a explorar sua própria expressão. Em 1928, aos 20 anos, vai estudar pintura e música em Nova York. Um dia, uma amiga o convida para assistir a um espetáculo do bailarino Harald Kreutzberg (1929). Limón fica maravilhado:

“O que eu vi simples e irrevogavelmente mudou minha vida. Eu soube com uma chocante rapidez, que até então eu não estava vivo, ou melhor, eu ainda não havia nascido... a partir de agora, eu não queria viver nesta terra, se eu não aprendesse a fazer o que esse homem estava fazendo.

Eu senti a dança como uma visão de inefável poder. Um homem podia, com dignidade e um porte majestoso, dançar... dançar como as visões de Michelangelo dançam, e como a música de Bach dança. Kreutzberg me deu a luz para ver a estrada.” (José Limón)

Em pânico, Limón começou a estudar toda a dança que pode. Ele teve a sorte de entrar para a escola de Doris Humphrey (1895-1958) e Charles Weidman (1901-1875), no exato momento em que estes haviam embarcado em uma ‘viagem’ de descobrimento de uma linguagem própria, buscando no seu íntimo, suas origens, suas percepções, sua experiência de vida.

“Fui instruído, estimulado, treinado, criticado, encorajado a procurar minha própria dança. Eu não devia imitar meus professores. Cedo, fui encorajado a compor danças. Eu fui avisado: ‘Você vai compor cem danças ruins antes de compor uma boa”. (José Limón)

Em 1946, fundou a José Limón Dance Company nesse período, desenvolveu seu repertório, juntamente com Doris Humphrey, e juntos estabeleceram os princípios do estilo que viria a se tornar a técnica de José Limón, cuja característica mais marcante é explorar as possibilidades do corpo humano em relação à força da gravidade, ou seja, o princípio da ‘queda e recuperação’ (fall and recovery), assimilado e incorporado durante todos os anos de trabalho e convivência com sua mestra e mentora. A obra prima de José Limón: “The Moor’s Pavane” (1949), até hoje uma das obras de dança moderna mais apresentadas em todo o mundo.

Luigi (1925-2015)

O bailarino Eugene Louis Facciuto, filho de imigrantes italianos, nasceu em Steubenville, Ohio – USA. Desde pequeno revelou-se um talentoso cantor e dançarino, vencendo vários shows de talentos (“talent shows”). Na sua adolescência foi considerado a versão masculina de Shirley Temple de sua cidade. Depois de servir na Marinha na Segunda Guerra Mundial, vai para Hollywood, onde sofre um acidente de automóvel, tem uma fratura na base do crânio e uma paralisia em todo um lado do corpo. Conta Luigi que durante um estado de coma profundo, uma voz interna dizia: “Nunca pare de se mover, menino, se você parar, você está morto”. Ao retomar a consciência, os médicos disseram que ele não voltaria a andar, porém sua determinação dizia: “Eu vou dançar”.

Luigi desenvolveu sua técnica, lutando contra as seqüelas de seu acidente. A rotina de exercícios criados para sua própria reabilitação tornou-se a primeira técnica completa para o aprendizado do jazz. Ele começou trabalhando na barra. Quando tentou dançar no centro, percebeu sua falta de equilíbrio e coordenação. Então pensou: “Se eu não posso dançar sem a barra, vou levá-la comigo!” Ele conseguiu manter-se reto e equilibrado, empurrando para baixo uma ‘barra imaginária’. Então, “empurrando para baixo para subir”, ou seja, empurrar para baixo com os braços o espaço à sua volta e levantar-se pelo topo da sua cabeça, é um paradigma subjacente à técnica de Luigi. Quando você faz um ‘relevé’, você não está simplesmente usando suas panturrilhas (músculos da barriga da perna), você está se levantando pela cabeça e empurrando para baixo o espaço, empurrando a ‘barra’.

Talvez o maior componente do paradigma de Luigi seja a “oposição”. Isso acontece quando você usa um lado do seu corpo para controlar a “extensão” do lado oposto. Harmonizar os movimentos de dança com as tendências naturais do corpo (ao andar, o pé esquerdo à frente coincide com o braço direito à frente) permitiu a Luigi superar suas dificuldades.

Joseph Pilates (1880–1967)

O método Pilates é um sistema de condicionamento físico que foi desenvolvido no começo do século XX por Joseph Pilates. Ele escreveu pelo menos dois livros sobre o método: Return to Life through Contrology (Volta à Vida através da Contrologia) e Your Health: A Corrective System of Exercising that Revolutionizes the Entire Field of Physical Education (Sua Saúde: Um Sistema Corretivo de Exercícios que Revoluciona todo o Campo da Educação Física).

Pilates chamou seu método de Contrologia, porque se refere à forma como o método estimula o uso da mente para controlar os músculos. O programa tem seu foco nos músculos posturais que ajudam a manter o corpo equilibrado e que são essenciais para prover o suporte da coluna vertebral.

Joseph Hubertus Pilates (1880–1967), alemão, descendente de gregos, nasceu em Düsseldorf. Foi uma criança muito doente, sofria de asma, raquitismo e febre reumática, o que o levou a dedicar toda sua vida a tornar-se fisicamente forte. Começou a fazer musculação e ginástica, e, aos 14 anos, era usado como modelo de propaganda de fitness.

Depois da Primeira Guerra mundial, Pilates imigrou para os Estados Unidos. No navio para a América ele conheceu sua futura mulher Clara. Em 1926, o casal fundou um estúdio em Nova York, onde, juntos, ensinaram e supervisionaram seus alunos até mais da metade da década de 1960.

Eles criaram um grupo de seguidores na comunidade de dança e das artes cênicas. Bailarinos famosos como George Balanchine e Martha Graham tornaram-se devotos e, regularmente, mandavam seus alunos para treinamento e reabilitação. Joseph Pilates faleceu aos 87 anos. Depois da sua morte, Clara continuou dirigindo o estúdio por mais 11 anos.

A técnica ou método Pilates se fundamenta numa teoria bem estruturada, não se constituindo apenas num conjunto de exercícios. O objetivo é criar uma fusão entre mente e corpo. Tornando os movimentos equilibrados e conscientes. Trata-se de um método desenvolvido durante mais de oitenta anos de uso e de observação. Seus princípios são: Respiração, Centralização, Concentração, Controle, Precisão, e Fluidez de Movimento.

Referências
Bibliográficas

Ficha
Técnica

Exposição Virtual
Idealização:
MUD – Museu da Dança, Ruth Rachou e Raul Rachou
Pesquisa e textos:
Bernadette Figueiredo e Izaías Almada
Organização, catalogação e digitalização de acervo:
Isadora Dieb e Tatiana Cotrim
Coordenação de Produção:
Ação Cênica Produções Artísticas
Assistente de produção:
Rafael Petri
Assessoria de Imprensa:
Elaine Calux
Webdesign e inteligência do site:
Dracco Publicidade
Agradecimentos:
À Fundação do Theatro Municipal/ Museu do Theatro Municipal/ Prefeitura do Município de São Paulo/ Secretaria Municipal de Cultura e também ao Centro Cultural São Paulo/ DADOC/ Arquivo Multimeios, pela disponibilização do acervo e atendimento às nossas solicitações.
À TV Cultura, na figura de José Maria Pereira Lopes, pela atenção, pesquisa e doação do acervo.
Ao Núcleo de Fomento à Dança, nas figuras de Ana Beatriz de Oliveira Souza, Marcus Moreno e Ronaldo Mota, pelo brilhante trabalho e acompanhamento do projeto.
Ao Theatro Municipal e Ballet Stagium por cederem espaço para gravações de algumas entrevistas.
Á EDASP – Escola de Dança de São Paulo, nas figuras de Daniela Stasi e Susana Yamauchi, pela confiança e dedicação à este projeto.
À Ana Teixeira, Bernadette Figueiredo, Gaby Imparato, Raul Rachou e Ruth Rachou pela doação do acervo e pela grande contribuição para construção desta exposição.
Ao Studio Suzana Andersen pelo apoio em todo processo de pesquisa e desenvolvimento do projeto.
*Projeto contemplado pela 21º Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança.

*Todas as imagens e conteúdo audiovisual deste site são de propriedade do MUD – Museu da Dança e não podem ser copiadas ou reproduzidas sem a autorização prévia.

*Todos os esforços foram feitos para identificação dos detentores de direito das imagens aqui reproduzidas. Agradecemos qualquer informação que venha a complementar e/ou corrigir os créditos fornecidos.

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